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Polêmico "Netflix dos cinemas" terá plano com 1 filme por dia no Brasil

A MoviePass tem planos de desembarcar em terras brasileiras no próximo ano - mas, antes, terá de provar a viabilidade de seu modelo de negócios

Cinema: startup quer chegar a 5 milhões de assinantes com seu plano de 1 filme por dia (Michael Blann/Thinkstock)

Cinema: startup quer chegar a 5 milhões de assinantes com seu plano de 1 filme por dia (Michael Blann/Thinkstock)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 14 de maio de 2018 às 06h00.

Última atualização em 14 de maio de 2018 às 09h33.

São Paulo - O Brasil terá em breve um serviço que permite assistir a um filme todos os dias. É o que promete Mitch Lowe, CEO da startup americana MoviePass, que começará a procurar cinemas parceiros no fim deste ano e estima o desembarque em terras brasileiras para 2019.

Com mais de 2 milhões de assinantes nos Estados Unidos, a MoviePass é um serviço que se autointitula a próxima “Netflix dos cinemas”. Custa 9,95 dólares por mês (na cotação atual, cerca de 35,82 reais) e permite aos seus usuários verem um filme por dia

Mesmo com limitações - o usuário não pode reassistir aos filmes e só pega seu ingresso na hora, sem reservar pela internet -, o valor de assinatura é menor do que o de um único ingresso para o cinema americano.

O custo-benefício atraiu tantos interessados que a MoviePass quer expandir para a Europa e para a América Latina (incluindo o Brasil). "Estamos confiantes de que nossa expansão internacional e nosso crescimento nos Estados Unidos continuarão a atrair investidores", afirmou Lowe a EXAME. "Em cinco anos, representaremos 30% de toda bilheteria nos Estados Unidos."

Porém, a empresa esbarra em um problema comum ao modelo de negócio de muitas startups: gastar dinheiro sem perspectivas de retornos similares.

A conta vai fechar?

A MoviePass pratica um valor de assinatura que parece bom demais para ser verdade - uma tática comum em negócios nascentes. A ideia é usar os recursos captados com investidores para diminuir a barreira de entrada dos clientes. Com mensalidades baratas, o volume de usuários cresce vertiginosamente (e a concorrência quebra).

A startup pode, então, usar o grande volume de receitas para cobrir lentamente seus custos, negociando parcerias com menor custo por cliente e aumentando gradualmente a mensalidade. Com o tempo, a margem de lucro se expande - e a startup se torna um negócio saudável.

Porém, a MoviePass já enfrentou poucas e boas aplicando a estratégia. Vendo o dinheiro dos investidores secar e o retorno demorar, o negócio tentou aumentar sua receita de duas formas. Primeiro, a MoviePass tentou passar um plano que permitia apenas quatro filmes por mês, mas teve de voltar atrás.

Depois, a companhia disse que usava dados de localização de seus usuários para oferecer “uma tarde customizada” por meio de anunciantes, que pagavam pelo acesso às informações.

Em um mundo no qual o Facebook passou por um escândalo de venda de dados, os consumidores não gostaram nada de saber que pagavam pela MoviePass dando seus hábitos de consumo. Lowe voltou atrás e disse que a MoviePass não guardava, de fato, onde os usuários tinham ido antes e depois de assistir a um filme - ele só estaria discutindo uma perspectiva futura.

Movie Pass

(Facebook/Movie Pass/Reprodução)

A principal investidora da MoviePass é a Helios and Matheson Analytics Inc., que comprou uma participação majoritária na empresa em agosto de 2017. A empresa de dados vêm sofrendo uma desvalorização de valor de mercado vertiginosa nas últimas semanas, com uma queda na ação de 3,02 dólares para 0,61 dólares no último mês.

Em resposta, Lowe afirmou em comunicado que a MoviePass diminuiu entre 35 a 40% de sua burn rate - a velocidade em que os recursos da companhia são “queimados” - ao coibir usuários que usavam os serviços da MoviePass de forma indevida (emprestar para colegas e reassistir filmes, por exemplo).

“Nós sempre soubemos, desde quando a MoviePass foi lançada, que seria um modelo de negócio com muita queima de dinheiro. Nós não estamos mudando nossa projeção de 5 milhões de assinantes até o fim deste ano - o que nos faria ter um fluxo de caixa positivo, de acordo com nosso modelo de negócio. Nós temos acesso a 300 milhões de dólares por meio do mercado de capitais. Então, há muito dinheiro disponível para manter o crescimento de assinantes e os hábitos de cinema de nossos usuários.”

Lowe continua defendendo que sua startup foi feita para gastar dinheiro até dar certo e que o ponto de equilíbrio chegará em 2019 - junto com o desembarque em terras brasileiras. Startups não são um negócio para pessimistas.

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