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Roteiro com final feliz

Francisco Severino Silva saiu de Pernambuco para trabalhar em São Paulo — e encontrou sua vocação ao criar a Santa Clara, que cresce vendendo poltronas para cinema

Francisco Severino Silva, dono da Santa Clara. (Alexandre Battibugli)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2011 às 08h00.

Cada vez que um novo shopping center começa a ser construído, o pernambucano Francisco Severino Silva, de 52 anos de idade, procura saber quantas salas de cinema vão abrir. Em cada novo projeto — há dezenas em andamento no país —, existe um negócio em potencial para sua empresa, a estofaria Santa Clara, de São Paulo. No ano passado, Chiquinho, como é mais conhecido, produziu mais de 40.000 poltronas para cinema, o que deu à sua empresa uma receita estimada em 8 milhões de reais. “Já tenho a produção dos próximos três meses toda vendida”, diz. “Para crescer, vou precisar investir pelo menos 10 milhões de reais para ampliar a fábrica.”

A Santa Clara mostra como a expansão dos shoppings tem sido capaz de gerar oportunidades para empreendedores de quase qualquer setor. Há alguns anos, uma empresa com suas características teria bem poucas perspectivas de crescimento — seu mercado era pulverizado e os clientes quase não investiam na expansão ou na reforma das salas de cinema. Ao se adaptar às mudanças do mercado nos últimos anos, Chiquinho conseguiu fazer de sua estofaria um negócio promissor.

Em 1979, época da fundação da Santa Clara, os cinemas de rua eram maioria e as empresas exibidoras eram pequenas. Chiquinho costumava negociar diretamente com os proprietários desses estabelecimentos. Hoje ele vende para grandes redes, como Cinesystem, PlayArte, Araújo e Severiano Ribeiro. Depois que esses grandes grupos chegaram, Chiquinho percebeu que o conceito de produto tinha de ser mais amplo. “Eu não podia mais oferecer somente a poltrona”, diz. “Para tornar o negócio mais lucrativo, percebi que tinha de entregar ao cliente a sala montada.” Além de vender as poltronas, a Santa Clara passou a comprar de outras empresas carpete, cortinas, luzes e projetores. “Entrego o cinema pronto para funcionar”, afirma ele.

Em alguns casos, o empreendedor cede as poltronas e parte dos equipamentos em troca de uma participação como investidor, recebendo um percentual da bilheteria. Hoje, Chiquinho é sócio de 13 salas de cinema espalhadas por todo o país.

Em boa medida, o dono da Santa Clara tem uma história parecida com a de muitos nordestinos que deixaram a terra natal nos anos 70 em busca de trabalho. Chiquinho saiu de Belo Jardim, no interior de Pernambuco, aos 14 anos, para morar em São Paulo. Ao chegar, conseguiu trabalho como ajudante de feira livre. Foi operário em metalúrgicas e estofador numa tapeçaria, onde aprendeu a fabricar poltronas. Saiu do emprego para abrir sua empresa. O primeiro contrato envolvia a produção de poltronas para um cinema em Porto Velho, em Rondônia. “Fechei negócio e nunca mais saí desse mercado”, afirma.


No escurinho do cinema
Três fatores que explicam as receitas da Santa Clara

1- Redes de cinema

A Santa Clara vende poltronas e outros equipamentos para salas de cinema de grandes cadeias de exibição que crescem com a expansão dos shoppings

Por que tem boas perspectivas: Os clientes da empresa devem seguir abrindo novas salas de cinema nos shoppings que estão para ser inaugurados nos próximos anos

2- Projetos residenciais

A Santa Clara faz projetos e vende equipamentos de salas de cinema residenciais e para condomínios de alto padrão, normalmente com até 18 poltronas

Por que tem boas perspectivas: Nas grandes capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro, a expansão dos edifícios e das residências de luxo abre um novo mercado

3- Sociedade com exibidores

O dono da Santa Clara muitas vezes troca poltronas por uma participação na bilheteria das salas de cinema, o que traz receitas recorrentes para o negócio

