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Ensaio fotográfico: conselho de mulher

Elas ainda são menos de 10% dos membros dos conselhos das maiores empresas do Brasil. Em alguns países, a fatia feminina passa de 40%

Igualdade de gênero: em julho de 2019, pela primeira vez, todas as 500 maiores empresas com capital aberto na Bolsa de Valores de Nova York passaram a ter pelo menos uma mulher no conselho

Igualdade de gênero: em julho de 2019, pela primeira vez, todas as 500 maiores empresas com capital aberto na Bolsa de Valores de Nova York passaram a ter pelo menos uma mulher no conselho

DR

Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 05h40.

Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 17h27.

No Brasil, dá quase para contar nos dedos o número de mulheres que exercem cargos em conselhos de administração, a estrutura responsável pelo direcionamento estratégico de uma organização. As mulheres representam menos de 10% dos conselheiros das maiores empresas do país, segundo uma pesquisa recente da consultoria SpencerStuart. Em alguns países, esse quadro começou a ganhar novos contornos há mais tempo. Na Noruega, as executivas ocupam mais de 40% das posições disponíveis nos conselhos. Na Suécia, elas passam dos 30%.

Em quase todos os países, no entanto, elas ainda são minoria nesses comitês. Políticas voltadas para a promoção da diversidade nas empresas vêm conquistando bons resultados nos Estados Unidos, onde cerca de 30% das 500 maiores empresas contavam com a participação feminina nos conselhos em 2018, ante 21% em 2016. Em julho de 2019, pela primeira vez, todas as 500 maiores empresas com capital aberto na Bolsa de Valores de Nova York passaram a ter pelo menos uma mulher no conselho. “Aos poucos, vamos ganhando espaço”, diz Heloisa Bedicks, diretora-geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Este ensaio destaca cinco mulheres que conseguiram romper a barreira de gênero e ocupam cadeiras no conselho de administração de grandes empresas no país.

ANA KARINA DIAS

Presidente do conselho de administração do Banco BMG desde março, Ana Karina Dias, de 47 anos, é formada em química pela Universidade de Brasília, onde também fez seu mestrado. Com esse histórico, ela alia o rigor científico aos padrões exigidos pelas grandes corporações. Em 2003, foi chamada para atuar como consultora da McKinsey, e lá foi galgando postos até se tornar sócia. Sua carreira meteórica e o olhar afinado para planejamento estratégico e metas a levaram a ser convidada para integrar o conselho do BMG. “Discutimos desde as grandes mudanças mundiais e o ambiente macroeconômico até ideias disruptivas com o poder de afetar os negócios”, diz Ana.


BETANIA TANURE

A consultora mineira Betania Tanure, uma das maiores especialistas em comportamento organizacional do país, foi uma das pioneiras na participação feminina em conselhos de administração no Brasil. Há 15 anos foi convidada para ser conselheira da Medial Saúde. Depois vieram Duratex, Gol, Magazine Luiza e MRV. As reuniões versam, em geral, sobre a dinâmica da gestão de pessoas e sobre as evoluções tecnológicas que afetam o ambiente de negócios. Pelo menos uma vez por ano Betania visita a sede de empresas como Facebook, Google e Netflix. “Sou intensa em tudo o que faço”, diz. “Vejo que outras executivas têm uma postura semelhante, que contribui para a valorização de nossa participação nas instâncias decisórias das empresas.”


DEBORAH VIEITAS

Durante pelo menos 3 horas por dia, -Deborah Vieitas, de 61 anos, presidente da Amcham e conselheira do banco Santander, conversa com especialistas, analisa informações e lê livros e reportagens sobre temas tão variados quanto segurança de dados e gestão de talentos. “São questões estratégicas que podem influenciar o desempenho do banco”, diz Deborah, que se reúne duas vezes por mês com os demais membros do conselho do Santander. Formada em administração pela Fundação Getulio Vargas, Deborah foi vice-presidente do banco BNP Paribas e presidiu o Banco Caixa Geral. “Sem o auxílio da família, principalmente de meu marido e meus pais, dificilmente chegaria longe”, diz Deborah, que é casada e tem dois filhos.


ANDREA CLEMENTE

Aos 45 anos, Andrea Clemente é vice-presidente de recursos humanos para a América Latina da fabricante de eletroeletrônicos Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul. Desde o final do ano passado, ela também tem um assento no conselho de administração da empresa. “Há diversos encontros virtuais, em que trocamos várias experiências e impressões sobre fatos relevantes, do mundo e do Brasil, que podem impactar a gestão”, diz. Andrea afirma acreditar que está transmitindo um exemplo importante para as novas gerações — inclusive dentro de casa. Segundo ela, sua filha, Isabella, de 11 anos, enxerga o ambiente empresarial com naturalidade. “Ela sabe que pode ser o que quiser na vida”, afirma Andrea.


FLAVIA BUARQUE DE ALMEIDA

Sócia da Península Participações, Flavia Buarque de Almeida, de 51 anos, fez um MBA em administração de empresas na Universidade Harvard no início da década de 90, quando poucos brasileiros frequentavam o ambiente acadêmico internacional. Voltou para o Brasil em 1994 e construiu uma carreira sólida como consultora e sócia da McKinsey e em outras grandes empresas. Desde o início deste ano, é conselheira do grupo Ultrapar. Ela também é conselheira da varejista Carrefour, na França, para onde viaja algumas vezes por ano, e ocupa um assento no conselho da empresa de bens de consumo BRF. “Por muito tempo, fui a única mulher nesse tipo de comitê e agora vejo essa situação começar a mudar”, diz Flavia.

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