Marco Stefanini cria fundo para investir R$300 mi em startups. Por quê?
O CEO da multinacional de tecnologia Stefanini anunciou a criação de um fundo de investimento de venture capital voltado a empresas de tecnologia com potencial de escala
Maria Clara Dias
Publicado em 31 de maio de 2021 às 14h35.
Última atualização em 31 de maio de 2021 às 14h37.
À frente de uma das principais multinacionais de tecnologia do país, Marco Stefanini decidiu dar um passo à frente também no mercado de startups brasileiras. O executivo anunciou a criação de um novo fundo de venture capital que irá investir 300 milhões de reais em até 20 startups nos próximos anos.
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Esse montante será captado com a ajuda de sócios e family offices nos próximos três meses, segundo Stefanini. O CEO será também um dos principais acionistas. O grande objetivo é, porém, desvincular a companhia deste novo lançamento, tornando o fundo em algo independente. Sendo assim, Stefanini quer deixar o nome registrado no mercado de venture capital brasileiro, independente da atuação da multinacional.
A experiência para isso está na liderança, há seis anos, do Stefanini Ventures, fundo privado da Stefanini que já adquiriu mais de 10 empresas digitais entre 2011 e 2020, e que tiveram suas receitas multiplicadas em seis vezes. “Juntamos o contexto do mercado, baixa da Selic e busca por novos investimentos, com esse retorno imenso do setor, e vimos que esse é o melhor momento”, diz. “Essa é a oportunidade de unirmos as empresas que querem receber investimentos às pessoas que desejam muito investir”.
O novo fundo ainda não tem nome definido, mas deve chegar ao mercado já no segundo semestre, segundo Stefanini. O valor será utilizado para financiar projetos, e auxiliar no desenvolvimento de empresas com soluções inovadoras para o mundo digital. A proposta é que empresas com potencial de crescimento, independente de seus setores de atuação ou da sinergia com a empresa de tecnologia, possam receber o capital do novo fundo. “A ideia aqui é atrair empresas que não tenham vínculo com a Stefanini, mas algo totalmente à parte e com foco em inovação”, diz.
O que quer Stefanini com as startups?
A grande justificativa está no ritmo de crescimento do mercado de venture capital no país. Segundo dados do relatório feito pelo hub de inovação Distrito, apenas nos primeiros quatro meses de 2021, o valor de aportes recebidos por startups brasileiras já equivale a cerca de 70% do total investido em todo o ano de 2020. Até o momento, foram 2,3 bilhões de dólares captados por esses negócios, um crescimento de 187% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O intuito é também a aproximação. Stefanini percebeu que a interação com startups se dá de forma ativa e, por isso, o novo fundo tem como premissa básica o desenvolvimento das pequenas empresas, oferecendo assessoria jurídica, mentorias e orientações em gestão, internacionalização e controle comercial - além, é claro, da injeção financeira. “Queremos participar do crescimento e da maturação da digitalização dessa empresa desde o início, em uma parceria muito ativa”, diz.
A busca por novas fusões e aquisições é crescente, segundo o executivo, o que também demanda uma atenção especial à parceria com startups. “Mensalmente, chegam entre 30 e 40 solicitações para a equipe de M&A analisar”, diz.
A aquisição de startups já é uma realidade comum na multinacional, que hoje tem 40% de seu faturamento vindo das pequenas adquiridas pelo Stefanini Ventures. A previsão é de que esse número salte para 60% em até dois anos. A nova percepção sobre o mercado de venture capital e a consolidação do nome do líder da multinacional na indústria devem ajudar nessa missão.
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