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Com o HSBC, o Bradesco se arma para dar o troco ao Itaú

Com a compra do HSBC, o Bradesco prepara-se para tomar de volta do Itaú a liderança perdida oito anos atrás


	 Trabuco: se a integração com o HSBC der certo, o Bradesco poderá ameaçar a liderança do Itaú
 (Germano Luders)

Trabuco: se a integração com o HSBC der certo, o Bradesco poderá ameaçar a liderança do Itaú (Germano Luders)

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Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2016 às 09h04.

São Paulo — O ano de 2016 será decisivo para o Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro. Em agosto de 2015, o Bradesco anunciou sua maior aquisição, a do concorrente HSBC, por quase 18 bilhões de reais. Com a compra, passou a ter 1,2 trilhão de reais em ativos e 31,5 milhões de clientes. A transação foi aprovada pelo Banco Central.

Quando for aprovada pelo Cade e pela Susep (que regula o mercado de seguros), o Bradesco — que comprou 48 instituições desde que foi fundado, em 1943 — poderá iniciar a integração mais complexa e arriscada de sua história.

O processo será liderado por Luiz Carlos Trabuco, que assumiu a presidência do Bradesco em 2009, meses depois de o banco ter perdido para o Itaú o posto de maior banco privado do país, que manteve por 57 anos (o ranking geral é liderado pelo estatal Banco do Brasil). O que mais interessa ao Bradesco é o contingente de 1 milhão de clientes de alta renda do HSBC.

O Bradesco está longe de ser um especialista nessa área: é seis vezes maior do que o HSBC, mas tem apenas 800 000 correntistas endinheirados. “Temos de nos diferenciar e mostrar aos clientes do HSBC que vale a pena continuar conosco”, diz Trabuco.

Para que isso aconteça, é importante que os principais funcionários do HSBC, especialmente os responsáveis por produtos e atendimento, continuem na instituição — e se adaptem ao jeitão do Bradesco, onde tempo de casa pesa nas promoções e a rotina de trabalho é rígida (a maioria dos funcionários tem de chegar às 7 da manhã ao banco).

É provável, no entanto, que haja demissões em áreas de suporte, como a de tecnologia. O plano é migrar os correntistas do HSBC para a plataforma do Bradesco neste ano — e acabar com a marca do banco britânico no Brasil.

O risco é a integração demorar mais do que o esperado — como aconteceu com o Santander depois de comprar o banco Real, em 2007 —, o que prejudicaria os resultados do Bradesco num ano já complicado, de inadimplência em alta. Trabuco conduzirá o processo ao mesmo tempo em que planeja sua sucessão: pelo estatuto do banco, ele deverá deixar a presidência em 2017, aos 65 anos.

Espera-se que ele se torne presidente do conselho de administração, substituindo Lázaro Brandão, que está no cargo desde 1990. Se a integração der certo, o Bradesco tem uma chance de ultrapassar o Itaú e voltar a ser o líder do mercado bancário privado.

A diferença de tamanho entre as duas instituições é pequena — o total de ativos de Bradesco e HSBC é 8% inferior ao do Itaú —, mas a rivalidade só aumenta.

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