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O inusitado império da sobrancelha

Tom Cardoso ‪A história da esteticista Luzia Costa se confunde com a de muitos empreendedores brasileiros. Ela já vendeu pirulito, tomate‬ seco e sanduíche na região do Vale do Paraíba, em São Paulo. Até que acertou num segmento para lá de segmentado — as sobrancelhas. Luzia fundou, há três anos, quando tinha 33, a Sóbrancelhas, […]

LUZIA COSTA: a meta é fechar o ano com faturamento de 50 milhões de reais / Edgard Pacheco
DR

Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 11h22.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h29.

Tom Cardoso

‪A história da esteticista Luzia Costa se confunde com a de muitos empreendedores brasileiros. Ela já vendeu pirulito, tomate‬ seco e sanduíche na região do Vale do Paraíba, em São Paulo. Até que acertou num segmento para lá de segmentado — as sobrancelhas. Luzia fundou, há três anos, quando tinha 33, a Sóbrancelhas, rede de franquias de embelezamento do olhar e da face. Sua empresa‬ deve fechar o ano com o faturamento na casa dos 50 milhões de reais, um aumento de 108% em relação ao ano anterior. O número de unidades também deve dobrar e chegar a 300 até o fim de 2016. E, apesar do nome, seu negócio já foi muito além das sobrancelhas.‬‬‬‬‬‬

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‬Luzia destacou-se sobretudo por buscar soluções inovadoras num segmento pouco afeito a mudanças. A Sóbrancelhas foi, por exemplo, a primeira em seu ramo a testar dois novos modelos de negócios, oferecendo seus serviços (alongamento de cílios, design de sobrancelhas, limpeza de pele etc.) em quiosques e, mais tarde, em unidades itinerantes, adaptadas para atender clientes em grandes eventos ou em empresas. Como costuma acontecer, o mercado que não existia até pouco tempo atrás hoje está repleto de concorrentes facilmente identificáveis: Spa das Sobrancelhas, Sobrancelhas Design, Sobrancelhas Express – e Siluets.

Para se manter à frente, Luzia dorme pouco. Passa boa parte da noite pensando em novas ideias. “Às vezes viro a madrugada buscando uma nova técnica, alguma descoberta que me faça crescer de forma mais rápida e ao mesmo tempo seja algo que beneficie diretamente meus clientes”, diz. A esteticista procurava há tempos uma nova ferramenta que substituísse o alicate. “Tentei vários instrumentos, pois achava que o alicate sempre oferece algum tipo de risco, tanto para quem o manuseia, que pode se cortar, quanto para o cliente, exposto a algum tipo de contaminação”, diz Luzia.

Foi durante uma ida ao dentista com a filha que Luzia descobriu o substituto do alicate. Ele estava ali, à sua frente, a dois palmos de distância: a broca, o instrumento cortante usado para limpar e preparar as cavidades cariadas. “Eu pedi a ponta diamantada mais delicada que os dentistas usam para tirar a cárie mais profunda sem machucar. Saí de lá e fui direto a um manipulador, pois tinha a certeza de que havia achado uma ferramenta menos invasiva e mais segura no método de fazer as unhas”, afirma Luzia. Da descoberta nasceu a Beryllos, uma nova franquia especializa no tratamento de unhas. A marca planeja inaugurar 20 unidades até o fim do ano. Luzia, que já patenteou o produto, planeja abrir lojas da Beryllos até no exterior.

Para Cristiane de Paula, sócia da Uniko, consultoria especializada em varejo, diferentemente do que se imagina, o grande obstáculo a ser enfrentado por Luzia e suas duas franquias voltadas para o segmento de beleza não é a crise econômica. “Pesquisas mostram que as mulheres não deixam de se cuidar porque estão com menos dinheiro. Elas podem até gastar menos, mas não vão deixar de fazer as unhas no salão”, afirma Cristiane. O desafio maior de Luzia, segundo a consultoria, é convencer o futuro franqueado de que seu modelo de negócios é a opção certa e segura. “Como seu perfil de negócio é arrojado, com várias soluções novas, muitas delas ainda completamente desconhecidas do mercado, a comunicação tem de ser muito bem-feita”, diz.

Luzia diz ter aprendido em todas as crises. Antes de se tornar franqueadora, ela chegou a quebrar uma pizzaria em Taubaté, que era um sucesso na cidade, por falta de experiência e tino comercial. “Eu misturei os bolsos. Pegava o dinheiro do caixa para trocar de carro. Quebrei”, diz Luzia. Hoje ela tem uma equipe de 70 funcionários diretos e 700 indiretos. É o inusitado conglomerado das sobrancelhas, construído fio a fio.

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