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Mulheres viraram empresárias para mudar a vida de minorias

Para Myriam Sanchez, Dariene Rodrigues, Carolina Ignarra e Andrea Vasques, o que está a frente do lucro é mudar ou ajudar pessoas fora do padrão imposto

A própria condição motivou Carolina Ignarra (à esquerda) a criar a consultoria em 2008 (Reprodução/linkedin)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2015 às 20h54.

São Paulo - O Brasil é um país de empreendedores . Um estudo do Data Popular aponta que três em cada 10 brasileiros pensam em ser patrões.

As motivações para tocar o próprio negócio geralmente giram em torno do dinheiro. Os brasileiros buscam empreender não porque sentem que têm o dom para os negócios ou porque querem ajudar, de alguma forma, a sociedade.

Com a crise econômica, aumento do desemprego e achatamento dos salários, eles procuram ocupações mais rentáveis.

Mais de 42% querem abrir o próprio negócio com a intenção de ganhar mais e crescer profissionalmente. A pesquisa foi feita entre abril e maio deste ano, em 140 municípios do País.

Há aqueles empresários, porém, que não colocam a grana no topo de suas prioridades. É o caso das quatro empreendedoras que o HuffPost Brasil entrevistou para esta reportagem.

Para elas, o que está à frente do lucro é mudar ou ajudar, de alguma forma, pessoas que sempre estiveram à margem. Da moda , dos padrões de beleza convencionais, do que é tachado por aí de "normal".

Myriam e as mulheres com câncer de mama

Foi com esse pensamento que a empreendedora Myriam Sanchez decidiu criar a Mama Amiga, loja de roupas íntimas para mulheres que passaram pela mastectomia (retirada da mama).

Myriam abriu o negócio depois de sua prima ser diagnosticada com câncer de mama e precisar se submeter a uma operação como essa aos 30 anos.

“Buscamos produtos em diversos estados brasileiros, sem sucesso. Portanto, decidimos confeccioná-los e surgiu a Mama Amiga”, contou.

Apesar de o câncer de mama ser um dos mais comuns entre as mulheres, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer ), não havia no Brasil à época peças para quem passava pelo tratamento.

Ela abriu em 1985 a loja que venderia peças exclusivamente para essas mulheres em São Paulo.

Hoje, o estabelecimento oferece sutiãs, camisetes, maiôs, biquínis, calcinhas e camisolas para todos os bolsos. Ela também vende próteses mamárias nacionais e importadas.

hands

Myriam explica que os produtos são confeccionados com adaptações específicas para colocação das próteses mamárias.

“A diferença é que os produtos comercializados por outras empresas não têm esse suporte para a prótese mamária, e, quando têm, alguns muitas vezes acabam danificando as próteses de silicone.”

Ela diz que o diferencial da Mama Amiga é criar moldes atuais, com cores modernas e com rendas, entre outras opções de customização do produto.

Para isso, ela trabalha tanto com peças confeccionadas em grande escala quanto com peças mais exclusivas, feitas artesanalmente.

Apesar de não ter uma renda fixa mensal com a loja, a Mama Amiga é a menina dos olhos da dona Myriam.

Aos 66 anos, ela acredita que sua missão sempre foi ajudar o próximo. “Sou assistente social de formação e aqui renovo minha missão diariamente. Temos clientes de longa data que são consideradas amigas.”

Uma das maiores satisfações, segundo a empreendedora, é ver a mudança na autoestima de suas clientes:

“Muitas mulheres chegam à loja com baixa autoestima, às vezes até choram ao se olhar no espelho pelo fato de se sentirem abaladas com a perda da mama. Aqui na Mama Amiga, parece que ocorre uma transformação, elas vão experimentando diversos produtos e vendo que existe um lugar onde elas podem fazer as pazes com a feminilidade, encontrando produtos diferenciados e até sexy. Portanto, saem de cabeça erguida e com um sorriso no olhar.”

Carolina e as pessoas com deficiência

O negócio criado e comandado por Carolina Ignarra trata da inclusão de pessoas com deficiência física e/ou intelectual no mercado de trabalho. Por isso, sua consultoria especializada leva no nome o verbo da mudança: Talento Incluir.

Sua própria condição a motivou a criar a consultoria em 2008 em São Paulo. Sete anos antes, Carolina sofreu um acidente de moto e virou cadeirante.