Por que tem boas perspectivas: No último ano, as receitas de bilheteria nos cinemas brasileiros cresceram quase 30% — e a tendência é que o público continue aumentando

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Cada vez que um novo shopping center começa a ser construído, o pernambucano Francisco Severino Silva, de 52 anos de idade, procura saber quantas salas de cinema vão abrir. Em cada novo projeto — há dezenas em andamento no país —, existe um negócio em potencial para sua empresa, a estofaria Santa Clara, de São Paulo. No ano passado, Chiquinho, como é mais conhecido, produziu mais de 40.000 poltronas para cinema, o que deu à sua empresa uma receita estimada em 8 milhões de reais. “Já tenho a produção dos próximos três meses toda vendida”, diz. “Para crescer, vou precisar investir pelo menos 10 milhões de reais para ampliar a fábrica.”

A Santa Clara mostra como a expansão dos shoppings tem sido capaz de gerar oportunidades para empreendedores de quase qualquer setor. Há alguns anos, uma empresa com suas características teria bem poucas perspectivas de crescimento — seu mercado era pulverizado e os clientes quase não investiam na expansão ou na reforma das salas de cinema. Ao se adaptar às mudanças do mercado nos últimos anos, Chiquinho conseguiu fazer de sua estofaria um negócio promissor.

Em 1979, época da fundação da Santa Clara, os cinemas de rua eram maioria e as empresas exibidoras eram pequenas. Chiquinho costumava negociar diretamente com os proprietários desses estabelecimentos. Hoje ele vende para grandes redes, como Cinesystem, PlayArte, Araújo e Severiano Ribeiro. Depois que esses grandes grupos chegaram, Chiquinho percebeu que o conceito de produto tinha de ser mais amplo. “Eu não podia mais oferecer somente a poltrona”, diz. “Para tornar o negócio mais lucrativo, percebi que tinha de entregar ao cliente a sala montada.” Além de vender as poltronas, a Santa Clara passou a comprar de outras empresas carpete, cortinas, luzes e projetores. “Entrego o cinema pronto para funcionar”, afirma ele.

Em alguns casos, o empreendedor cede as poltronas e parte dos equipamentos em troca de uma participação como investidor, recebendo um percentual da bilheteria. Hoje, Chiquinho é sócio de 13 salas de cinema espalhadas por todo o país.

Em boa medida, o dono da Santa Clara tem uma história parecida com a de muitos nordestinos que deixaram a terra natal nos anos 70 em busca de trabalho. Chiquinho saiu de Belo Jardim, no interior de Pernambuco, aos 14 anos, para morar em São Paulo. Ao chegar, conseguiu trabalho como ajudante de feira livre. Foi operário em metalúrgicas e estofador numa tapeçaria, onde aprendeu a fabricar poltronas. Saiu do emprego para abrir sua empresa. O primeiro contrato envolvia a produção de poltronas para um cinema em Porto Velho, em Rondônia. “Fechei negócio e nunca mais saí desse mercado”, afirma.


No escurinho do cinema
Três fatores que explicam as receitas da Santa Clara

1- Redes de cinema

A Santa Clara vende poltronas e outros equipamentos para salas de cinema de grandes cadeias de exibição que crescem com a expansão dos shoppings

Por que tem boas perspectivas: Os clientes da empresa devem seguir abrindo novas salas de cinema nos shoppings que estão para ser inaugurados nos próximos anos

2- Projetos residenciais

A Santa Clara faz projetos e vende equipamentos de salas de cinema residenciais e para condomínios de alto padrão, normalmente com até 18 poltronas

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3- Sociedade com exibidores

O dono da Santa Clara muitas vezes troca poltronas por uma participação na bilheteria das salas de cinema, o que traz receitas recorrentes para o negócio

Por que tem boas perspectivas: No último ano, as receitas de bilheteria nos cinemas brasileiros cresceram quase 30% — e a tendência é que o público continue aumentando

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