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Dona da Lacta está de olho no bolso do consumidor

Presidente da divisão de chocolates da Mondeléz diz que observou as mudanças de hábitos dos brasileiros após a crise para ganhar participação de mercado

Jacques Rosio: “Os brasileiros têm ficado mais tempo em casa”  (Germano Luders/Exame)

Jacques Rosio: “Os brasileiros têm ficado mais tempo em casa” (Germano Luders/Exame)

CM

Cristiane Mano

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 10h06.

Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 10h21.

O francês Jacques Rosio aprendeu o que é trabalhar em meio a uma crise nos últimos três anos, quando o mercado de chocolates encolheu 20% no país. Presidente de chocolates da multinacional americana Mondeléz para a América Latina desde janeiro de 2015, até agora ele tinha tido experiências em mercados mais estáveis na Europa. No período em que esteve no Brasil, inaugurou duas linhas de produtos e levou a marca Lacta pela primeira vez para o segmento de biscoitos. A participação de mercado da empresa no segmento de chocolates, referente ao período entre outubro de 2016 e setembro de 2017, foi de 36,5% —  1  ponto percentual acima do registrado nos 12 meses anteriores, o que a manteve na liderança.

Qual foi sua estratégia para lidar com a crise?

Somos pragmáticos — investimos porque identificamos que havia oportunidade de ocupar espaços para oferecer chocolate aos brasileiros em situações em que o consumidor ainda estava pouco atendido em nosso portfólio.

Quais são essas oportunidades?

Lançamos, por exemplo, um produto chamado 5Star, um chocolate com caramelo em barras de 20 gramas voltado para a compra por impulso, criado para ser acessível e atender à demanda em mercados emergentes como a Índia.

O senhor concentrou esforços em produtos mais baratos?

Não. Com a crise, os brasileiros também têm ficado mais em casa nos fins de semana e nos feriados. Por essa razão, lançamos mais produtos para ser consumidos com a família ou com -amigos nesse ambiente, como uma nova linha de biscoitos especiais trazidos neste ano da Europa com a marca Lacta. Cada pacote custa até 20 reais. Se o consumidor perceber valor, vai pagar mais por isso. Foi a primeira vez que levamos a marca Lacta para o segmento de biscoitos.

Há outros casos de cruzamento entre categorias?

Sim. No caso do Bis, chocolate com maior participação de mercado no Brasil, lançamos uma versão com a marca de biscoitos Oreo em 2016. O Bis Oreo é considerado hoje o lançamento mais bem-sucedido realizado pela empresa nos últimos 15 anos. Conseguimos ganhar 2 pontos percentuais neste ano com a marca Bis, um crescimento puxado em grande parte pelo lançamento do Bis Oreo, que já representa 14% das vendas da marca.

Como diminuir o risco de errar nesses lançamentos?

No caso do 5Star e dos biscoitos, trouxemos produtos similares ao que temos em outros países. A ideia é testar, verificar se há reações positivas. Com os resultados, decidimos produzir no Brasil. Investimos 100 milhões de dólares nos últimos três anos para renovar o maquinário das fábricas, como parte dos esforços para produzir linhas novas localmente.

Neste ano, a empresa também mudou o logotipo da marca Lacta, resgatando o estilo que tinha nos anos 20. Por quê?

Descobrimos que há uma memória afetiva relacionada à marca  centenária, criada em 1912 no Brasil [e comprada em 1996 pela empresa americana], e queríamos resgatar essa tradição.

Qual é sua projeção para a recuperação do mercado

de chocolates no Brasil nos próximos anos?

O brasileiro consome pouco mais de 2 quilos de chocolates per capita por ano. Na Suíça, o índice alcança até 10 quilos per capita a cada ano. Com a retomada da economia, acreditamos que existirá espaço para avançar mais. 

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