Alejandro Ponce e Marina Proença, fundadores da Mercado Favo: expansão do e-commerce com aposta numa rede de empreendedores que ajudam a fazer propaganda e a logística dos produtos (Divulgação/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 6 de outubro de 2021 às 07h15.
Uma das pioneiras no Brasil na formação de mão de obra dedicada a venda de produtos pelo comércio eletrônico (uma modalidade chamada social commerce), a startup Mercado Favo anuncia nesta quarta-feira, 6, um aporte de 23,5 milhões de dólares, o equivalente a 141 milhões de reais.
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A rodada do tipo Series A é liderada pelo prestigiado Tiger Global, fundo de Nova York considerado um dos mais atuantes no venture capital do mundo. Entre as investidas da Tiger estão Facebook, Spotify, Nubank e as gigantes do comércio eletrônico Flipkart e Postmates.
É o segundo aporte de peso levantado pela Mercado Favo – em janeiro, a empresa de social commerce captou 35 milhões de reais num aporte liderado pelo Global Founders Capital, o GFC, também investidor do Facebook, e da Elevar Equity, por trás de outros empreendedimentos de porte no comércio eletrônico, como a argentina Nuvemshop.
Os dois fundos estão no aporte anunciado nesta quarta-feira, que também conta com os fundos Positive Ventures, MSA Capital, FJ Labs, H2O e investidores pessoa física como Kevin Efrusy (Accel Partners) e David Vélez (Nubank).
“Desde o primeiro ano de atividade, já provamos aos investidores a escalabilidade do nosso modelo de negócio, e com a nova captação, será possível continuar investindo em tecnologia e no aprimoramento de nosso próprio ecossistema de logística, customizado para atender o modelo de negócio, sem abrir mão da qualidade de atendimento, democratizando a maneira como as pessoas fazem compras de mercado online na América Latina”, diz Alejandro Ponce, fundador da Favo.
O negócio da Mercado Favo é uma mistura entre o comércio eletrônico tradicional e a venda direta, canal famoso pela presença ativa de pessoas para levar os produtos até a casa do cliente — daí o fato de o setor ser também conhecido pela alcunha de "porta a porta".
A Mercado Favo vende online um rol de mais de 3.000 produtos típicos de gôndolas de supermercado. Para isso, faz negociações diretamente com grandes fabricantes como Unilever e Coca-Cola em busca de descontos em troca de aquisição em escala, assim como fazem outras empresas de tecnologia dedicadas à disrupção do varejo de alimentos, como Shopper e Daki.
A particularidade da Mercado Favo está na entrega. A empresa manda os produtos para a casa de 10.000 empreendedores cadastrados na ferramenta. Esse pessoal, então, faz a entrega na casa do cliente — normalmente vizinhos ou moradores de bairros a poucos quilômetros de distância.
Em troca das entregas realizadas, e da propaganda feita muitas vezes via boca a boca ou nas interações via Whatsapp com os vizinhos, os empreendedores conveniados à Mercado Favo recebem comissões de até 10% sobre as compras gerenciadas.
Para o cliente final, a promessa é de uma entrega sem taxa de delivery. Como a entrega da Favo vai até a casa do empreendedor conveniado, responsável por aglutinar uma porção de encomendas para, depois, distribuí-las entre os vizinhos, os custos de entrega acabam diluídos. "Uma coisa é empacotar um item só e enviar para casa do cliente", diz Marina Proença, uma das fundadoras da Mercado Favo. "A outra é empacotar várias encomendas e mandar tudo de uma vez só."
O Mercado Favo entrou em operação em novembro 2019 a partir da experiência de Alejandro Ponce, investidor peruano fundador da Nexus, um dos principais fundos private equity com atuação em Lima, capital do Peru. A inspiração por trás do negócio veio de gigantes do comércio eletrônico da China, como Meituan e Pinduoduo, o berço mundial do social commerce.
"Ao trazer o conceito para a América Latina, estamos criando uma nova classe de empreendedores", diz Ponce. "Na região, ainda estamos vendo um alto percentual de consumidores fazendo compras pela internet pela primeira vez."
A empresa atualmente opera nos arredores de Lima e na Grande São Paulo. A ambição com a rodada de captação de agora é expandir o serviço para o México nos próximos meses.
No Brasil, o negócio é tocado pela empreendedora brasileira Marina Proença, que deixou uma carreira bem-sucedida em grandes empresas de tecnologia como Netshoes e Clickbus para empreender em negócios de impacto social como a Mercado Favo.
O aporte liderado pela Tiger vem num momento de crescimento acelerado da Mercado Favo no interior de São Paulo. Hoje a empresa atende a Grande São Paulo e Jundiaí. Até o fim do ano deve chegar a grandes cidades do interior paulista, como Campinas. A meta para 2022 é chegar a todas as capitais e grandes centros urbanos brasileiros.
A expansão geográfica coincide com a ampliação dos centros de distribuição. Inaugurado há poucas semanas, o novo espaço da companhia, em Osasco, tem 6.000 metros quadrados. É sete vezes mais do que o espaço anterior da companhia, em Embu.
Boa parte dos recursos do aporte também devem ser utilizados na contratação de mão de obra. Ainda neste mês, a Favo também anunciou a chegada de Renato Todorov (ex-Hello Fresh) como diretor de tecnologia e a de Simmon Nam (que tem 99/Didi. Quinto Andar e Rappi no currículo) como diretor de operações. Até o fim do ano que vem a previsão é dobrar o quadro de funcionários, atualmente em 400.
Desde fevereiro de 2020, a companhia, que opera tanto no Brasil, como no Peru, já atendeu mais de 700.000 pedidos em toda a Grande São Paulo. Para o 2º semestre, o cenário continua promissor e a projeção é alavancar o volume de seu faturamento em três vezes, dizem os fundadores.
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