Ela tinha acabado de se formar em educação física. “Três meses depois do acidente, quando eu achava que eu estava inválida, minha gestora me convidou para voltar ao trabalho.”

Aos poucos, Carolina voltou a dar aulas de ginástica laboral, e a procura das empresas pelo seu trabalho começou a aumentar — mas não da forma que ela gostaria.

“As empresas queriam me contratar, fazendo propostas que não combinavam com meu perfil”, conta. “Entendi que elas, pressionadas pela Lei de Cotas, queriam contratar deficiências e não profissionais.”

Foi nesse período que ela percebeu que poderia investir em um negócio que conseguisse integrar as competências dos profissionais com deficiência com as necessidades reais das empresas que querem cumprir a Lei de Cotas.

Hoje, a consultoria desenvolve as empresas e os talentos interessados no sucesso dessa relação.

Segundo Carolina, a maior dificuldade do dia a dia é incentivar a mudança da imagem da pessoa com deficiência, tanto na visão do mercado de trabalho como do próprio profissional:

“Muitas pessoas com deficiência foram paternalizadas e sentem-se pressionadas demais pelo competitivo mercado de trabalho. Tentamos desenvolver o comportamento das pessoas para atuação com mais igualdade na sociedade.”

Carolina estima que mais de 1.000 profissionais com deficiência já passaram pela consultoria. Um deles marcou a trajetória da empreendedora:

“Incluímos um rapaz com deficiência intelectual que era homossexual. Talvez esse tenha sido o mais marcante, pois ele não tem intelecto preservado para falar da homossexualidade dele de forma discreta. Por isso, precisamos preparar a equipe dele para evitarmos exclusão e preconceitos pelos dois motivos. E foi um sucesso o relacionamento interpessoal no trabalho dele. É muito gratificante.”

Com sete anos de mercado, a Talento Incluir já atendeu mais de 300 empresas, como Itaú, Santander, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Duratex e Gol Linhas Aéreas.

Com um mercado crescente — o IBGE estima que o Brasil tenha 45,6 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência — e poucas empresas que prestam tal serviço, Carolina diz que a crise não chegou à sua firma.

“Estamos fazendo um ótimo ano, com faturamento até acima do esperado. Para o próximo ano, vamos inovar para atender demandas dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro”, finaliza a empreendedora.

Andrea e as gordinhas

Mirar no público que não está nos holofotes da maioria das confecções rendeu sucesso profissional a Andrea Vasques, dona da Andrea Vasques Moda Plus Size. Sua motivação para criar o negócio foi não encontrar lingeries bonitas e sexy para ela mesma.

“Estava acima do peso e não achava lingeries bonitas, só comprava nas cores básicas, principalmente na cor bege. Comecei a investigar e vi que não tinha distribuidores, apenas um que vendia lingeries básicas. Foi então que nasceu a ideia.”

Depois de muita procura, Andrea encontrou um distribuidor com opções diferenciadas. “Comprei lingeries de renda, de cores variadas e estampas lindíssimas, e percebemos que as mulheres com sobrepeso não estão acostumadas com essas opções. Muitas diziam: ‘isso é pra mim? Tem o meu tamanho?’”, lembra.

A empresária começou a vender em 2010 as lingeries sexy em feiras de bairros de Brasília, onde vive. “Depois de investirmos em lingeries e espartilhos, ampliamos para lingeries do dia a dia e, depois, para outras peças.”

Dois anos e meio depois, Andrea abriu a própria loja com preços acessíveis. “Tem sutiãs de R$ 70 a R$ 210.”

Os produtos seguem a moda e têm características específicas para as mulheres com sobrepeso . Os sutiãs, por exemplo, têm alças mais largas e reforçadas.

Mas o principal trabalho na loja não é a busca pelos melhores modelos ou vendas mas sim da autoestima das clientes.

“Existe o público que procura e não acha. Mas existe outro que acha que só pode usar lingeries quando emagrecer. Um trabalho que a gente faz é mostrar que qualquer uma pode usar o que quiser e se sentir bonita assim.”

Segundo Andrea, é um trabalho de formiguinha: novas clientes entram, não acham que a peça vai ficar bem nelas, e é preciso convencê-las a experimentarem.

“Elas vão se permitindo." Os planos para o futuro incluem entrar no e-commerce para atender mulheres de todo o País.

Dariene e os cadeirantes

Estar na moda chega a ser um detalhe quando você não consegue encontrar roupas que nem sequer se adaptam à sua condição física.

