Crédito: programas de apoio aos pequenos empresários, como Fampe e Pronampe, concederam quase 40 bilhões de reais em empréstimos em 2020 (Tom Werner/Getty Images)
Carolina Ingizza
Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 08h00.
Estudo realizado pelo Sebrae aponta que a inadimplência dos pequenos negócios em operações de crédito alcançou, em 2020, o nível mais baixo de uma série histórica iniciada em 2012.
Considerando o conjunto dessas empresas (MEI, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), a inadimplência registrada no terceiro trimestre do ano foi de 3,3%. Um dos motivos para esse resultado, de acordo com o Sebrae, foi a implementação dos programas que possibilitaram um maior acesso dos empreendedores ao crédito, como Fampe e Pronampe.
O levantamento, realizado com base em dados do Banco Central, mostra que o nível mais baixo de inadimplência (2,8%) foi registrado entre as Empresas de Pequeno Porte (EPP) e o mais elevado foi verificado entre os Microempreendedores Individuais (MEI), com 5,6%. As Microempresas, por sua vez, tiveram uma inadimplência de 5,1% em média.
Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, apenas esses dois programas do governo (Fampe e Pronampe) foram responsáveis pela concessão de quase 40 bilhões de reais de empréstimos para os pequenos negócios. “As operações de crédito no âmbito desses programas têm prazos de carência que foram extremamente relevantes para as empresas que obtiveram o empréstimo”, comenta Melles. “Foi um oxigênio imprescindível para que os empreendedores tivessem fôlego para suportar o momento mais difícil de queda no nível de faturamento”, acrescenta o presidente do Sebrae.
De acordo com levantamentos da instituição, realizados desde o início da pandemia, a perda média de faturamento dos pequenos negócios chegou – no momento mais crítico – ao patamar de 70%. Com a retomada das atividades, houve uma redução nesse nível de perda, chegando ao nível de 39% (em novembro).
Para o analista de Capitalização e Serviços Financeiros do Sebrae, Giovanni Beviláqua, a preocupação agora é com o impacto que o fim do período de carência, somado ao fim de outras medidas de socorro como o Auxílio Emergencial e a MP 936, que permitiu a suspensão de contratos de trabalho e a redução de salários e jornadas durante o estado de calamidade, devem provocar.
“A carência de grande parte das operações de crédito do Pronampe chega ao fim nesse primeiro trimestre, e os pequenos negócios passarão efetivamente a começar a pagar os empréstimos contratados em 2020. Somente a partir daí poderemos avaliar melhor o comportamento da inadimplência e sua evolução em 2021”, avalia Giovanni.
O economista acrescenta que o cenário geral ainda é de muita preocupação com os donos de micro e pequenas empresas. “Em uma pesquisa feita pelo Sebrae, em novembro, 47% dos donos de pequenos negócios haviam manifestado muita dificuldade para manter suas empresas em operação. É importante pensarmos na continuidade dessas políticas de proteção a esses empreendedores. Até porque, como já vimos acontecer em 2020, os pequenos negócios são os maiores responsáveis pela geração de emprego e recuperação da economia”, avalia.