Política: Lamounier (à esq.) e Sennes acham que Alckmin é favorito (Germano Luders/Exame)
Luciano Pádua
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 05h56.
Última atualização em 8 de setembro de 2017 às 13h05.
São Paulo — As eleições de 2018 ainda estão longe, mas é possível antever que o nível de ressentimento da população com os políticos será crucial na definição do próximo presidente. Se a polarização se acirrar, candidatos carismáticos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito de São Paulo, João Doria, ganharão força. Já se a retomada econômica se firmar, a insatisfação popular tenderá a arrefecer e o nome do tucano Geraldo Alckmin, com seu perfil conciliador, poderá crescer. Essa foi a leitura dos cientistas políticos Bolívar Lamounier, sócio da consultoria Augurium, e Ricardo Sennes, sócio da consultoria Prospectiva. Na visão de Bolívar, o Brasil está enraivecido como nunca: “Nesse cenário de raiva, projeto que uns 50% dos votos seriam nulos ou brancos. Lula se beneficiaria”.
Sennes descarta a candidatura do petista. Para ele, uma nova campanha de Lula traria riscos de encolhimento do PT no plano federal, como ocorreu na eleição municipal, quando perdeu 60% das prefeituras. “Se Lula perder e a bancada federal do PT diminuir, a relevância do partido cairá muito”, diz Sennes.
Doria ainda é uma incógnita para os especialistas. No entender de Bolívar, se o prefeito paulistano estiver bem nas pesquisas no início de 2018, sua candidatura se imporá. Sennes avalia que a falta de experiência é uma fraqueza de Doria. Na economia, ambos consideram provável a melhoria do cenário daqui por diante. Com isso, haveria um sentimento social mais ameno nas eleições. Nessa circunstância, um candidato de centro, com discurso de reformas moderado, seria o “retrato falado” do que o eleitor vai procurar. As dúvidas são muitas, e devem se intensificar. A certeza é que a disputa eleitoral já começou.