Funcionários dos Correios em greve, em setembro, fazem protesto em Campinas, no interior paulista; paralisação que durou 35 dias fez empresas de e-commerce procurarem alternativas para o envio de mercadorias (Wagner Souza/FuturaPress)
Carla Aranha
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 05h17.
Última atualização em 11 de fevereiro de 2021 às 15h24.
Os funcionários D.M.A e R.P.L., lotados na sede dos Correios, em Brasília, viajaram no dia 14 de abril para São Paulo para participar da 23a Exposec, tradicional feira de tecnologia, produtos e serviços para a segurança. As passagens custaram 852 reais e o gasto está listado no site da empresa, na área que discrimina receitas e despesas da companhia, incluindo as passagens aéreas utilizadas pelos funcionários. Acontece que em razão da pandemia do novo coronavírus, um mês antes da data do evento, em 16 de março, a Exposec foi cancelada pelos organizadores e remarcada para 2021. Até o fechamento desta edição, os Correios não responderam se os funcionários de fato viajaram, mas as passagens foram computadas no sistema de controle da estatal. Isoladamente, pode ser apenas um episódio de um gasto isolado dentro dos Correios, mas na maior estatal do Brasil em número de funcionários, com 95.000 empregados, o buraco costuma ser mais embaixo. Mais de uma década de escândalos de corrupção, despesas crescentes e um passivo bilionário colocaram a empresa em um pântano difícil de ser navegado. Agora, com o processo de privatização batendo à porta, o governo quer passar um pente-fino em todos os pontos que podem fazer da venda da estatal um bom ou mau negócio, dependendo da forma como for estruturada a operação. Ou seja, a caixa-preta está sendo aberta.