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Açúcar à vista: os planos de Pierre Santoul, CEO da Tereos

Movido pelos negócios em açúcar e energia, o grupo global Tereos vê no Brasil um horizonte positivo de, pelo menos, 25 anos.

Pierre Santoul, CEO da Tereos: aumento na frequência de eventos climáticos fora do padrão causará mais oscilação entre as safras (Adriano Vizoni/Divulgação)

Pierre Santoul, CEO da Tereos: aumento na frequência de eventos climáticos fora do padrão causará mais oscilação entre as safras (Adriano Vizoni/Divulgação)

Mariana Grilli
Mariana Grilli

Repórter de Agro

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2023 às 17h32.

Em entrevista à EXAME Agro, o CEO da companhia no país, Pierre Santoul, explica os motivos desse horizonte promissor. Ele acredita que, até 2050, o açúcar se manterá valorizado, assim como crescerá a oportunidade em etanol de primeira e segunda geração, em hidrogênio verde e no combustível sustentável de aviação (SAF). O desafio do Brasil, segundo ele, é assumir a soberania dessa agenda.

Qual é o momento da Tereos?

Em 2022, começamos a reconstrução dos canaviais, e este ano será de recorde de moagem. Serão cerca de 21 milhões de toneladas, volume nunca atingido pela companhia e em um momento de preços de açúcar recorde. A Tereos vai entregar aumento de 20% de açúcar em relação ao ano anterior e 7% acima do Centro-Sul — região que concentra a produção de cana, principalmente em São Paulo — no acumulado até setembro. Nesse contexto, temos prioridades, como continuar investindo na capacidade de moagem, aumentar o mix de produtos e aumentar a capacidade de industrialização para destinar mais matéria-prima para o açúcar do que para o etanol.

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Como você avalia o cenário global de açúcar atualmente?

O mercado está um pouco parado, por vários elementos: mix global de açúcar muito baixo, déficit entre produção e consumo, e o fenômeno climático El Niño. Isso gera um desequilíbrio entre oferta e demanda e ajuda a sustentar os preços. Nos últimos dez anos, houve um aumento na frequência de eventos climáticos fora do padrão. Haverá mais variabilidade climática, mais oscilação entre as safras.

Então, para onde caminha o mercado da cana?

Hoje, o mundo inteiro está avaliando que terá uma falta de biocombustíveis. Ao mesmo tempo, o interessante é que o setor da cana não está mais crescendo onde ela está mais adaptada. Por isso, você tem o etanol de milho crescendo. Por exemplo, quase 20% do etanol consumido no Brasil vem do milho; há seis anos isso era zero. Então, hoje, estamos considerando que os dois são complementares para atender ao mercado e cumprir as metas do Renovabio.

A Tereos pretende atuar com milho?

A Tereos processa milho em uma planta de amido aqui no Brasil, em uma pequena unidade. Então tem conhecimento do processo de milho e trigo, até por fazer isso na Europa e na Indonésia também. Então o etanol de milho pode ser uma possibilidade. Hoje não temos um projeto sobre isso, mas estamos avaliando, não há decisão de investimento no curto prazo, mas no longo prazo pode ter.

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De onde virá a receita da Tereos nos próximos dez anos?

Acreditamos no açúcar e que o preço vai ficar bastante atrativo. Claramente, há lugares onde o consumo vai cair de maneira leve, como Europa e Brasil. Nos Estados Unidos, deve continuar subindo, e estamos olhando as outras partes do mundo, como Ásia, África e Índia. Além disso, existe a oportunidade de gerenciar os biocombustíveis, como biogás, mas isso vai depender do ambiente de negócio e da valorização da redução da pegada de carbono.


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