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Uma casa em dois dias: a visão da maior startup de construção do mundo

A startup busca criar diversas fábricas em cada país em que opera, cada uma focada em uma etapa da pré-produção de imóveis

Michael Marks, CEO e fundador da Katerra em evento Construdigital (Construdigital/Divulgação)

Michael Marks, CEO e fundador da Katerra em evento Construdigital (Construdigital/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 07h00.

A construção de um prédio pode ser finalizada em uma fração do tempo gasto atualmente. Essa é a aposta da Katerra, maior startup do setor de construção civil do mundo. A companhia, ao pré-fabricar os principais componentes de suas obras em fábricas pelo mundo, consegue reduzir o custo e o tempo de uma obra. 

O prazo pode chegar ao extremo de dois dias. Com kits modulares, ambientes inteitos como banheiros e cozinhas, com paredes, janelas, portas, encanamento e instalação elétrica, podem ser erguidos em até 2 horas. A startup firmou um contrato com o governo da Arábia Saudita para construção de mais de 4.100 casas no país, cada uma em cerca de 48 horas. 

Desde que foi lançada, em 2015, a Katerra cresceu rapidamente por aquisições e nos últimos anos, comprou pelo menos oito empresas de construção, arquitetura e fornecimento.

A startup busca criar diversas fábricas em cada país em que opera, cada uma focada em uma etapa da pré-produção de imóveis, como concretos, laminados de madeira, peças de aço, entre outras.

Hoje, tem cerca de 8 mil funcionários em todo o mundo e há mais de 6 mil unidades familiares em construção no momento. De acordo com o site The Information, o faturamento da Katerra deve alcançar 2 bilhões de dólares este ano. 

A startup já recebeu aportes do fundo do grupo japonês SoftBank, Foxconn e a empresa de venture capital DFJ, elevando o valor da companhia para 4 bilhões de reais. Apenas do SoftBank recebeu um investimento de 865 milhões de dólares em janeiro do ano passado e 700 milhões de dólares este ano.

Assim como outras empresas investidas pelo fundo japonês, como Uber ou WeWork a Katerra ainda não é lucrativa. Porém, tem planos concretos de alcançar o lucro em 2021 e está capitalizada o suficiente para não precisar de um IPO ou novos investimentos para sustentar seu crescimento, diz Michael Marks em entrevista a EXAME.

Expansão

Atualmente, a startup está presente em três países, Estados Unidos, com três fábricas, Índia, com duas plantas, e na Arábia Saudita. 

A empresa também está construindo pequenas fábricas de concreto, semi-automatizadas e que podem ser transportadas para os locais de obra. Esse conceito único permite à Katerra montar fábricas próximas aos principais locais de trabalho para fornecer produtos de construção em larga escala. Após a conclusão do projeto, a fábrica é desmontada e movida para o próximo local de trabalho, diz a empresa em seu site. 

A partir de 2021, irá buscar novos países para expandir suas operações. O CEO Michael Marks esteve no Brasil em outubro, por conta do evento Construdigital e conversou com empresários e especialistas do setor no país.

Outra maneira de reduzir os custos da companhia é centralizar as etapas do processo de construção, como design, arquitetura, engenharia e construção. Ao ter o controle de todas as peças e materiais que serão usados em uma obra, consegue cortar ineficiências, intermediários e, claro, custos. "Precisamos fazer o design de tudo que construímos. Só assim conseguimos fabricar em um modelo de linha de montagem", diz Marks.

Com o modelo de negócios da Katerra, a tendência é de redução no custo de construção. Mas isso não significa que os custos dos imóveis irão cair como consequência. "A lógica dos preços dos imóveis é muito mais complexa, tem variáveis como oferta e demanda, taxas de juros e valor de mercado. Estamos fazendo nossa parte, de deixar a obra melhor e mais eficiente", afirma o presidente.

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