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“Netflix da diversidade”, Wolo TV nasce focado na população negra

Empreendedores criaram um serviço de streaming global focado em produzir conteúdos que representem a população negra brasileira

A Casa da Vó: primeira série original da plataforma é protagonizada pela cantora e atriz Margareth Menezes e conta com participação especial do rapper Rincon Sapiência (Wolo TV/Júlio Limiro/Divulgação)
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Carolina Ingizza

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 16h00.

Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 16h15.

O engenheiro angolano Licínio Januário teve uma surpresa quando chegou ao Brasil 14 anos atrás. Pelo que acompanhava das séries, filmes e novelas brasileiras, ele não imaginava o tamanho da população negra do país. Indignado com a falta de representatividade, ele decidiu criar conteúdos audiovisuais para equilibrar a balança.

Agora, com o amigo Leandro Lemos, que possui 20 anos na área de tecnologia, ele lança a plataforma Wolo TV: um serviço de streaming com conteúdo focado na população negra brasileira. A plataforma chega ao mercado no final de dezembro com o lançamento da série de comédia original “A Casa da Vó”, estrelada pela cantora e atriz Margareth Menezes.

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A série mostra a vida de Teresa, uma ex-funcionária pública bem-sucedida que abriga seus quatro netos em casa. “A população negra consome em média 1,7 trilhões de reais por ano, mas ainda não vemos séries de TV que mostram famílias negras em posição de sucesso”, afirma Lemos.

Segundo os sócios, a intenção é que todos os conteúdos tenham esse toque popular, como nas séries americanas Todo Mundo Odeia o Cris e Um Maluco no Pedaço, que fizeram sucesso no Brasil.

“Neste 20 de novembro, acordamos com a notícia de que um homem negro foi morto no Carrefour. Isso acontece porque a televisão ensinou que o homem negro é um perigo. Nascemos com a intenção de desmistificar isso, o audiovisual pode fazer isso num piscar de olhos”, diz Januário.

Como funciona

Para não competir com gigantes como Netflix , Amazon Prime e Disney+, o serviço de streaming não usará o modelo de assinatura. Quem quiser assistir o conteúdo na plataforma da Wolo TV precisará comprar a série ou filme individualmente, como no modelo de pay-per-view popularizado pela TV a cabo.

Os sócios receberam um investimento de 1,2 milhão de reais liderado pelo fundo Dima, do Qatar. O capital foi usado para a produção da primeira série original da Wolo TV. Agora, a startup busca uma nova rodada de 4 milhões de dólares para escalar a operação.

“Nos Estados Unidos, iniciativas como o Tyler Perry Studios ganham milhões de dólares focadas nesse tipo de conteúdo. E lá os negros são só 18% da população, imagine no Brasil onde somos mais de 50%”, diz Lemos.

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