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Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 20h23.
1 - Qual a melhor maneira para estipular metas? E qual o perfil ideal de liderança para alcançá-las no curto prazo?
Israel Villacorta Mamani, de São Paulo
Vicente Falconi - As metas devem sempre se originar de um sonho grande. Nós, definitivamente, não trabalhamos somente pelo dinheiro que ganhamos. Nós gostamos de dar um significado maior a nossa vida . Nós gostamos de saber que nosso trabalho está direcionado para a construção de algo nobre ou de ideal em benefício de nossos semelhantes. Uma vez consolidado e aceito o sonho, fica estabelecida a ordem de grandeza dos saltos que queremos dar.
Quando todos têm um sonho, as resistências às metas diminuem. Por outro lado, temos de ensinar a todos como estabelecer seus indicadores e calcular o que chamo de lacunas - a distância entre os resultados atuais e algum valor ideal. Esse valor ideal pode ser o valor já alcançado pelo concorrente, pode ser um número ideal (e até possivelmente inalcançável), como "zero acidente", "zero defeito", "zero perda", entre outros. O trabalho de cada um é encurtar essa distância - e assim reduzir a lacuna.
2 - Com a crise mundial, tornou-se ainda mais comum o discurso de que vivemos uma "nova normalidade", em que os tempos estáveis serão cada vez mais breves. Planejamentos mais longos não serão mais tão confiáveis. Metas e objetivos terão de ser projetados em menores espaços de tempo. Como o senhor avalia esse cenário? E como o executivo brasileiro deve agir?
Fabiano Santa Maria, de São Paulo
Vicente Falconi - Essas flutuações na economia mundial vêm aumentando nitidamente. No entanto, uma coisa é certa: as empresas de países com economia mais sólida sofrerão menos. A primeira coisa que temos de fazer, conscientemente, é apoiar governos que se proponham a manter a seriedade com a qual a economia brasileira vem sendo tratada nos últimos 15 anos.
Do ponto de vista das empresas a situação não é diferente. Teremos de mantê-las financeiramente preparadas para enfrentar situações em que a geração de caixa possa cair drasticamente, de forma imprevisível. Não acho que se possa acreditar que teremos de gerir com "metas em menores espaços de tempo", e sim enfrentar problemas inesperados ocasionalmente.
O cultivo de uma empresa capaz de enfrentar situações difíceis não se faz com objetivos de curto prazo, mas com ações contínuas ao longo do tempo focadas em três frentes: metas bem estabelecidas para todos, recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoas felizes em seu trabalho e, finalmente, desenvolvimento da cultura de enfrentamento de mudanças.
Uma empresa competitiva e pronta para enfrentar "mares turbulentos" não se faz com "metas curtas". A luta por custos excepcionalmente baixos deve ser conduzida por meio de metas anuais de melhoria contínua e da inovação.
A atenção ao que o cliente quer deve ser levada muito a sério. Desse modo é possível aumentar margens - ao oferecer produtos pelos quais os clientes aceitam pagar um pouco mais e também ao cortar o que só gera custos pelos quais o cliente não quer pagar. Toda empresa tem uma mina de ouro escondida embaixo de si.
Mas essa riqueza só pode ser extraída com liderança excepcional e com disciplina disseminada por todas as pessoas da organização. Finalmente gostaria de deixar a mensagem de que o grande esforço a ser feito por empresas e governos é preparar todas as pessoas para ser exímias solucionadares de problemas fazendo isso de forma cada vez mais competente.
Vicente Falconi é um dos mais renomados especialistas em gestão do Brasil e cofundador da consultoria INDG. Envie suas perguntas para que ele responda nesta coluna mensal para o e-mail: falconi@ abril.com.br.