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As ambições da gigante Suzano / Fibria

A companhia que nasceu da fusão entre Suzano e Fibria quer aproveitar suas vantagens competitivas para explorar novos mercados

Melhores e Maiores 2019: Suzano / Fibria (Exame)

Melhores e Maiores 2019: Suzano / Fibria (Exame)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 04h40.

Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 14h41.

ano de 2018 foi histórico para a Fibria. Graças a uma combinação pouco usual entre câmbio favorável, preço da celulose em alta e aumento da produção, a companhia faturou quase 3 bilhões de dólares, um crescimento de 114% em relação ao ano anterior. O lucro líquido foi de 835 milhões de dólares, o que representou um retorno sobre o patrimônio de 18%. O resultado superou as expectativas, mas o que realmente marcou a empresa foi sua aquisição pela Suzano Papel e Celulose. As duas líderes do setor na América Latina anunciaram o acordo no dia 15 de março de 2018. Juntas, formam um gigante capaz de produzir 11 milhões de toneladas de celulose e 1,3 milhão de toneladas de papel por ano. “O que surge dessa união é uma empresa com uma competitividade global muito difícil de ser replicada”, afirma Walter Schalka, presidente da companhia resultante do negócio, a nova Suzano.

Walter Schalka, presidente da Suzano: florestas, fábricas e logística para atender 2 bilhões de consumidores no mundo | Germano Lüders

Unir duas companhias desse porte, e com culturas bem estabelecidas, é um desafio e tanto. Nesse caso, a probabilidade de sucesso é maior, na visão de Schalka, pelas vantagens competitivas que a nova companhia terá no mercado. A empresa, segundo ele, tem florestas e fábricas eficientes, ligadas a portos por ferrovias. Opera com 40 navios, 12 deles dedicados a servi-la. “Com isso, conseguimos atender 2 bilhões de pessoas com nossos produtos”, diz Schalka. “Nesse mercado, com 3 bilhões de dólares, você até compra uma fábrica. Mas, sem floresta e sem logística, não faz nada.”

Uma das principais estratégias da Suzano é reforçar o investimento em inovação e no lançamento de produtos. A direção da empresa antevê o surgimento de novas frentes de atuação para as fabricantes de papel e celulose, pelas características que seus produtos oferecem para atender à demanda global por um consumo mais sustentável. As fibras provenientes do eucalipto, que hoje estão mais associadas à produção de papel, podem servir também a diversos outros usos. Um exemplo é a produção de tecidos. Dos 100 milhões de toneladas de tecidos produzidas por ano no mundo, a celulose responde por apenas 6%. O restante vem do algodão, um produto agrícola com grande impacto ambiental, e do petróleo. “Temos um produto que é renovável, reciclável e biodegradável, algo que nos abre um mundo de oportunidades”, afirma Schalka.

Outra aposta é a lignina. Esse composto extraído das árvores tem como principal destinação a produção de energia por meio da queima, como um combustível. Porém, a lignina também pode servir como matéria-prima para a fabricação de produtos químicos e, até mesmo, de biodiesel — há pesquisas sendo desenvolvidas nos Estados Unidos e no Brasil para tornar viável essa tecnologia.

A incorporação da Fibria à Suzano também trouxe oportunidades de aprimorar a cultura corporativa. Como parte do processo de integração, todos os gestores tiveram de fazer uma avaliação da empresa em que trabalhavam e apontar os aspectos culturais que julgavam positivos e negativos. Posteriormente, foi solicitado que fizessem o mesmo para a outra companhia. “Vamos usar esse conjunto de informações para criar uma nova organização, com o melhor de cada companhia”, afirma Schalka. Sua missão não é simples. “Fusões desse tamanho exigem um planejamento exaustivo e o acompanhamento contínuo do que foi previsto e do que foi realizado”, diz Oscar Malvessi, coordenador do curso de fusões e aquisições da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. “Somente assim é possível determinar se os ganhos de sinergia estão dando o retorno esperado.”

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