Startup liderada por ex-Pfizer quer ser escola de 'médicos do futuro'
A MDHealth, healthtech fundada em 2017, recebeu um novo aporte de R$ 20 milhões para levar formação contínua e à distância a médicos do país
Maria Clara Dias
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 13h30.
Última atualização em 27 de setembro de 2021 às 10h34.
Da sala de reuniões do prédio da MDHealth na capital paulista, Wilson Borges, presidente da empresa, tenta replicar o que serve de base para o modelo de atuação da startup: o acesso remoto a conteúdos científicos e de formação médica.
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À frente da startup que é hoje uma das principais plataformas de educação médica da América Latina, Borges diversifica um currículo que tem passagens por grandes empresas da indústria farmacêutica como Medley, Roche e Pfizer, onde foi diretor de marketing.
O desafio de liderar uma startup, para o executivo, é novo, e vem junto de uma nova rodada de capital na MDHealth. A empresa recebeu um aporte de 20 milhões de reais de um grupo de empresários e empreendedores da área de saúde liderado por Thomas de Almeida. Além da MDHealth, o grupo já investe em outras cinco empresas do setor.
A startup foi fundada em 2017 pelo grupo Oncologia Brasil, e partiu do desejo da empresa em ir além da especialidade oncológica.
O modelo de negócio da startup é B2B, voltado especificamente a empresas da área da saúde, como indústrias farmacêuticas que desejam levar conhecimentos e formação contínua aos seus funcionários e também querer ter, em primeira mão, acesso aos estudos clínicos, eventos e artigos científicos mais recentes sobre assuntos que impactam o dia a dia das suas operações.
Segundo Borges, os clientes da empresa são as multinacionais. Na lista estão a Pfizer, Novartis e Roche.
A produção desses conteúdos, em texto, vídeo ou áudio, fica a cargo de profissionais da área médica especialistas em suas áreas, e que a MDHealth chama de “líderes de opinião”. Esses médicos podem selecionar os temas de maior relevância em suas especialidades ou também recebem indicações de temas. Nos dois casos, os profissionais recebem por suas produções e elas são conduzidas de maneira independente, sem qualquer vínculo com instituições médicas.
“Entendemos que com o pouco tempo que a rotina nos disponibiliza, é difícil ter acesso a conteúdo de qualidade. Nosso papel é sintetizar e levar isso para a classe médica dia após dia”, diz o CEO.
A MDHealth tem como foco os estudos e acompanhamento na oncologia, mas com os novos 20 milhões, a intenção é expandir a atuação para outras especialidades como pediatria, cardiologia, neurologia, entre outros. “A intenção é dar continuidade a um crescimento que já é inegável na empresa. Queremos criar expertises em muitas especialidades médicas, replicando um modelo que funciona muito bem”, diz Borges.
Netflix da saúde
O novo momento da empresa também se resume à intenção de entrar no mercado B2C. A ideia é lançar uma plataforma de streaming, nos moldes da Netflix, mas de conteúdos educativos na medicina. A educação a distância mira médicos recém-formados e que ainda não têm especialização.
Com as novas verticais, a projeção é alcançar um faturamento de 15 milhões reais neste ano, 5 milhões a mais do que no ano passado. Em 2022, a estimativa é chegar aos 25 milhões de reais.
Chegar até lá, porém, também vai depender de um bom investimento em infraestrutura. A startup vai ampliar seus estúdios de gravação próprios, todos em sua sede em São Paulo, para a gravação das aulas e podcasts que irão abastecer os cursos.
“Queremos levar a indústria médica como um todo ao que consideramos o grande futuro da medicina: a tecnologia, as teleconsultas, a digitalização”, diz.
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