Quem são as startups brasileiras que estão ganhando o mundo
Elas são pequenas, crescem rápido e começam a explorar mercados fora do país
Da Redação
Publicado em 19 de janeiro de 2012 às 05h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h27.
Com um sistema de tecnologia inovador para publicidade online, a boo-box atraiu rapidamente o interesse de investidores. No mercado desde 2007, a empresa conta com capital da Monashees Capital e da Intel Capital. A tecnologia criada pelo brasilense Marco Gomes atinge oito em cada dez brasileiros que estão na internet com um sistema que classifica e categoriza o público de 225 mil sites, exibe anúncios mais interessantes e dá resultado mais certeiro para os investidores. Em dezembro de 2011, a startup montou seu primeiro escritório fora do país, na Argentina. “O mercado brasileiro e latino-americano cresce bastante e é carente da solução que a gente tem”, explica Gomes. A estratégia adotada pela empresa foi adquirir uma companhia local para se estabelecer, a Popego. “Foi uma compra estratégica para ir para lá e juntou duas coisas boas em um processo, a tecnologia deles e a presença local”, diz. Até então, a startup só trabalhava com parcerias locais em países como Israel, França e Estado Unidos. “Como toda a América Latina fala espanhol, da Argentina conseguimos atuar em outros países”, conta. Ao todo, 13 pessoas vão trabalhar no escritório portenho. No Brasil, são 57 funcionários. A empresa garante que 75 milhões de pessoas por mês veem os anúncios e que 20% das negociações são feitas internacionalmente.
O Peixe Urbano foi criado por Julio Vasconcellos, Emerson Andrade e Alex Tabor, no começo de 2010, usando o mesmo modelo do americano Groupon. Em dezembro, o site foi listado pelo Goldman Sachs como um dos prováveis IPOs dos próximos anos. Em março de 2011, a empresa inaugurou suas operações internacionais e, nesta semana, recebeu um aporte de dois fundos americanos que deve potencializar o negócio. “O nosso ponto de partida foi a Argentina, em seguida o México e o Chile”, conta Leticia Leite, diretora de comunicação do site. Segundo ela, chegar antes nestes locais é essencial para manter o crescimento. “Era importante entrar cedo em outros países para conseguir conquistar rapidamente uma posição de liderança na região”, diz. A escolha dos mercados se deu por tamanho, potencial e conhecimento. Na Argentina e no Chile, o site comprou empresas locais. Já no México, a estrutura começou do zero. Ao todo, 200 dos mil profissionais se dedicam aos negócios internacionais. “No Brasil, estamos presentes em mais de 70 cidades, na Argentina em 10, no México em 2 e no Chile em 2 também”, ressalta. O site de compras coletivas já recebeu investimentos dos fundos Monashees Capital, Benchmark Capital, General Atlantic, Tiger Global Management, Morgan Stanley e T. Rowe Price, em valores não divulgados.
Com foco no mercado de cursos online, o empreendedor Denis Engel criou a Cresça Brasil, em 2006. A empresa oferece 500 tipos de cursos que são comprados em mais de 50 redes varejistas, como Centauro e Ricardo Eletro, e feitos pela internet. “Nosso público é das classes C e D e não costuma utilizar o meio de pagamento online”, justifica Engel. Segundo ele, a expansão internacional foi resultado do avanço do modelo de negócios no Brasil. O primeiro país a receber a plataforma foi o México. “O México tem uma característica socialmente parecida com a nossa”, explica. Para se estabelecer, a empresa fez uma parceria com um agente local que vai ser responsável por captar novos parceiros. A princípio, os cursos foram traduzidos para o espanhol e a empresa trocou o nome para Crezca México. “O empresário local tem o direito de representação dos nossos produtos e paga royalties”, conta. A operação nos Estados Unidos, chamada Go 2 Learning, deve ser inaugurada em breve também. “Lá, oferecemos cursos em três idiomas – português, espanhol e inglês – com foco no público latino-americano”, ressalta. Segundo Engel, a principal dificuldade neste processo é encontrar o parceiro mais adequado. Os representantes devem investir 300 mil dólares para começar a operar. Chile, Argentina e Europa são áreas que estão em negociação pela startup. A previsão é vender 250 mil cursos para os mexicanos no primeiro ano de atuação. “No Brasil, comercializamos 200 mil cursos por mês”, revela.
O Kekanto é um guia online colaborativo de gastronomia e entretenimento. Chamado de “boca a boca online”, o serviço foi criado por Fernando Okumura, Allan Kajimoto e Bruno Yoshimura e é comparado ao americano Yelp. Os fundos Kaszek e Accel já investiram no negócio. O dinheiro – valor não revelado – vai ajudar principalmente na expansão internacional. “Já estamos no Chile e na Argentina com a oferta de serviços há algum tempo e agora contratamos uma pessoa para ficar em Buenos Aires”, conta Okumura. O empreendedor conta que eles fizeram questão de procurar um representante local, que conhecesse bem a cidade. “Buenos Aires foi o lugar escolhido para começarmos porque um dos nossos investidores está baseado lá e tem um conhecimento profundo da região”, explica. Segundo ele, as cidades grandes tendem a receber melhor o serviço e com a capital portenha não tem sido diferente. “É mais fácil achar gente que gosta de coisas novas e está disposta a experimentar”, conta. Hoje, o faturamento da startup não é relevante, de acordo com Okumura. “A prioridade não é o retorno financeiro. A gente está procurando criar audiência através da criação de conteúdo primeiro”, diz.
Criada em 2004, a Samba Tech oferece transmissão de vídeos online. Sob o comando de Gustavo Caetano, a empresa inaugurou sua primeira sede internacional, em Buenos Aires. “É um mercado com muitas oportunidades. Antes, a gente achava que era muito cedo porque a tecnologia depende da infraestrutura de internet do país”, conta Caetano. Com um investimento de 1 milhão de reais, a Samba Tech já pensa em cruzar a fronteira de novo. “Já estamos olhando a oportunidade de abrir um escritório no México, no Peru e no Chile”, diz. Hoje, são quatro pessoas tralhando na Argentina, mas a equipe deve chegar a 15 profissionais. No Brasil, a empresa mineira tem 60 funcionários. “A gente está buscando uma segunda rodada de investimento de 10 milhões de dólares para crescer mais rápido”, revela. A empresa já tem capital investido do fundo FIR Capital. A startup cresceu 200% nos últimos dois anos e espera que 10% do faturamento de 20 milhões de reais para 2012 venha da operação internacional. “Quem consegue chegar primeiro em alguns países tem uma vantagem competitiva”, ressalta.