Essa é a realidade de milhares de brasileiros com deficiência — e a principal razão para a fisioterapeuta Dariene Rodrigues ter criado a Lado B Moda Inclusiva, loja virtual que produz peças exclusivas para esse público.

Ainda quando exercia sua profissão, Dariene já sentia a necessidade de peças mais acessíveis para seus pacientes:

“Trabalho há 15 anos com pessoas com algum tipo de deficiência física, como cadeirante, que usa próteses, têm partes do corpo amputadas. Eles sempre reclamavam das roupas. Sem muita opção, usavam moletons e eles próprios tinham de fazer adaptações.”

hands

Antes de imaginar ter a própria empresa, uma das poucas que existem no Brasil, Dariene rabiscou em 2012 um modelo de calça que seria interessante para seus pacientes.

Ela procurou uma modelista para recriar o desenho, que era uma calça com adaptações, com uma abertura frontal com velcro para facilitar o cateterismo. Tratava-se do primeiro modelo da futura Lado B Moda Inclusiva.

A calça caiu no gosto dos pacientes, e ela começou a apostar em outros produtos. “Fizemos bermudas e outras peças, além de ampliar o leque de deficiências”, conta. A loja foi aberta em 2013.

As peças foram ficando cada vez mais adaptadas, conta a fisioterapeuta e empresária.

“Fizemos calças e bermudas com cós com elástico, para quem usa fralda, além da abertura na frente e abertura com velcro nas laterais, para a pessoa conseguir retirar a calça ainda deitada, com facilidade de vestir e despir.”

Dariene conta que a maior dificuldade é aliar o conforto com a tecnologia têxtil. Muitos produtos, por exemplo, imitam o jeans, mas são tecidos mais agradáveis. “Tentamos unir a funcionalidade com o conforto para facilitar a vida deles.”

Hoje, a empresa tem sede em Sorocaba, São Paulo, e conta com produção artesanal, com preços que variam de R$ 140 a R$ 170.

Os negócios cresceram tanto que a ordem é expandir para todo o Brasil. Ainda para este ano, a loja virtual vai abrir a opção de microfranquia online para quem quiser empreender em outros estados.

“Daremos preferência aos empresários deficientes que queiram levar a marca para outras regiões. Isso vai diminuir o custo de operação e incentivar o empreendedorismo em um público que entende as preferências do cliente”, explica.

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São Paulo - O Brasil é um país de empreendedores . Um estudo do Data Popular aponta que três em cada 10 brasileiros pensam em ser patrões.

As motivações para tocar o próprio negócio geralmente giram em torno do dinheiro. Os brasileiros buscam empreender não porque sentem que têm o dom para os negócios ou porque querem ajudar, de alguma forma, a sociedade.

Com a crise econômica, aumento do desemprego e achatamento dos salários, eles procuram ocupações mais rentáveis.

Mais de 42% querem abrir o próprio negócio com a intenção de ganhar mais e crescer profissionalmente. A pesquisa foi feita entre abril e maio deste ano, em 140 municípios do País.

Há aqueles empresários, porém, que não colocam a grana no topo de suas prioridades. É o caso das quatro empreendedoras que o HuffPost Brasil entrevistou para esta reportagem.

Para elas, o que está à frente do lucro é mudar ou ajudar, de alguma forma, pessoas que sempre estiveram à margem. Da moda , dos padrões de beleza convencionais, do que é tachado por aí de "normal".

Myriam e as mulheres com câncer de mama

Foi com esse pensamento que a empreendedora Myriam Sanchez decidiu criar a Mama Amiga, loja de roupas íntimas para mulheres que passaram pela mastectomia (retirada da mama).

Myriam abriu o negócio depois de sua prima ser diagnosticada com câncer de mama e precisar se submeter a uma operação como essa aos 30 anos.

“Buscamos produtos em diversos estados brasileiros, sem sucesso. Portanto, decidimos confeccioná-los e surgiu a Mama Amiga”, contou.

Apesar de o câncer de mama ser um dos mais comuns entre as mulheres, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer ), não havia no Brasil à época peças para quem passava pelo tratamento.

Ela abriu em 1985 a loja que venderia peças exclusivamente para essas mulheres em São Paulo.

