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Produto "imperfeito" pode fazer sucesso, mostra o Easy Taxi

Não espere o momento de atingir a perfeição

Tallis Gomes, da Easy Taxi: liberou protótipos do serviço antes do lançamento oficial (Daniela Toviansky)

Tallis Gomes, da Easy Taxi: liberou protótipos do serviço antes do lançamento oficial (Daniela Toviansky)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de abril de 2014 às 09h05.

São Paulo - Em 2011, quando fundou a Easy Taxi, que faz um aplicativo para motoristas e usuá­rios de táxi, o publicitário Tallis Gomes, de 26 anos, deu aos funcionários uma ordem. Eles deveriam desenvolver o sistema no menor prazo possível. "A ferramenta poderia não funcionar 100% bem e ser meio 'pelada' ", diz Gomes.

Três semanas depois, ficou pronta uma primeira versão, que permite ao passageiro usar o celular para chamar o carro mais próximo, de um motorista também conectado ao sistema. O protótipo foi entregue para teste a 70 taxistas e passageiros. Eles deveriam usá-lo de graça, avisar o que estava faltando e reclamar do que não funcionasse direito.

Dois meses mais tarde, foi trocado por uma segunda versão, que, quatro meses depois, deu lugar a uma terceira. Na quarta, o serviço foi para o mercado. "O projeto foi do zero ao lançamento em apenas sete meses", diz Gomes. "Foi metade do que se tivéssemos feito tudo de uma vez."

Um exemplo de algo que foi melhorado é o botão usado pelos taxistas para aceitar ou recusar uma corrida. "Eles disseram que era difícil enxergá-lo à noite", diz Gomes. "Agora, o botão fica bem no centro da tela." A colaboração dos usuários também ajudou a Easy Taxi a descobrir logo que alguns dos recursos projetados inicialmente não tinham muita utilidade.

Foi o caso da função para saber as condições do trânsito e encontrar rotas alternativas. "Eles precisavam de um dispositivo para aceitar ou recusar uma corrida que fosse fácil de usar, e só", diz Gomes. "Mais do que isso só encareceria o produto."


Para os clientes, o produto imperfeito da Easy Taxi também foi útil. "Enquanto testava, consegui uma porção de corridas sem investir nada”, diz Antônio Bueno, taxista da cidade do Rio de Janeiro. A empresa tem hoje mais de 5.000 taxistas cadastrados, que pagam 2 reais por corrida. "Os clientes são taxistas independentes, que não contam com central telefônica e aparelhos de rádio", diz Gomes.

O que a Easy Taxi fez tem o nome de "produto mínimo viável". Primeiro, a empresa faz um protótipo (também chamado de beta), libera o uso a um grupo de clientes em potencial e observa o que acontece. Conforme for, mais funções são acrescentadas. Recursos que se mostram pouco úteis são extintos. O que fica é continuamente melhorado até chegar ao lançamento oficial.

"O custo da evolução por etapas é menor do que o de uma pesquisa de mercado tradicional", diz Edson Rigonatti, sócio da paulista Astella, gestora de recursos que  investe em startups. "É também muito mais rápido do que levar meses construindo um produto completo e só no final saber que os clientes não gostaram."

Empresas de tecnologia, como as de softwares e sites, são candidatas naturais a aproveitar o produto mínimo viável — em comparação com outros produtos, não é tão complicado modificar um software em pleno voo. Mas é possível adaptar a ideia. Vamos imaginar que uma empresa que faz tintas vai fabricar pincéis.

Pintores que já usam a tinta poderiam testar protótipos de pincéis. Com o relato deles, a empresa faria novas versões, que seriam testadas novamente — e assim por diante, até chegar a um pincel definitivo. Em troca, os pintores poderiam receber pincéis de graça no lançamento oficial. 

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