Karim Hardane e Marcelo Fujimoto, co-fundadores da Mandaê: negócio já obteve 50 milhões de reais em aportes (Mandaê/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 7 de maio de 2018 às 06h00.
Última atualização em 7 de maio de 2018 às 12h37.
São Paulo - A startup Mandaê está surfando em um mercado que, recentemente, só entristeceu seus consumidores - o que catapultou novas soluções. A logística para empresas passou diversos reveses nos últimos anos, como o fim do serviço de entrega para e-commerces e-Sedex e um vai e vem de fretes mais caros nos Correios, e isso ajudou a startup a anunciar uma nova rodada de aportes e continuar o crescimento de sua operação.
O negócio recebeu 7,1 milhões de dólares (na cotação atual, cerca de 25 milhões de reais). A rodada série B foi liderada pelo órgão International Finance Corporation, do Banco Mundial, e contou com a participação dos fundos FJ Labs, Mercado Livre Fund, Tekton Ventures e UPS Strategic Enterprise Fund. Outros investidores já são conhecidos da startup, como Performa Investimentos, Qualcomm Ventures, Monashees e Icon Holding Company.
“São fundos que já investiram em startups, inclusive de logística, pelo mundo inteiro. Além disso, possuem muita experiência e conexões de mercado. Eles sabem os desafios que temos e poderão dar muitos conselhos”, afirma Marcelo Fujimoto, CEO da Mandaê.
O primeiro fundo que merece destaque é o feito pelo IFC, do Banco Mundial. “A logística é um setor muito importante para o desenvolvimento dos países e enfrenta muitos problemas no Brasil. Então, para eles, fazem muito sentido investir no mercado em geral e na nossa solução em particular.”
Além do líder da rodada, outro fundo da lista merece destaque: o Mercado Livre Fund, parte da gigante de e-commerce. Fujimoto diz não poder falar em nome do Mercado Livre, mas obviamente há um interesse estratégico com o aporte.
“O frete é um dos fatores mais impactam a experiência no e-commerce, especialmente a taxa de conversão de consumidores. Marketplaces como o Mercado Livre estão preocupados com o setor, e acho que é um dos fatores que explica o investimento deles na gente. O mercado está carente de uma solução.”
Vale lembrar que a Qualcomm Ventures, que também aportou nesta rodada, já investiu em outra startups de logística que atua no Brasil: a CargoX, do argentino Federico Vega.
Criada em 2014, a Mandaê tem como objetivo aumentar a eficiência na coleta, embalagem e transporte de produtos para empresas. A primeira opção de envio de tais empreendimentos é, hoje, a Empresa Brasileira de Correios.
A empresa afirma que os Correios são "parceiros" e que, em algumas cotações, a melhor opção é de fato enviar pelo serviço. Mesmo assim, o negócio tira uma fatia do mercado da empresa por meio da competição com outros parceiros.
A startup faz a intermediação com outros negócios que recolhem os produtos, fazem uma embalagem adequada ou os transportam por caminhões próprios. Como a Mandaê negocia um volume maior de produtos durante toda essa cadeia, usando os pedidos de todas as suas clientes, a economia no frete das empresas pode chegar a 35%. A startup também oferece experiências como logística reversa (realizar trocas de pedidos) e ferramentas para gerenciar, rastrear e cotar envios.
Hoje, a Mandaê afirma atender “centenas” de clientes, compostos principalmente de pequenas e médias empresas. O negócio diz também atender companhias maiores.
Por conta do novo contrato de investimento, a startup não quis abrir números de volume de entregas ou faturamento, constatando apenas quadruplicar de tamanho nos últimos anos e querer manter a taxa para 2018.
A Mandaê ganhou o Prêmio ABComm de Inovação Digital 2017, da Associação Brasileira de E-Commerce, na categoria de “Logística no E-commerce”.
O investimento terá dois objetivos, segundo Fujimoto. O primeiro é expandir o serviço de logística empresarial para outros estados - até o momento, a solução atua apenas em São Paulo.
Depois, a startup usará os recursos para contratar mais pessoal, especialmente em atendimento e desenvolvimento de produto. A Mandaê possui 100 funcionários e quer dobrar de tamanho até o fim do ano.
“Nosso modelo de plataforma tecnológica para a cadeia de entrega é complexo, então continuaremos investindo”, afirma o CEO da Mandaê.
Um dos projetos tecnológicos para 2018 é melhorar a tecnologia de rastreamento sobre os produtos intermediados pela startup, por exemplo. A startup também quer fomentar parcerias mais profundas com as transportadoras.
A Mandaê já havia feito uma rodada de investimento-semente em março de 2014, no valor de 200 mil dólares. Um ano depois, captou um Série A de 4,9 milhões de reais, liderado pelos fundos Monashees e Valor Capital Group.
Por fim, fez novas rodadas que totalizaram 19,5 milhões de reais, com participação dos fundos anteriores e de nomes como Performa Investimos e Qualcomm Ventures. Somando o aporte atual, a startup já captou cerca de 50 milhões de reais.