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Não seja pão-duro

Há empreendedores que ficam resmungando contra o dinheiro que sai da empresa — sem olhar para o dinheiro que os funcionários trazem

Escravo do dinheiro (Topp_Yimgrimm/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de maio de 2015 às 13h03.

São Paulo - Dia desses, minha mulher foi ter uma reunião de trabalho em um hotel bacana no interior de São Paulo. Ela mexe com aromaterapia, reiki, massoterapia, esse tipo de coisa (costumo dizer que ela tem ligação direta com o Cara do segundo andar). Em pouco tempo de observação, descobriu que o pessoal de lá reutilizava o óleo usado nas massagens e que toalhas puídas eram dobradas para disfarçar os rasgos.

Os terapeutas faziam jornadas de 10 horas e eram proibidos de andar pelo hotel, tendo de ficar escondidos numa cozinha quando não estavam em atendimento. Dos 180 reais cobrados por sessão, apenas 30 eram repassados para quem atendia. Voltou de lá arrepiada, jurando não voltar mais.

Naquele lugar se cometia o pecado capital da avareza — pois controlar custos ou ser econômico é bem diferente de tratar funcionários e clientes com mesquinhez e pão-durice. A avareza, ou simplesmente ganância, ataca muitos vendedores e em­preendedores , já que são seres naturalmente com foco no resultado. É preciso tomar muito cuidado com a ganância para não cometer outro pecado, que é jogar qualidade pelo ralo para tentar obter mais lucro.

O apego excessivo ao dinheiro acaba sempre abalando a relação com clientes e funcionários. Já vi muito dono de empresa avarento, com dó de pagar comissão para um vendedor por achar que ele está ganhando demais. Esse é um raciocínio curioso, pois o sujeito não olha para o dinheiro que o vendedor trouxe — só para o que vai ter de pagar.

Também há muito vendedor ganancioso por aí, que, para ganhar a comissão, empurra um produto que não serve para o cliente. Resultado: o cliente compra uma vez e não volta nunca mais. Ou então ele força a barra para fazer o cliente se decidir por fechar o negócio logo, antes que mude de ideia. Resultado: o cliente também não volta mais nem compra nada.

É preciso se policiar constantemente para não cair no pecado da avareza. Mesquinharia e medo de abrir mão do que se tem até mesmo quando se recebe algo em troca são incompatíveis com ser empreendedor ou vendedor profissional.

Gosto muito do que disse Paul Holbach, um pensador do Iluminismo francês abertamente contra a religião: “A ambição é louvável quando acompanhada pelo desejo e pela capaci­dade de fazer os outros felizes”. É uma frase divina para quem se dizia ateu.

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São Paulo - Dia desses, minha mulher foi ter uma reunião de trabalho em um hotel bacana no interior de São Paulo. Ela mexe com aromaterapia, reiki, massoterapia, esse tipo de coisa (costumo dizer que ela tem ligação direta com o Cara do segundo andar). Em pouco tempo de observação, descobriu que o pessoal de lá reutilizava o óleo usado nas massagens e que toalhas puídas eram dobradas para disfarçar os rasgos.

Os terapeutas faziam jornadas de 10 horas e eram proibidos de andar pelo hotel, tendo de ficar escondidos numa cozinha quando não estavam em atendimento. Dos 180 reais cobrados por sessão, apenas 30 eram repassados para quem atendia. Voltou de lá arrepiada, jurando não voltar mais.

Naquele lugar se cometia o pecado capital da avareza — pois controlar custos ou ser econômico é bem diferente de tratar funcionários e clientes com mesquinhez e pão-durice. A avareza, ou simplesmente ganância, ataca muitos vendedores e em­preendedores , já que são seres naturalmente com foco no resultado. É preciso tomar muito cuidado com a ganância para não cometer outro pecado, que é jogar qualidade pelo ralo para tentar obter mais lucro.

O apego excessivo ao dinheiro acaba sempre abalando a relação com clientes e funcionários. Já vi muito dono de empresa avarento, com dó de pagar comissão para um vendedor por achar que ele está ganhando demais. Esse é um raciocínio curioso, pois o sujeito não olha para o dinheiro que o vendedor trouxe — só para o que vai ter de pagar.

Também há muito vendedor ganancioso por aí, que, para ganhar a comissão, empurra um produto que não serve para o cliente. Resultado: o cliente compra uma vez e não volta nunca mais. Ou então ele força a barra para fazer o cliente se decidir por fechar o negócio logo, antes que mude de ideia. Resultado: o cliente também não volta mais nem compra nada.

É preciso se policiar constantemente para não cair no pecado da avareza. Mesquinharia e medo de abrir mão do que se tem até mesmo quando se recebe algo em troca são incompatíveis com ser empreendedor ou vendedor profissional.

Gosto muito do que disse Paul Holbach, um pensador do Iluminismo francês abertamente contra a religião: “A ambição é louvável quando acompanhada pelo desejo e pela capaci­dade de fazer os outros felizes”. É uma frase divina para quem se dizia ateu.

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