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Big techs devem investir US$ 600 bilhões em infraestrutura de IA em 2026

Disputa no campo da inteligência artificial passa a ser sobre escala e capacidade industrial, não mais sobre algoritmos

Lideranças das big techs: Tim Cook, Satya Nadella e Jeff Bezos posam com Donald Trump, na Casa Branca, em reunião com o governo americano (Somodevilla/Getty Images)

Lideranças das big techs: Tim Cook, Satya Nadella e Jeff Bezos posam com Donald Trump, na Casa Branca, em reunião com o governo americano (Somodevilla/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 18 de dezembro de 2025 às 07h12.

A corrida global por inteligência artificial deixará de ser uma maratona técnica para se tornar uma guerra industrial aberta em 2026. Com investimentos projetados em até 1,15 trilhão de dólares apenas em infraestrutura, big techs como Microsoft, Amazon, Meta, Google e Nvidia aceleram sua transformação em empresas de capital intensivo.

A competição, que antes se dava por aplicativos e audiência, agora passa por gigawatts de energia, centros de dados, chips e, principalmente, pessoas. A Microsoft planeja 120 bilhões de dólares em CapEx em 2026. A Amazon, 125 bilhões de dólares. A Meta fala em 150 bilhões de dólares em custos operacionais no triênio.

No total, só cinco empresas devem investir mais de 460 bilhões de dólares em infraestrutura até o fim de 2026. É mais do que o PIB de países como Irlanda ou Singapura. Segundo a McKinsey, a demanda por data centers de IA crescerá 3,5 vezes até 2030, exigindo até 8 trilhões de dólares de investimentos cumulativos. A conta será paga por fundos soberanos, dívida corporativa e aumento da produtividade, se ela de fato vier.

No campo do talento, a escassez se tornou crítica. Desde 2019, a demanda por especialistas em IA cresceu 21% ao ano. Nos EUA, a projeção é que, até 2027, haverá profissionais suficientes para atender a apenas metade da necessidade das empresas.

No Brasil, a lacuna é ainda maior: serão pelo menos 800.000 vagas de TI abertas até 2025, com apenas 53.000 profissionais formados no período. Isso pressiona salários, impulsiona a rotação e força empresas a oferecer propósito, não só remuneração. A Nvidia continua dominante, mas sob pressão. Com 307 bilhões de dólares em pedidos confirmados e 57 bilhões de dólares em receita trimestral, a empresa lidera a oferta de chips. Mas AMD e Broadcom já capturam fatias relevantes, com expectativa de impacto de até 12 bilhões de dólares nas projeções da Nvidia. A China, apesar das sanções, avança com a DeepSeek e a Huawei, testando alternativas com menor custo e mais agilidade.

A disputa não é apenas tecnológica, mas geopolítica. Enquanto EUA e Europa endurecem controles, empresas como a Anthropic ganham terreno com foco em clientes corporativos. A Anthropic já atingiu receita equivalente a 40% da receita da OpenAI, mesmo com base de usuários seis vezes menor.

O Google lidera tecnicamente com o Gemini 3 Pro, e a OpenAI prepara seu primeiro dispositivo físico com Jony Ive, célebre designer do iPhone, para 2026. Já a Apple mantém abordagem híbrida, enquanto a Microsoft capitaliza com mais de 150 milhões de usuários do Copilot. Para consultorias e bancos, a visão é clara: será o ano em que os investimentos em IA deixarão de ser promessa e se tornarão vantagem competitiva concreta.

Ganhará quem conseguir escalar ao mesmo tempo produto, infraestrutura e pessoas. E quem entender que, a partir de agora, a inovação exige não só código, mas também concreto. 

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