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Adquirentes vão além das maquininhas

O setor de adquirência continua mostrando altas receitas, mas tem passado por um ponto de inflexão

PagBank: no pódio da categoria serviços financeiros, apresenta a maior receita do setor (PagSeguro/Divulgação)

PagBank: no pódio da categoria serviços financeiros, apresenta a maior receita do setor (PagSeguro/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 18 de setembro de 2024 às 06h00.

As empresas de meios de pagamento ficaram no pódio do MELHORES E ­MAIORES em serviços financeiros, apresentando as maiores receitas do setor. O ­PagBank teve receita líquida de 15,94 bilhões de reais em 2023, no maior indicador da categoria, seguido pela Cielo, com 10,6 bilhões de reais em receita no mesmo período. No top 10, a ­Stone somou receita de 5,11 bilhões de reais; e a ­Redecard, de 5,06 bilhões de reais. O ranking elegeu as 42 maiores empresas do segmento financeiro — com exceção dos bancos, que têm categoria própria.

O setor de adquirência continua mostrando altas receitas, mas tem passado por um ponto de inflexão. O motivo? A adquirência tem sido vista como uma ferramenta dentro de um ecossistema financeiro mais amplo. O exemplo mais recente é o fechamento de capital da Cielo. Em um cenário de aumento de concorrência e diminuição das margens do setor, os controladores Banco do Brasil e Bradesco fizeram uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para tirar a empresa da bolsa — operação que movimentou 4,3 bilhões de reais em agosto deste ano. O movimento espelha a retirada da Redecard da bolsa pelo Itaú há 12 anos e, segundo analistas, é um indicativo da mudança estrutural em andamento no setor.

Enquanto as empresas controladas pelos bancões podem ficar mais integradas à estrutura da nave-mãe, as independentes de maior relevância — PagBank e Stone — estão investindo em soluções bancárias para agregar ao serviço de adquirência. “Atualmente, todos os principais concorrentes do setor de adquirência se integraram em ecossistemas financeiros mais amplos, aumentando esforços para conquistar o segmento de pequenas e médias empresas (PMEs). Ter soluções semelhantes às dos bancos para os comerciantes é cada vez mais importante para funding e aumento de receitas”, defenderam, em relatório, os analistas do Itaú BBA.

O movimento, no entanto, não deve colocar as adquirentes em pé de igualdade na competição com os maiores players do setor bancário. A avaliação é de Samuel Barros, reitor do Ibmec no Rio de Janeiro — o Instituto é parceiro da EXAME na construção da metodologia do ranking. “As adquirentes não vão virar concorrentes diretos dos grandes bancos — eles são parceiros no caso da Cielo, por exemplo. Já o PagBank sempre teve interesse em estar posicionado no setor bancário, porém mais voltado para PMEs. Pode acabar beliscando um pedaço do público dos bancos tradicionais, mas sem concorrer diretamente.”

Para além das adquirentes, o Ranking EXAME MELHORES E MAIORES 2024­ de empresas de serviços financeiros inclui a bolsa brasileira, a B3, companhia de benefícios e negócios de gestão de ativos. As 42 empresas do ranking tiveram, somadas, receita líquida de 87,56 bilhões de reais em 2023, valor 9,32% maior do que em 2022, quando somaram 80,1 bilhões de reais. O lucro líquido das companhias no ano passado foi de 29,38 bilhões de reais, alta de 16% na comparação anual.

Veja o ranking das maiores empresas de serviços financeiros do Brasil


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