Hoje, o estabelecimento oferece sutiãs, camisetes, maiôs, biquínis, calcinhas e camisolas para todos os bolsos. Ela também vende próteses mamárias nacionais e importadas.

hands

Myriam explica que os produtos são confeccionados com adaptações específicas para colocação das próteses mamárias.

“A diferença é que os produtos comercializados por outras empresas não têm esse suporte para a prótese mamária, e, quando têm, alguns muitas vezes acabam danificando as próteses de silicone.”

Ela diz que o diferencial da Mama Amiga é criar moldes atuais, com cores modernas e com rendas, entre outras opções de customização do produto.

Para isso, ela trabalha tanto com peças confeccionadas em grande escala quanto com peças mais exclusivas, feitas artesanalmente.

Apesar de não ter uma renda fixa mensal com a loja, a Mama Amiga é a menina dos olhos da dona Myriam.

Aos 66 anos, ela acredita que sua missão sempre foi ajudar o próximo. “Sou assistente social de formação e aqui renovo minha missão diariamente. Temos clientes de longa data que são consideradas amigas.”

Uma das maiores satisfações, segundo a empreendedora, é ver a mudança na autoestima de suas clientes:

“Muitas mulheres chegam à loja com baixa autoestima, às vezes até choram ao se olhar no espelho pelo fato de se sentirem abaladas com a perda da mama. Aqui na Mama Amiga, parece que ocorre uma transformação, elas vão experimentando diversos produtos e vendo que existe um lugar onde elas podem fazer as pazes com a feminilidade, encontrando produtos diferenciados e até sexy. Portanto, saem de cabeça erguida e com um sorriso no olhar.”

Carolina e as pessoas com deficiência

O negócio criado e comandado por Carolina Ignarra trata da inclusão de pessoas com deficiência física e/ou intelectual no mercado de trabalho. Por isso, sua consultoria especializada leva no nome o verbo da mudança: Talento Incluir.

Sua própria condição a motivou a criar a consultoria em 2008 em São Paulo. Sete anos antes, Carolina sofreu um acidente de moto e virou cadeirante.

Ela tinha acabado de se formar em educação física. “Três meses depois do acidente, quando eu achava que eu estava inválida, minha gestora me convidou para voltar ao trabalho.”

Aos poucos, Carolina voltou a dar aulas de ginástica laboral, e a procura das empresas pelo seu trabalho começou a aumentar — mas não da forma que ela gostaria.

“As empresas queriam me contratar, fazendo propostas que não combinavam com meu perfil”, conta. “Entendi que elas, pressionadas pela Lei de Cotas, queriam contratar deficiências e não profissionais.”

Foi nesse período que ela percebeu que poderia investir em um negócio que conseguisse integrar as competências dos profissionais com deficiência com as necessidades reais das empresas que querem cumprir a Lei de Cotas.

Hoje, a consultoria desenvolve as empresas e os talentos interessados no sucesso dessa relação.

Segundo Carolina, a maior dificuldade do dia a dia é incentivar a mudança da imagem da pessoa com deficiência, tanto na visão do mercado de trabalho como do próprio profissional:

“Muitas pessoas com deficiência foram paternalizadas e sentem-se pressionadas demais pelo competitivo mercado de trabalho. Tentamos desenvolver o comportamento das pessoas para atuação com mais igualdade na sociedade.”

Carolina estima que mais de 1.000 profissionais com deficiência já passaram pela consultoria. Um deles marcou a trajetória da empreendedora:

“Incluímos um rapaz com deficiência intelectual que era homossexual. Talvez esse tenha sido o mais marcante, pois ele não tem intelecto preservado para falar da homossexualidade dele de forma discreta. Por isso, precisamos preparar a equipe dele para evitarmos exclusão e preconceitos pelos dois motivos. E foi um sucesso o relacionamento interpessoal no trabalho dele. É muito gratificante.”

Com sete anos de mercado, a Talento Incluir já atendeu mais de 300 empresas, como Itaú, Santander, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar, Duratex e Gol Linhas Aéreas.

Com um mercado crescente — o IBGE estima que o Brasil tenha 45,6 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência — e poucas empresas que prestam tal serviço, Carolina diz que a crise não chegou à sua firma.

“Estamos fazendo um ótimo ano, com faturamento até acima do esperado. Para o próximo ano, vamos inovar para atender demandas dos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro”, finaliza a empreendedora.

