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A Europa nas mãos de Angela Merkel

A Europa foi o epicentro das principais crises financeiras de 2010 — e as chances de que as coisas continuem assim em 2011 são grandes. A crise da dívida europeia se transformará numa onda de pânico nos moldes daquela vista nos meses que se seguiram ao colapso do banco americano Lehman Brothers, em setembro de […]

Angela Merkel, a chanceler alemã: busca pela solução para a crise do euro (Sean Gallup/Getty Images)

Angela Merkel, a chanceler alemã: busca pela solução para a crise do euro (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 11h40.

A Europa foi o epicentro das principais crises financeiras de 2010 — e as chances de que as coisas continuem assim em 2011 são grandes. A crise da dívida europeia se transformará numa onda de pânico nos moldes daquela vista nos meses que se seguiram ao colapso do banco americano Lehman Brothers, em setembro de 2008? Nenhum personagem é tão importante na elaboração da resposta quanto a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, comandante da maior economia do continente.

O que torna os passos de Merkel especialmente difíceis é sua dupla, e por vezes contraditória, responsabilidade. A mais importante aos olhos do mundo é conter o efeito dominó causado pela queda de nações endividadas, como Grécia, Irlanda, Espanha e sabe-se lá quem mais no futuro próximo. A mais importante para seus eleitores, porém, é proteger os interesses da própria Alemanha, que está crescendo quase 4% ao ano em meio a um mundo estagnado.

Alemão nenhum quer passar a mão na cabeça de países perdulários, o que torna planos de resgate extremamente impopulares — há, inclusive, quem apoie o fim de uma moeda única europeia e o retorno do marco alemão. Até agora, as decisões de Merkel mostraram que ela realmente não está disposta a colocar seu prestígio interno em risco. Ela rejeitou a proposta de emitir títulos em nome do tesouro europeu para capitalizar países endividados antes que surja uma emergência. Seu medo é não conseguir exigir um reequilíbrio das contas desses países caso eles recebam recursos agora — no caso da Grécia e da Irlanda, o socorro só foi concedido depois que seus governos se comprometeram a realizar um intenso corte de gastos.

A chanceler alemã sabe, porém, que deixar os países quebrar e a moeda comum sucumbir não é uma solução inteligente. Apesar de existir uma clara divisão entre os países endividados e os ainda saudáveis na zona do euro, a simbiose entre suas economias torna praticamente impossível que qualquer um deles tome uma decisão unilateral para se salvar do naufrágio coletivo. No caso de um calote da Grécia, por exemplo, os bancos alemães e franceses seriam diretamente afetados, já que detêm cerca de 70% da dívida grega. Até agora, as respostas à crise não foram suficientes para evitar que os problemas se espalhassem de um país para outro. Torce-se para que, em 2011, Angela Merkel encontre uma solução que agrade simultaneamente a seus eleitores, aos líderes dos países em apuros e, consequentemente, ao resto do mundo.

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