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Rede de cervejarias lança cartão pré-pago e autoatendimento para chopes

Inspirada em pequenas cervejarias, a Mestre-Cervejeiro.com decidiu escalar os cartões de consumo pré-pagos e as torneiras de chope

Franquia da Mestre-Cervejeiro.com, já com as torneiras: rede se inspirou em uma tendência vista em cervejarias menores (Mestre-Cervejeiro.com/Divulgação)

Mariana Fonseca

Publicado em 15 de julho de 2018 às 08h00.

Última atualização em 16 de julho de 2018 às 15h46.

São Paulo - É cada vez mais difícil conquistar a preferência de gastos dos consumidores - e quem não inovar pode ficar para trás. Nem mesmo as cervejas , que parecem um dos negócios mais óbvios do mundo, escapam desse movimento. A concorrência está mais forte do que nunca: o número de cervejarias cresceu 37,7% no ano passado, para 679 estabelecimentos registrados.

Pensando em como se diferenciar diante de outras cervejarias e tantas opções mais de consumo e de presentes, a rede de franquias Mestre-Cervejeiro.com adotou uma tendência para pagar e consumir chopes: um cartão de consumo pré-pago, com o qual os clientes se autoatendem nas torneiras.

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A novidade funciona há pouco menos de um mês em uma nova loja de shopping da rede, em Vila Velha (Espírito Santo). Essa é uma das apostas da Mestre-Cervejeiro.com para voltar a acelerar seu crescimento, após um sofrido começo de 2018.

Inspiração e implantação

A Mestre-Cervejeiro.com começou em 2004, como um site de conteúdo elaborado pelo designer gráfico Daniel Wolff. Hoje também sommelier e juiz internacional de cervejas, Wolff abriu sua primeira loja de cervejas em Curitiba (Paraná) no ano de 2009, apoiada no contato do empreendedor com seus usuários e frequentadores de tours gastronômicos e workshops. Três anos depois, a Mestre-Cervejeiro.com começou a franquear lojas.

O sistema de cartões de consumo pré-pagos e torneiras de chopp com autoatendimento não é exatamente uma novidade, e sim uma tendência. Wolff viu essa tática nas cervejarias artesanais de Curitiba, como a Bodebrown, que acumula 19 prêmios mundiais e um faturamento de 15 milhões de reais. Em São Paulo, algumas casas que praticam a estratégia são o Bar da Avareza, o bar do Urso, a C6 Burger e o Cerveja a Granel.

Mas, enquanto tais estabelecimentos pregam a antiescala, Wolff quer popularizar esse tipo atendimento e consumo para as dezenas de Mestre-Cervejeiro.com. Hoje, a marca possui 63 unidades, todas franqueadas. “Temos uma base única de preferências do consumidor, o que muitas vezes uma loja de cervejas menor não possui. São dados competitivos.”

Como funciona?

O cliente da Mestre-Cervejeiro.com vai até o caixa da unidade e compra um cartão de consumo com créditos pré-pagos, com um mínimo de 50 reais. Depois, dirige-se a uma das torneiras (em média, serão dez por loja) e escolhe aquela com seu chope preferido.

Na tela, há informações sobre a bebida e o preço do produto por 100 mL. O próprio cliente dá os toques necessários, passa seu cartão e retira a quantidade pedida de chope, seja para tomar na hora ou levá-lo em garrafões apropriados, conhecidas como “growlers”. Ele pode levar o cartão de consumo para casa e recarregar quando desejar.

Wolff afirma que o autoatendimento não tirará o papel do vendedor, que passará a se tornar um sommelier. “Há muitos estilos de bebida. É fundamental ter alguém para tirar dúvidas e ajudar no processo. Por enquanto, mantivemos o número de funcionários que já praticamos nas unidades sem o novo esquema.”

A franqueadora disponibiliza mais de 3.500 rótulos de cervejas artesanais, nacionais ou importadas, além de alguns rótulos de fabricação própria. Nas lojas, é comum encontrar uma variedade de 100 a 200 rótulos disponíveis na hora. Entre aqueles que são vendidos em formato de chope, nos barris, o franqueador decidirá quais colocar nas torneiras. A ideia é que o cardápio se renove toda semana, apresentando novas cervejas aos consumidores.

Uma unidade em Vila Velha, inaugurada há menos de um mês em um shopping da região, foi a primeira da rede a testar ocartão de consumo com créditos pré-pagos e o autoatendimento. Nos primeiros 21 dias de funcionamento, a loja vendeu aproximadamente 300 cartões, com um crédito total de 22,5 mil reais (média de 75 reais por cartão). O faturamento das três semanas foi de 33,2 mil reais, em linha com o previsto pela Mestre-Cervejeiro.com.

Para uma unidade da Mestre-Cervejeiro.com com o autoatendimento por cartões, o investimento inicial é de 185 mil reais. O faturamento médio mensal é de 40 mil reais, com taxa de lucratividade de 15 a 20% sobre o valor. O prazo de retorno vai de 18 a 24 meses.

Começo ruim, final otimista

Com a aceitação, a Mestre-Cervejeiro.com planeja implementar a novidade em outras de suas lojas - mas ter ou não o sistema é uma decisão que, por enquanto, caberá ao franqueado.

Além de aumentar para 80 o número de unidades comercializadas, a rede espera que o faturamento em 2018 seja de 26 milhões de reais, cerca de 10% a mais do que o arrecadado no ano passado. É um valor bem mais modesto do que os 37% de crescimento vistos em 2017, comparando com 2016.

A expectativa mais baixa se deve ao começo do ano, que apresentou um resultado 7% menor do que o visto no mesmo período de 2017. Wolff atribui os números tanto à crise econômico quanto ao aumento da concorrência, inclusive de padarias e postos de gasolina. Mas aposta em uma retomada.

“No segundo semestre é sempre melhor: temos mais datas comemorativas, como Dia dos Pais, Oktoberfest, Halloween, Black Friday, Natal e Ano Novo. Estaremos com lançamentos especiais para cada uma das festas, além de, é claro, a novidade do cartão e do autoatendimento”.

Se essa projeção vai acabar em festa regada a muito chope, só um casamento feliz entre estratégia acertada e cliente disposto a consumir pode garantir.

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