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Para ficar bem na foto

A Cabine Laranja cresce ao oferecer um serviço de fotografias instantâneas que virou moda em festas de casamento e em eventos corporativos. Que modelo o empreendedor Rafael Cavaca deve adotar para espalhar essa ideia pelo Brasil?

Rafael Cavaca, da Cabine Laranja: instalação de cabines fotográficas em festas e eventos (Daniela Toviansky / EXAME PME)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2014 às 06h00.

São Paulo - Os 150 convidados do casamento da administradora Juliana Rangel Ferreira, de 33 anos, com o empresário Kris Dom, de 41, levaram uma lembrança simpática da festa que aconteceu há cerca de três meses em Bauru, no interior de São Paulo. Numa cabine chamativa instalada num canto do salão, eles podiam tirar fotos com os noivos e imprimi-las na hora.

Muitos fizeram poses engraçadas usando bigodinhos de plástico e óculos espalhafatosos. “Contratei o serviço sem minha filha saber e foi o maior sucesso”, diz a aposentada Aparecida Rangel, mãe da noiva. O publicitário Rafael Cavaca, de 31 anos, está acostumado com reações desse tipo. Ele é o fundador da Cabine Laranja, empresa que presta o serviço contratado por Aparecida.

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Fundada em 2012 em Bauru, a Cabine Laranja tem crescido graças ao gosto do brasileiro por festas. Só o mercado de casamentos movimentou no ano passado cerca de 16 bilhões de reais, quase 10% mais do que em 2012, segundo a associação que reúne fornecedores de festas e eventos sociais.

“É comum que, no meio de um casamento, algumas moças me procurem para saber como contratar a Cabine Laranja”, diz Cavaca. “Muitas já têm a data marcada para o próprio casamento e estão preocupadas em dar uma festa tão boa quanto a de suas amigas.”

Em 2014, a Cabine Laranja deverá faturar 600.000 reais, três vezes mais do que em 2013. Cavaca estima que as festas de casamento, de comemoração de bodas e de aniversário vão responder por pouco mais da metade das receitas. O restante deverá vir de empresas como Petrobras e Rede Globo, que contratam os serviços da Cabine Laranja para os eventos corporativos que organizam.

“Fornecer para empresas dá certa credibilidade a minha marca e é um jeito de gerar receitas fora dos fins de semana, que é quando as festas geralmente acontecem”, diz Cavaca.

Com presença na capital e nas cidades do Centro-Oeste paulista, Cavaca acha que é o momento de expandir para outras regiões. Ele vê chances de bons negócios em municípios do interior do estado onde ainda não atua, como Sorocaba, e em cidades turísticas do Nordeste. Mas ainda está em dúvida sobre a melhor forma de financiar a expansão. “Não estou certo se devo investir o próprio capital ou lançar o licenciamento da Cabine Laranja”, diz Cavaca.

Caso decida aportar recursos próprios e crescer sozinho, Cavaca deverá ter mais controle sobre suas­ operações da Cabine Laranja — o que é importante num tipo de negócio que pode ser facilmente copiado. A desvantagem é que o avanço seria lento, à medida que a empresa gerasse caixa.

O licenciamento seria uma alternativa para espalhar rapidamente o modelo pelo Brasil. Também é um jeito de gerar receitas recorrentes, pois os licenciados pagariam royalties para po­der usar a ideia. “Se seguirmos es­­se caminho, terei de criar uma no­va área dentro da empre­sa só para administrar a re­­lação com os licenciados, o que faria com que os cus­­tos aumentassem”, diz Cavaca.

Para ajudar Cavaca a refletir sobre a melhor forma de fazer a Cabine Laranja avançar, Exame PME ouviu Marcelo Politi, sócio da Tramezino, que fornece lanches para eventos corporativos, e a consultora Marina Dalul, do Grupo Cherto, especializado em projetos de expansão. Opinou também o empreendedor Rinaldo Faria, responsável pelo licenciamento da marca infantil Patati Patatá.

Atender grandes eventos

Marcelo Politi, da Tramezino — São Paulo, SP. Lanches para eventos.

Perspectivas: O Brasil está se consolidando como um importante destino de eventos internacionais, como megashows de artistas famosos. De acordo com estimativas da consultoria PwC, a venda de ingressos e o montante de patrocínio para grandes eventos de entretenimento deverão crescer mais de 10% em 2014 em relação ao ano passado.

Oportunidades: No mercado publicitário, estima-se que para cada 1 real investido em patrocínio é preciso aplicar outro 1 real para fazer com que as pessoas liguem uma marca a determinado evento. É o que os marqueteiros chamam de verba de ativação.

Serviços como o da Cabine Laranja, que pressupõem certo grau de interação, são um bom jeito de fazer com que as pessoas permaneçam por mais tempo expostas a determinada marca e se lembrem dela.

O que fazer: Cavaca poderá encontrar uma boa aceitação se começar a procurar os grandes patrocinadores para oferecer seus serviços. A experiência com festas corporativas deverá abrir muitas portas. Isso vai ajudá-lo a convencer os patrocinadores de eventos de entretenimento que atraem grandes públicos a incluir a Cabine Laranja entre seus fornecedores.

Crescer dos dois jeitos

Marina Dalul, do Grupo Cherto — São Paulo, SP. Consultoria especializada em expansão.

Perspectivas: O problema de mercados com poucas barreiras de entrada, como o que vem sendo explorado por Cavaca, é que eles dão margem para que a concorrência avance muito rapidamente, conforme o produto ou serviço se torne popular. Foi o que já aconteceu com diversos outros tipos de empresa, como as redes de iogurterias e os aplicativos de táxi.

Oportunidades: O mais importante neste momento é crescer com rapidez e consistência. Não se trata de mania de grandeza. É que já vi várias cabines de fotos como as da Cabine Laranja em eventos por aí. Num mercado que já é competitivo, os líderes tendem a aprender mais rapidamente com os erros da própria empresa.

Com isso, têm mais chances de consertá-los antes de seus concorrentes menores. É por esse motivo que a Cabine Laranja deve ocupar de uma vez o maior número possível de cidades.

O que fazer: Optar por um modelo híbrido, com algumas operações próprias e outras licenciadas. Para chegar a regiões mais distantes, como o Nordeste, contar com parceiros que saibam o melhor caminho para crescer localmente pode se mostrar importante com o tempo.

Os licenciados podem ficar responsáveis apenas pelas negociações dos eventos sociais. Os clientes corporativos, mais sensíveis, devem continuar sendo atendidos pelo escritório central.

Fortalecer a marca para licenciá-la

Rinaldo Faria, da Patati Patatá — São Paulo, SP. Produção audiovisual e licenciamento de produtos infantojuvenis.

Perspectivas: Os produtos com marcas licenciadas deverão movimentar 13 bilhões de reais em 2014, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento. É um crescimento de 4% em relação a 2013. O avanço tem sido amparado nos últimos anos pelo aumento do poder de consumo.

Oportunidades: Há varios tipos de produto que exploram a imagem de um personagem para atingir determinado público. Mas não é tão comum que empresas licenciem um modelo de serviço. Vejo isso como uma oportunidade. Se Cavaca conseguir criar uma marca forte, muita gente vai querer pagar royalties para levar a ideia da Cabine Laranja adiante.

O que fazer: Identificar quais são os principais atributos da Cabine Laranja e fortalecê-los. Se os casamentos estão atraindo mais receitas, Cavaca pode fazer parcerias com organizadores de festas que levem as cabines a novas regiões. Isso deve aumentar o interesse local e ajudar na busca por potenciais licenciados.

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