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Startup de educação forma pessoas para trabalhar no Nubank e iFood

A Gama Academy oferece cursos para as áreas que as startups mais contratam: marketing, vendas, programação e design; empresa recebeu aporte de R$ 3 milhões

Luís Quintanilha, Guilherme Junqueira e Alexandre Paez: os sócios da Gama Academy projetam que a empresa irá triplicar seu faturamento em 2020 (Gama Academy/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 29 de janeiro de 2020 às 18h00.

As startups brasileiras brigam por mão de obra qualificada. Recentemente, empresas como Nubank e Gympass fizeram aquisições de outras startups em busca de especialistas em tecnologia. Foi ao perceber essa demanda do mercado que Guilherme Junqueira decidiu criar a Gama Academy, edtech focada em formar pessoas para o mercado de tecnologia e inovação do país.

Os cursos que a Gama oferece são voltados para as áreas mais procuradas por startups : vendas, marketing, design e desenvolvimento. A metodologia de ensino é própria e os professores são profissionais que atuam nas principais empresas de inovação do país, como Movile, Creditas e iFood .

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Em 2019, a empresa cresceu 200% e projeta que irá repetir o crescimento em 2020. A operação da startup se paga desde 2018, mas para poder aumentar sua atuação no Brasil este ano, os sócios decidiram buscar investimentos externo.

No final do ano passado, a empresa conseguiu cerca de 3 milhões de reais em uma rodada série A liderada pelo fundo Smart Money Ventures, do cofundador da Movile , Fábio Póvoa.

O fundo já havia investido na Gama anteriormente e decidiu liderar a nova rodada ao perceber como a startup amadureceu desde sua fundação. “O modelo de curso híbrido [com aulas online e presenciais] deu escalabilidade ao negócio. Além disso, profissionais experientes se juntaram à equipe”, diz Póvoa.

O investidor acredita que o diferencial da Gama Academy é sua jornada de ensino, que dá ao aluno um plano claro de como se inserir no mercado de trabalho. A expectativa do fundo é que, nos próximos anos, a startup triplique de tamanho e continue sua expansão pelo Brasil.

Junqueira afirma que o capital levantado vai ser usado para a contratação de novos profissionais para as equipes de tecnologia e educação. A meta é passar de 30 para 70 funcionários até o final do ano.

Foco no mercado de startups

A ideia da Gama Academy surgiu a partir da experiência de Junqueira no mercado de startups. Administrador por formação, o empreendedor foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Startups ( ABStartups ). “Percebi que as vagas de tecnologia das startups ficavam muito tempo abertas”, conta.

Junqueira notou que as empresas tinham dificuldade não só de contratar profissionais que se encaixassem tecnicamente ao posto, mas que também tivessem as habilidades comportamentais necessárias para assumir a posição.

Por isso, em 2016, o empreendedor deixou seu cargo na ABS e fundou a Gama Academy. Depois, os outros dois sócios, Alexandre Paez (diretor de tecnologia) e Luís Quintanilha (diretor de marketing), se juntaram a ele.

A escola se inspira nos modelos digitais internacionais, como a General Assembly e a Udacity. Para Junqueira, o principal diferencial da empresa é a metodologia de ensino. A startup condensa “cinco meses de conteúdo em cinco semanas”. Além da parte técnica da formação, os professores se preocupam em orientar os estudantes também em suas habilidades comportamentais.

Há dois tipos de cursos para o público geral. Um é totalmente online, focado em estudantes que estão tendo o primeiro contato com o tema das aulas — o objetivo é que o aluno termine o módulo com um nível intermediário de conhecimento sobre a área. Nesse modelo, as aulas duram três meses e custam 1.000 reais.

A outra opção é o curso híbrido, com aulas online durante a semana e cursos presenciais aos sábados. Essa modalidade custa 2.000 reais e dura um mês. Para cursar este módulo é necessário ter algum conhecimento sobre o assunto, por isso há um processo seletivo. Em geral, 3.000 pessoas se candidatam, mas somente cerca de 150 conseguem entrar no programa.

O fundador explica que as aulas utilizam metodologias ativas de ensino, em que o estudante precisa colocar em prática o conteúdo teórico.

Nas aulas de programação, por exemplo, o aluno aprende durante a semana o que precisa ser feito para montar um blog. No sábado, os mentores da Gama vão ajudá-lo a colocar o projeto no ar. Dessa forma, todos saem do curso com um portfólio pronto.

Processos seletivos educativos

Com o sucesso das primeiras turmas formadas, a Gama Academy decidiu entrar para o mercado corporativo. Desde 2018, a startup oferece seus cursos como ferramentas de seleção para empresas de tecnologia.

Em parceria com companhias como Nubank, Accenture, Ambev e Avanade, a startup disponibiliza suas aulas do modelo semipresencial para uma turma de candidatos. Ao final do curso, os melhores alunos são contratados pela empresa que subsidiou o ensino do conteúdo.

“Para a empresa, o modelo é positivo porque aumentam as chances de escolher o candidato certo. Além disso, a marca se fortalece no mercado, porque as pessoas saem gratas por toda a bagagem que a empresa proporcionou para elas”, comenta Junqueira.

Fora o modelo de processo seletivo, algumas companhias também contratam a startup para oferecer cursos personalizados para seus funcionários. Há empregadores que subsidiam totalmente o valor das aulas e outros que deixam uma parcela do valor para o estudante pagar.

Para as empresas, o preço cobrado por pessoa é o mesmo do modelo tradicional: 2.000 reais. Caso o cliente queria fazer customizações nas aulas para atender uma demanda empresarial interna específica, o valor pode aumentar.

Hoje, aproximadamente 500 empresas são clientes da Gama Academy — entre elas Mercado Livre, Stone e NetShoes. Até o final do ano, a startup tem como meta ter mais de 1.000 clientes corporativos.

Expansão para outras cidades

Impulsionada pelo investimento de 3 milhões de reais, a Gama Academy planeja levar sua operação para cinco novas cidades no Brasil. Hoje, há escolas em São Paulo, Belo Horizonte, Florianópolis, Curitiba e Brasília. Ao longo do ano, a startup vai iniciar operações em Campinas, Recife, Goiânia, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Os planos são triplicar a operação novamente ao longo do ano. “De 2016 até 2019, nós fizemos 28 programas híbridos, mas só agora, em 2020, vamos fazer 22”, diz Junqueira.

A expectativa dos sócios é que, de 2020 até 2022, a empresa ganhe escala e consiga multiplicar o número de alunos formados — até hoje, foram 3.000. Para isso, a startup vai focar na aquisição de alunos para o modelo de curso 100% online, que foi lançado em outubro do ano passado.

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