Brasil: 10 mil aeronaves executivas

hero_Empresa francesa aposta no Brasil para vender milionários jatos executivos

10 x falcon dassault (Divulgação/Divulgação)

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Empresa francesa aposta no Brasil para vender milionários jatos executivos

Em entrevista exclusiva à EXAME Casual, o vice-presidente executivo da Dassault, Carlos Brana, falou dos planos para o mercado brasileiro

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Empresa francesa aposta no Brasil para vender milionários jatos executivos

Em entrevista exclusiva à EXAME Casual, o vice-presidente executivo da Dassault, Carlos Brana, falou dos planos para o mercado brasileiro

10 x falcon dassault (Divulgação/Divulgação)

Por Gilson Garrett Jr.

Publicado em 19/08/2023, às 08:01.

Última atualização em 19/08/2023, às 08:02.

Brasil: 10 mil aeronaves executivas

O setor de aviação executiva no Brasil vive um momento único. Até o fim deste ano deve atingir a marca de 10.000 aeronaves em circulação no país, segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). Para chegar ao número falta pouco. Atualmente são quase 9.800 em operação em todo o território nacional. Durante a pandemia de covid-19 muitas empresas e empresários decidiram aumentar a frota de aviões e helicópteros por conta das restrições de voos comerciais em todo o mundo.

O aquecimento, que acreditava-se ser momentâneo, perdura. Durante a feira de aeronaves executivas Labace, realizada no começo de agosto em São Paulo, estavam expostos 45 aviões, jatos e helicópteros. Ao longo de três dias do evento, organizado pela Abag, diversos empresários passaram pelo local para fechar negócios ou conhecer melhor os modelos que devem comprar nos próximos meses. Os dados gerais das negociações não são divulgados, mas alguns dados indicam o aquecimento do setor.

Somente a TAM Aviação Executiva, uma das expositoras da feira, vendeu cinco unidades no evento que vão desde pistão, turbo- hélice, jato e até helicóptero. As entregas estão programadas para os próximos três anos. No histórico, de 2019 a 2022, a empresa vendeu um total de 250 aeronaves, com um salto de 42 em 2019 para 106 no ano passado.

Labace: feira de aeronaves executivas realizada em São Paulo. Foto: Divulgação.

Empresas estrangeiras de olho no mercado brasileiro

O jato mais caro exposto na Labace era o Falcon 8x, da francesa Dassault. Com preço de US$ 67 milhões (algo em torno de R$ 300 milhões), o modelo era um dos mais requisitados para visitação interna por quem passou pelo local. Com capacidade para até 16 passageiros, o avião é desejado muito por conta da autonomia: 11.945 quilômetros, distância suficiente para fazer uma viagem de São Paulo a Paris diretamente, sem escalas.

O sucesso dos Falcons no Brasil é tão grande que a empresa vendeu dois modelos 10x para empresários brasileiros e a aeronave ainda está em fase final de montagem da primeira unidade. Na avaliação do vice-presidente executivo da Dassault, Carlos Brana, isso reflete o desejo do consumidor brasileiro pelos aviões da marca. Atualmente 50 aeronaves da companhia francesa estão em operação nos céus brasileiros, mas a empresa que mais. Em entrevista exclusiva à EXAME Casual, Brana falou dos planos da Dassault e da importância do Brasil na estratégia do negócio.

Carlos Brana: vice-presidente executivo Dassault. Foto: Divulgação.

Aviões para o Brasil

Qual é a importância do mercado brasileiro para a Dassault?

O mercado brasileiro é importante para nós. Atualmente, temos cerca de 50 aviões Falcons voando no Brasil. Portanto, é um mercado significativo. O mercado sul-americano também é importante, embora haja menos Falcons nos outros países em comparação com o Brasil. Mesmo assim, eles representam uma boa parte dos aviões Falcon em todo o mundo. Estamos aqui para promover nossos aviões neste mercado. Não consigo te dar um número exato de aviões que são vendidos anualmente porque ele é muito volátil, mas varia de 5% a 15% de todas as comercializações da empresa.

Quais são os principais modelos de aviões que vocês estão apresentando aqui na Labace?