Andrea e as gordinhas

Mirar no público que não está nos holofotes da maioria das confecções rendeu sucesso profissional a Andrea Vasques, dona da Andrea Vasques Moda Plus Size. Sua motivação para criar o negócio foi não encontrar lingeries bonitas e sexy para ela mesma.

“Estava acima do peso e não achava lingeries bonitas, só comprava nas cores básicas, principalmente na cor bege. Comecei a investigar e vi que não tinha distribuidores, apenas um que vendia lingeries básicas. Foi então que nasceu a ideia.”

Depois de muita procura, Andrea encontrou um distribuidor com opções diferenciadas. “Comprei lingeries de renda, de cores variadas e estampas lindíssimas, e percebemos que as mulheres com sobrepeso não estão acostumadas com essas opções. Muitas diziam: ‘isso é pra mim? Tem o meu tamanho?’”, lembra.

A empresária começou a vender em 2010 as lingeries sexy em feiras de bairros de Brasília, onde vive. “Depois de investirmos em lingeries e espartilhos, ampliamos para lingeries do dia a dia e, depois, para outras peças.”

Dois anos e meio depois, Andrea abriu a própria loja com preços acessíveis. “Tem sutiãs de R$ 70 a R$ 210.”

Os produtos seguem a moda e têm características específicas para as mulheres com sobrepeso . Os sutiãs, por exemplo, têm alças mais largas e reforçadas.

Mas o principal trabalho na loja não é a busca pelos melhores modelos ou vendas mas sim da autoestima das clientes.

“Existe o público que procura e não acha. Mas existe outro que acha que só pode usar lingeries quando emagrecer. Um trabalho que a gente faz é mostrar que qualquer uma pode usar o que quiser e se sentir bonita assim.”

Segundo Andrea, é um trabalho de formiguinha: novas clientes entram, não acham que a peça vai ficar bem nelas, e é preciso convencê-las a experimentarem.

“Elas vão se permitindo." Os planos para o futuro incluem entrar no e-commerce para atender mulheres de todo o País.

Dariene e os cadeirantes

Estar na moda chega a ser um detalhe quando você não consegue encontrar roupas que nem sequer se adaptam à sua condição física.

Essa é a realidade de milhares de brasileiros com deficiência — e a principal razão para a fisioterapeuta Dariene Rodrigues ter criado a Lado B Moda Inclusiva, loja virtual que produz peças exclusivas para esse público.

Ainda quando exercia sua profissão, Dariene já sentia a necessidade de peças mais acessíveis para seus pacientes:

“Trabalho há 15 anos com pessoas com algum tipo de deficiência física, como cadeirante, que usa próteses, têm partes do corpo amputadas. Eles sempre reclamavam das roupas. Sem muita opção, usavam moletons e eles próprios tinham de fazer adaptações.”

hands

Antes de imaginar ter a própria empresa, uma das poucas que existem no Brasil, Dariene rabiscou em 2012 um modelo de calça que seria interessante para seus pacientes.

Ela procurou uma modelista para recriar o desenho, que era uma calça com adaptações, com uma abertura frontal com velcro para facilitar o cateterismo. Tratava-se do primeiro modelo da futura Lado B Moda Inclusiva.

A calça caiu no gosto dos pacientes, e ela começou a apostar em outros produtos. “Fizemos bermudas e outras peças, além de ampliar o leque de deficiências”, conta. A loja foi aberta em 2013.

As peças foram ficando cada vez mais adaptadas, conta a fisioterapeuta e empresária.

“Fizemos calças e bermudas com cós com elástico, para quem usa fralda, além da abertura na frente e abertura com velcro nas laterais, para a pessoa conseguir retirar a calça ainda deitada, com facilidade de vestir e despir.”

Dariene conta que a maior dificuldade é aliar o conforto com a tecnologia têxtil. Muitos produtos, por exemplo, imitam o jeans, mas são tecidos mais agradáveis. “Tentamos unir a funcionalidade com o conforto para facilitar a vida deles.”

Hoje, a empresa tem sede em Sorocaba, São Paulo, e conta com produção artesanal, com preços que variam de R$ 140 a R$ 170.

Os negócios cresceram tanto que a ordem é expandir para todo o Brasil. Ainda para este ano, a loja virtual vai abrir a opção de microfranquia online para quem quiser empreender em outros estados.

“Daremos preferência aos empresários deficientes que queiram levar a marca para outras regiões. Isso vai diminuir o custo de operação e incentivar o empreendedorismo em um público que entende as preferências do cliente”, explica.

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