"Netflix" da TV por assinatura oferece pacotes de canais a partir de R$15
Na contramão dos serviços on demand, startup brasileira Guigo TV aposta na oferta de televisão por assinatura pela internet
Carolina Ingizza
Publicado em 12 de março de 2020 às 06h00.
Última atualização em 15 de março de 2020 às 20h57.
Ao notar a migração do mercado de entretenimento para plataformas de serviço sob demanda, o empreendedor Renato Svirsky viu uma oportunidade. Ele percebeu que não havia nenhum serviço via internet que oferece acesso aos canais lineares de televisão por assinatura.
Investigando o mercado, o empreendedor descobriu que poderia oferecer um serviço de televisão por assinatura por um preço muito mais barato do que o praticado pela concorrência, usando a internet em vez do cabo como meio de de distribuição. Daí nasceu a startup Guigo TV, lançada ao mercado em dezembro de 2018.
Em pouco mais de um ano desde o lançamento, o serviço atingiu uma base de 68.000 cadastrados e de 2.000 assinantes — crescendo a uma taxa de cerca de 25% ao mês. A meta do fundador é atingir ainda em 2020 o ponto de equilíbrio da operação e chegar a dezembro faturando 450 mil dólares por mês.
Como funciona
O serviço de TV por assinatura da Guigo TV pode ser contratado de qualquer lugar do Brasil. Para consumir os conteúdos, o assinante tem que acessar a plataforma da empresa pelo site ou pelos aplicativos da marca, disponíveis nas lojas de smartphones, tablets e smart TVs.
O plano básico hoje, com 21 canais, custa 15 reais por mês. Caso o cliente queira conteúdos específicos, pode comprar pacotes extra. Adicionar os canais mexicanos especializados em telenovelas, por exemplo, custa 8 reais. O pacote com os canais esportivos da ESPN, mais dez reais.
Segundo Svirsky, a principal diferença do serviço para a TV a cabo tradicional é a opção de contratar somente os canais desejados, em vez de precisar ir aumentando o nível do pacote para poder consumir conteúdos considerados premium. “Na TV a cabo tradicional, você compra 100 canais e assiste cinco. No nosso serviço, você compra somente os conteúdos que te interessam”, diz o fundador.
História da empresa
A Guigo TV é o primeiro empreendimento do fundador. Svirsky, que é formado em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV), trabalhou anteriormente como gerente de planejamento financeiro na plataforma de cursos online eduK, onde ficou de 2014 a 2016. Foi na empresa em que ele teve primeiro contato com negócios de internet e de produção de conteúdo.
Na trajetória da companhia, não há nenhum Guigo. O nome da empresa veio do acaso e foi criado pelo próprio empresário — ele conta que buscava uma palavra curta, com muitas vogais e que fosse possível de ser falada em vários idiomas. O outro sócio do negócio é a mãe de Renato, a empresária Monica Baer. Juntos, eles investiram cerca de 500 mil dólares na companhia.
Até então, a empresa não captou nenhum investimento externo, mas está aberta ao mercado. Os objetivos do presidente são levantar cerca de 7 milhões de dólares em uma série A para poder melhorar a infraestrutura técnica e investir em publicidade.
Desafios do negócio
Nos primeiros meses da operação, o desafio foi conseguir convencer as grandes redes de televisão a negociarem. “Sem os canais, era impossível vender para o cliente; mas sem o cliente, era muito difícil negociar com os canais”, conta Svirsky.
Pouco a pouco, a empresa conseguiu mostrar seu projeto para grandes grupos de mídia e fechou seus primeiros contratos de licenciamento. Entre os canais oferecidos hoje, estão, Disney Channel, ESPN, Televisa, BBC, Al Jazeera e TV Cultura.
O fundador diz que nos próximos meses os canais do grupo Turner, dono de marcas como TNT e Cartoon Network, vão entrar no serviço.Ao longo do ano, seu objetivo é trazer mais canais especializados em filmes e séries para a plataforma.
“Somos uma fonte alternativa de receita para canais e programadoras — que ficam com uma fatia do valor das assinaturas e contribuímos para fomentar o mercado de TV pela internet ”, explica o fundador.
Em relação aos concorrentes, Svirsky está otimista. O empreendedor acredita que a estratégia de grandes grupos, como Disney, Turner e Globo, de criarem seus próprios serviços de streaming vai na direção da Guigo TV. “Está de acordo com nossa dinâmica de desempacotar os serviços e oferecer mais barato para o cliente”, diz.
Seu argumento a favor da Guigo TV é que muitos canais não vão querer investir em tecnologia própria para seus serviços de streaming e que os clientes não vão assinar diversos serviços, preferindo pagar uma mensalidade única para uma plataforma que ofereça diversos conteúdos.
Para o empreendedor, existe demanda no mercado por conteúdo relevante a um preço acessível, mas “as opções existentes nunca se preocuparam em atingir a população inteira”.
“Nosso propósito como empresa é abaixar o preço e tornar a televisão por assinatura mais acessível ao público”, diz.