O que acontece se eu parar de tomar banho? Médico fez teste por 8 anos; veja o que ele descobriu
Pesquisador da Universidade de Yale, James Hamblin testou os limites da saúde humana com a higiene básica
Publicado em 12 de julho de 2024 às 17h21.
Qual é o limite do corpo humano quando o assunto é higiene básica ? Essa foi a curiosidade que levou James Hamblin, especializado em medicina preventiva e professor na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, a parar de tomar banho desde 2015. E o que ele descobriu foi chocante.
O experimento foi além de desafiar normas sociais, veio para estudar também como práticas modernas de higiene afetam a saúde do corpo humano. No livro "Clean: The New Science of Skin and the Beauty of Doing Less" ("Limpeza: a nova ciência sobre a pele e a beleza de fazer menos"), publicado por ele em 2020, o médico descreveu todas as mudanças durante o longo experimento. “Eu me sinto perfeitamente bem. Você se acostuma. Eu me sinto normal”, explicou ele em entrevista a O Globo.
O médico relata em sua pesquisa que, antigamente, a maioria das pessoas não tinha acesso a água limpa para tomar banhos, que eram um privilégio da realeza. Voltar às origens, usando tecnologia para entender os mecanismos de adaptação da pele humana, fizeram com que Hamblin percebesse que nem todos os micróbios são prejudiciais à saúde.
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Como funcionou o experimento?
Desde 2015, Hamblin parou totalmente de tomar banho da maneira convencional: debaixo de um chuveiro ou dentro de uma banheira. Sua limpeza corporal foi reduzida somente ao uso de sabão para as mãos e à higiene bucal. O objetivo era permitir que o corpo atingisse um equilíbrio natural, sem interferências dos produtos de higiene.
Ao longo de cinco anos, o que o médico descobriu é que sua pele deixou de ser oleosa e alcançou um estado de equilíbrio natural. Ao evitar sabonetes fortes, ele permitiu que o microbioma da tez se mantivesse estável e saudável, sem as interrupções químicas comuns.
E o cheiro?
Ficar sem tomar banho por tanto tempo envolve sempre uma questão relacionada ao odor. Em sua pesquisa, o médico relatou que o cheiro ruim do corpo não é uma relação direta com a sujeira, mas sim de um desequilíbrio microbiano. As bactérias se alimentam das secreções das glândulas sebáceas e do suor do dia a dia. Na visão de Hamblin, o uso frequente de produtos de higiene altera o equilíbrio desses micróbios, o que causa e intensifica o odor ruim.
Mas vale dizer que a transição de Hamblin não foi da noite para o dia. No início do processo, o médico tomou banhos espaçados, com cada vez menos produtos higiênicos, como sabonete e shampoo. Tornar a mudança gradual foi necessário para que o corpo dele se ajustasse à falta desses produtos, sem causar desconforto ou odores excessivos. "Houve momentos em que eu queria tomar banho porque sentia falta, cheirava mal e sentia que estava oleoso. Mas isso começou a acontecer cada vez menos", disse ele ao Globo.
Vale dizer que a falta de banho também não foi ininterrupta, porque Hamblin se enxaguava com água quando necessário, especialmente os cabelos. "Você pode esfoliar ou remover os óleos simplesmente esfregando com as mãos e penteando o cabelo ocasionalmente", afirmou ele ao Globo.
O que ele descobriu?
"Os micróbios em nossa pele são tão importantes para sua aparência e para nossa saúde quanto a microbiota intestinal é para o sistema digestivo", ressaltou Hamblin ao Globo. Ele não sugere que todos adotem sua prática extrema, mas oferece sua experiência como uma alternativa para quem quer explorar outras opções de higiene. Uma boa forma de começar, segundo ele, seria diminuir a frequência e a duração dos banhos.
(Com Agência O Globo)