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Eles começaram um negócio com R$ 3 mil. Hoje, faturam 40 milhões

Alexandre Loudrade e Vinicius Almeida criaram uma escola de informática no andar de baixo da casa que dividiam. Hoje, eles têm mais de 300 unidades.

Vinicius Almeida e Alexandre Loudrade, da Evolute Cursos

Mariana Fonseca

Publicado em 23 de outubro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 20 de dezembro de 2016 às 18h20.

São Paulo – Há quem veja grupos de franquias e pense que não dá para criá-los com pouco dinheiro. Os empreendedores Alexandre Loudrade e Vinicius Almeida, porém, provam o contrário: com anos de dedicação e gestão correta, é uma questão de tempo até o sucesso ser alcançado – mesmo que o investimento inicial seja pequeno.

Os amigos e vendedores de cursos profissionalizantes começaram sua primeira escola de informática com um empréstimo de três mil reais e alguns móveis e computadores de segunda mão. Hoje, são donos de um grupo de cinco redes franqueadoras e que faturou 40 milhões de reais no ano passado. Para 2016, a previsão é chegar a 50 milhões de reais.

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Primeiros passos e expansão

No ano de 2008, os amigos e vendedores de cursos profissionalizantes Alexandre Loudrade e Vinicius Almeida passavam por dificuldades financeiras.

Diante desse apuro, Loudrade fez uma proposta a Almeida: começar um negócio de cursos de informática no andar de baixo de seu sobrado – no andar superior, havia um quarto para Loudrade e sua esposa e outro para seu amigo.

Almeida conta que tinha a ideia de abrir um negócio no ramo desde o ano 2000. Porém, quebrou duas vezes nesse intervalo de oito anos. “Não encaro essas falências como fracasso, e sim como um processo de evolução. No próximo negócio, você chegará mais próximo do sucesso”, conta o empreendedor.

Os dois empreendedores compraram móveis usados, alugaram alguns computadores e pediram um empréstimo de três mil reais para começar sua escola, chamada Evolute Cursos, em Taubaté (São Paulo). A ideia do negócio é oferecer cursos de capacitação profissional para as classes C e D, que não podem pagar por aulas muito caras.

O começo não foi nada fácil – tanto que os vendedores tiveram de continuar seu trabalho original para sustentar a empresa.

“Para sobreviver e conseguir investir no nosso negócio, até fazíamos a venda dos cursos do nosso concorrente. Na época ninguém entendeu muito bem isso, mas o valor dessa comissão permitia que a gente fizesse nossa própria escola crescer”, explica Almeida.

Quase dois anos depois, os sócios conseguiram dinheiro para melhorar a estrutura da escola e também para formar capital de giro. “Depois dos primeiros fracassos, percebi como cometi erros primários. Meu foco sempre foi muito comercial, e eu só consegui ter êxito quando fiz sociedade com uma pessoa mais focada em gestão, que é o Alexandre [Loudrade].”

A partir daí, o negócio começou a emplacar. Em 2010, eles abriram uma nova unidade, em Pindamonhangaba (São Paulo).

Além disso, expandiram a opção de cursos: hoje, são mais de 70. Algumas das classes dadas são atendimento em farmácias, desenvolvimento de games, informática, inglês e webdesign.

“Nós sempre pensamos que você tem de acompanhar o movimento do mercado. Antigamente, um curso de informática ou de inglês já eram competitivos. Hoje, virou uma obrigação”, diz Almeida. “Fomos acrescentando mais cursos, porque a ideia é que nosso aluno tenha um diferencial competitivo na hora de buscar um emprego.”

Franquias

Em 2011, um concorrente da escola dos sócios pediu para virar um franqueado. Com o sucesso dessa primeira filial, os empreendedores começaram a perceber que a Evolute era um negócio replicável. Depois de fazerem cursos e especializações em franchising, eles lançaram oficialmente a Evolute como franqueadora.

Há 96 escolas em operação hoje, sendo que 12 delas são próprias. O investimento inicial varia de 45 mil reais, para cidades pequenas, até 80 mil reais, para cidades maiores (acima de 400 mil habitantes). O prazo de retorno do investimento vai de 12 a 18 meses.

“Decidimos preservar nosso investimento na faixa das microfranquias, porque nossa ideia é que os empreendedores possam realizar seu sonho com pouco investimento, assim como nossos alunos”, afirma Almeida.

Até o fim deste ano, a Evolute quer possui 103 unidades operando. Para 2017, a ideia é chegar a 120 escolas. Além disso, a franqueadora pretende disponibilizar novos cursos, como um de coaching.

Novos projetos

Com o tempo, Loudrade e Almeida resolveram expandir seus ramos de atuação, criando novas franquias a partir de oportunidades enxergadas no dia a dia. “Por exemplo, meu sócio foi fazer uma viagem de carro ao sul do país e o carro parou de funcionar no meio do caminho. Aí, surgiu a ideia de montarmos um negócio de soluções automotivas delivery”, diz Almeida.

Para concentradas todos os negócios, eles criaram a holding Grupo VA. Hoje, os empreendedores possuem cinco redes já estabelecidas: a Evolute Cursos; a ContabExpress, de contabilidade; a Doutor Lubrifica, que entrega as já comentadas soluções automotivas delivery; a Pop Idiomas, especializada no ensino de inglês; e a Web4br, de comunicação digital.

Ao todo, o Grupo VA possui mais de 300 unidades espalhadas pelo Brasil. Além das cinco franqueadoras, há dois negócios próprios que estão sendo testados para franqueamento no próximo ano: a empresa The Voucher, de descontos, e a Dr. Namedida, de consultas médicas populares.

Almeida diz que é possível abrir redes de ramos tão diferentes porque o grupo procura um sócio especialista na área de cada franqueadora. “Na ContabExpress, por exemplo, fizemos uma associação com um escritório que estava há décadas no mercado”, explica o empreendedor.

Porém, nem tudo são flores: a crise econômica acertou cheio a holding, que viu uma menor procura em todos os seus negócios. “Tivemos de fazer um grande movimento para superá-la, incluindo acordos de pagamento com nossos franqueados para que eles sobrevivessem. Foi um momento de rever processos ultrapassados e continuar um crescimento sustentável. Agora, retomamos mais aquecidos do que antes da crise.”

No ano passado, o Grupo VA faturou cerca de 40 milhões de reais. Para este ano, a ideia é chegar a 50 milhões de reais.

Além disso, Almeida resolveu cumprir uma promessa pessoal: escrever um livro para compartilhar sua experiência com pessoas na mesma situação – com pouca capacidade financeira, mas muitos sonhos. “O livro, que conta a história do Grupo VA, serve como um GPS para quem quiser fazer algo parecido”, afirma.

O livro está disponível gratuitamente na internet e conta com nove mil downloads até a escrita desta matéria. Em dezembro, Almeida também irá lançar uma versão impressa.

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