Pequenas indústrias voltam a crescer no 3º tri
Apesar do crescimento, acesso ao crédito ainda não recuperou nível pré-crise, mostra pesquisa da CNI
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2010 às 10h16.
Brasília – As pequenas indústrias, que haviam interrompido o processo de recuperação no segundo trimestre do ano, voltaram a crescer no terceiro.
De acordo com a pesquisa Sondagem Industrial, realizada de três em três meses pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o segmento registrou 52 pontos no item 'atividade industrial'. Na pesquisa anterior, o indicador estava abaixo dos 50 pontos. De acordo com a metodologia da pesquisa, a pontuação varia de zero a 100, sendo que os resultados acima de 50 são considerados positivos.
A Sondagem do terceiro trimestre foi divulgada na tarde de quarta-feira (27). O estudo aponta ainda que também o item 'condição financeira' da pequena indústria acusou melhora, alcançando 50 pontos, apesar de o indicador relativo a 'lucro operacional', ter ficado em 46,8. Porém, essa foi a melhor pontuação em lucro operacional desde 1998, quando a CNI incluiu o segmento das pequenas indústrias no levantamento, observou Marcelo Souza Azevedo, economista da entidade.
Em ‘acesso ao crédito’, a Sondagem mostrou que o quadro ainda está mais difícil para as pequenas indústrias (43,5 pontos) do que antes da crise de 2008, quando esse indicador estava próximo dos 45 pontos.
O setor industrial está há cinco trimestres aumentando o número de empregados. Nesse item, as pequenas indústrias alcançaram 53,5 pontos no terceiro trimestre, contra 54,5 pontos das médias e 57 das grandes.
Câmbio
“Em termos de conjuntura, o problema que permanece é o câmbio valorizado”, ressalvou Renato Fonseca, gerente da Unidade de Pesquisa da CNI. “A expectativa está um pouco menos otimista para os próximos seis meses, devido à possível queda nas exportações.” Além do câmbio, a expectativa de queda no comércio exterior também é alimentada pelo desempenho fraco dos mercados dos países desenvolvidos.
O tema exportações é bastante relevante para as grandes indústrias, mas menos significativo para as pequenas, que exportam menos. Entretanto, o real forte também estimula as importações, o que traz impacto para as pequenas empresas. “A importação aumenta e cria mercados antes não existentes, acirrando a competição no mercado interno”, esclareceu Marcelo Azevedo.
Otimismo
Entre os principais problemas que afetam o segmento das pequenas indústrias, a Sondagem apontou elevada carga tributária; competição acirrada de mercado; falta de trabalhador qualificado; taxas de juros elevadas; alto custo da matéria prima; falta de capital de giro; falta de demanda; inadimplência dos clientes; capacidade produtiva; falta de financiamento de longo prazo; e falta de matéria prima.
O indicador relativo à falta de demanda, no entanto, caiu cerca de 7 pontos do segundo para o terceiro trimestre, o que demonstra que o otimismo prossegue entre os empresários de pequeno porte em relação ao crescimento do mercado interno, de acordo com o economista da CNI.
A Sondagem Industrial do terceiro trimestre de 2010 envolveu 1.529 empresas, sendo 904 pequenas, 424 médias e 201 grandes, dos setores extrativo e da transformação, no período de 4 a 19 de outubro, em todas as unidades da Federação.Para a CNI, microempresas são aquelas com até 19 empregados; pequena, com 11 a 99 funcionários; média, de 100 a 499; e grande, a partir de 500 colaboradores.