Jeep Compass vendido pela plataforma Carflix: startup paulistana projeta um crescimento de 250% no final deste ano sobre o mesmo período de 2018 (Carflix/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 18 de abril de 2019 às 06h00.
Última atualização em 9 de agosto de 2019 às 10h10.
As startups que atuam no setor automotivo, também chamada de autotechs, estão crescendo e começando a disputar espaço -- pelo menos quando se fala nos marketplaces para carros seminovos e usados, conectando motoristas a concessionárias ou a compradores pessoas físicas. Apenas no primeiro trimestre deste ano, três milhões de veículos do tipo foram comercializados no país. Várias empresas colocam o pé no acelerador para aproveitar a oportunidade.
Uma delas é a Carflix. A plataforma que medeia seminovos e usados entre pessoas físicas acabou de ganhar dois milhões de reais em investimento para expandir sua participação de mercado. A startup paulistana projeta um crescimento de 250% no final deste ano sobre o mesmo período de 2018, associado à entrada em mais duas cidades e investimentos em inteligência artificial.
Antes de criar a Carflix, os empreendedores Alan Ladeia e Fabio Pinto trabalharam respectivamente com vendas e operações em uma rede de concessionárias. “Nós víamos o problema que era vender um carro usado, com uma assimetria de informações entre concessionária e dono do veículo e entre o dono do veículo e o comprador final”, afirma Pinto.
O ano de fabricação, quilômetros rodados e estado geral do automóvel podem influenciar no preço de venda, sem que muitos donos entendam como ele foi definido -- os proprietários perdem de 20 a 30% do valor do automóvel na transação com a concessionária, diz o empreendedor. No caso de anúncios online, os compradores não sabem se o veículo passou anteriormente por consertos e os dois lados da equação temem encontros inseguros e fraudes, sejam nos documentos ou nos pagamentos.
A Carflix começou a operar no começo do ano passado. O dono do veículo entra no site, cadastra o automóvel e reserva um dia de inspeção, que pode ser a domicílio ou em algum dos três centros de inspeção da startup na Grande São Paulo. O carro passa por uma checagem documental, que vai do financeiro à ocorrência de sinistros, e uma checagem física, com mais de 150 itens avaliados. É preciso ter até oito anos de fabricação e até 150 mil quilômetros rodados.
Se o veículo for aprovado, a Carflix tira fotos e sobe anúncios em portais de compra e venda de carros seminovos e usados. A startup filtra compradores, cede financiamentos em parcerias com bancos, faz uma segunda checagem na hora da venda e cuida da passagem de titularidade e do fluxo de pagamentos. A Carflix dá um ano de garantia ao automóvel após a finalização da compra.
Segundo Pinto, o principal diferencial da startup do setor automotivo está em sua estrutura enxuta de pontos de venda e no atendimento domiciliar. “Podemos expandir sem grandes estruturas e por isso cobramos uma taxa menor do que a concorrência”, afirma.
A Carflix cobra 5,9% do dono do automóvel caso a venda seja bem-sucedida. O principal concorrente é o site Volanty, que também atua apenas com pessoas físicas e recentemente expandiu para São Paulo. Com 110 automóveis comercializados no segundo semestre do ano passado, a startup projeta chegar aos 400 carros comercializados no mesmo período deste ano.
Focado em investimento corporativo em startups no estágio pré Série A, o BR Startups já captou 32 milhões de reais de empresas como Age-Rio, Banco Votorantim, Bayer, BB Seguros, Microsoft e Qualcomm. Investiu em 14 startups, incluindo outra autotech -- a plataforma de conexão entre motoristas e mecânicos Car10. O ticket médio de investimento semente é de 500 mil reais a 3 milhões de reais por startup.
Com os novos dois milhões de reais, a Carflix pretende dotar sua plataforma de inteligência artificial. A tecnologia ajudará na precificação dos veículos e na análise de compradores. A expansão para mais duas metrópoles também está nos planos. Estão na lista Curitiba e Belo Horizonte ou Brasília.
A Carflix possui 12 funcionários e espera chegar a 26 até o final deste ano, com um crescimento de 250% na comparação de dezembro de 2019 sobre o mesmo mês de 2018. Espaço para expandir não falta.