Estamos apresentando os modelos 2000 lxs e 8x, que já existem há algum tempo. Esperamos apresentar em breve o modelo 6x, assim que ele for certificado, o que deve acontecer nas próximas semanas. O 6x possui uma cabine maior e um alcance de 10.186 quilômetros, o que atende às necessidades de muitos clientes brasileiros que desejam voar intercontinentalmente. Decidimos trazer esses modelos porque eles atendem a diferentes necessidades. O 2000 é ideal para voos locais e intracontinentais, enquanto o 8x tem um alcance maior e é mais adequado para voos intercontinentais, atendendo a clientes que desejam voar para fora da América do Sul.

Existe algo que os clientes brasileiros costumam personalizar mais em suas aeronaves?

Os clientes brasileiros têm algumas semelhanças com clientes de outros lugares. Todos eles valorizam a segurança e o silêncio dos motores. Em termos de personalização, todos têm interesse na conectividade à internet, pois essas aeronaves são usadas tanto para trabalho quanto para relaxamento. No entanto, as demandas específicas não diferem muito das de outros clientes internacionais.

Quais setores são os maiores compradores no Brasil?

Os maiores compradores são as indústrias e empresas. Não temos muitos compradores individuais, já que a compra e o uso de aeronaves particulares requerem recursos substanciais. Grandes empresas valorizam a economia de tempo proporcionada pela aviação executiva, permitindo voos diretos entre locais próximos. Alguns governos também mostram interesse em aeronaves executivas, preferindo opções menores e mais eficientes em termos de consumo de combustível para certas missões. Até agora, não tivemos pedido do governo brasileiro.

"Em termos de personalização, todos têm interesse na conectividade à internet, pois essas aeronaves são usadas tanto para trabalho quanto para relaxamento."Carlos Brana

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IPVA para barcos e aviões

Está ocorrendo uma discussão no Congresso Nacional do Brasil a implementação de um IPVA para barcos e aeronaves. Como a Dassault está lidando com possíveis mudanças nas regras e como isso pode impactar os compradores e as vendas?

A questão dos impostos é algo sobre o qual não posso entrar em detalhes, pois é uma questão do país em si. No entanto, pode ter impacto nas vendas, pois se o preço ficar muito alto, as pessoas podem não estar tão interessadas. Apesar disso, notamos que a necessidade de aeronaves executivas continua. Principalmente em um país como o Brasil, onde a economia é movimentada. Se faz sentido para as pessoas usarem a aeronave, mesmo com impostos, elas o farão.

Menos consumo de combustível

Houve mudanças tecnológicas significativas na aviação nos últimos anos. Como isso impactou a produção e desenvolvimento?

A aviação é uma área tecnológica em constante evolução. As mudanças têm impacto em nossos projetos e aeronaves, e estamos sempre trabalhando para incorporar as mais recentes inovações em nossos produtos. Desenvolvemos uma solução chamada "Falcon Ways", que é equivalente aos sistemas de navegação para carros. Essa solução ajuda os pilotos a otimizarem suas rotas, levando em consideração ventos e outros fatores, o que contribui para um consumo mais eficiente de combustível. Estamos comprometidos em reduzir drasticamente as emissões, e isso envolve o uso de várias estratégias combinadas.

Como reduzir o consumo de combustível e as emissões?

Temos diversos projetos de aeronaves que sejam altamente eficientes em termos de consumo de combustível. As pessoas na Europa estão muito preocupadas com o consumo de combustível, enquanto em outros países essa preocupação pode ser menor. Estamos focados na sustentabilidade e em reduzir as emissões. Nossos Falcons podem operar com mistura de até 50% de SAF [combustível de aviação menos poluente]. O 10x, quando estiver em serviço, será capaz de operar com 100% de SAF. Além disso, estamos adotando tecnologias que reduzam o consumo, como motores mais eficientes e aprimoramentos operacionais.

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Créditos

Gilson Garrett Jr.

Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Formado pela PUCPR, com especializações em Relações Internacionais, Modelo de Negócios e Mercado de Capitais. Por 9 anos escreveu sobre enogastronomia, cultura e turismo na Gazeta do Povo. Desde 2020 na EXAME, cobre lifestyle.

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