Mão na roda para deficientes físicos
Os sócios da Proeza ganharam prêmios com o Pratyko, um protótipo de carro para deficientes físicos. Agora, eles precisam tornar a produção em série viável comercialmente
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2011 às 08h00.
Paraplégico desde a infância, quando teve poliomielite, o catarinense Márcio Davi, hoje com 38 anos, tinha dificuldades em sair da cadeira de rodas para entrar no carro. Em 2005, ele conheceu o técnico em eletrônica Gilberto Mesquita, de 41 anos, durante uma festa na cidade de Correia Pinto, no planalto catarinense.
Juntos, resolveram criar um veículo mais adequado aos deficientes físicos do que os modelos adaptados existentes no mercado. "Começamos o projeto na garagem de casa, com a ajuda de amigos que conheciam um pouco de mecânica", diz Mesquita.
A ideia inicial era construir um triciclo ou quadriciclo, mas eles perceberam em poucos meses que seria viável fazer um automóvel, do tamanho de um carro compacto, equipado com um elevador para embarcar o motorista cadeirante.
Mesquita passou a investir no projeto o que sobrava de seu salário de técnico em uma fábrica de papel, emprego que ainda mantém. "Era pouco, entre 1.000 e 2.000 reais por mês", diz ele.
Três anos depois, ele e Davi inscreveram o projeto em um programa de fomento à inovação do governo catarinense e ganharam 50.000 reais para desenvolver o carro. Com o dinheiro, conseguiram terminar um protótipo.
Dois colegas de Mesquita, os também técnicos eletrônicos João Francisco Gil, de 45 anos, e Sérgio Schutz, de 39 anos, empolgaram-se com a ideia, e os quatro fundaram a Proeza para patentear o carro, batizado de Pratyko.
Agora, a Proeza precisa buscar um investidor para levar o projeto adiante. "Precisamos de, no mínimo, 5 milhões de reais", diz Davi. Os sócios acreditam que o Pratyko pode chegar ao mercado a um preço próximo dos 30.000 reais. Pelos últimos dados demográficos disponíveis, do Censo de 2000, há no Brasil mais de 500.000 pessoas que usam cadeiras de rodas.
Para ajudar a Proeza a encontrar uma forma de tornar seu projeto viável, Exame PME ouviu André Bearzi, diretor da fabricante de autopeças Aesa, e Alex Todres, fundador da Viajanet.
Próximos Passos
1André Bearzi
AESA - Cambé, PR: Fabricante de autopeças
Faturamento: 65 milhões de reais(em 2010)
Criar uma rede de fornecedores
• Perspectivas: O aumento do poder de compra da população brasileira faz com que esse seja o momento certo para um produto de nicho como o Pratyko entrar no mercado.
• Oportunidades: O Pratyko possui diversas vantagens em relação ao carro adaptado. Para o veículo ter mais viabilidade comercial, no entanto, os sócios da Proeza deveriam repensar seu design, tornando-o mais parecido com os carros comuns.
• O que fazer: Pela minha experiência no setor automotivo, montar um carro, por menor que seja, exige muito capital. Para reduzir a necessidade de recursos, acredito que, no começo, a Proeza deveria terceirizar a produção das peças, para não ter de investir numa fábrica própria. De qualquer forma, para tirar o negócio do chão, será necessário contar com a ajuda de investidores. Uma instituição financeira com foco em responsabilidade social pode ser uma alternativa.
2Alex Todres
Viajanet - São Paulo, SP: Agência de viagens
Faturamento: 55 milhões de reais(em 2010)
Buscar investidores com foco social
• Perspectivas: O mercado está muito favorável para investimentos de fundos estrangeiros em empresas brasileiras. A Proeza pode aproveitar a oportunidade para conseguir aportes que tornem o negócio viável.
• Oportunidades: Produtos de cunho social e inclusivo, como o da Proeza, têm cada vez mais espaço no mercado. Além disso, muitos investidores, principalmente os internacionais, preferem pôr dinheiro em empresas preocupadas com responsabilidade social. Os criadores do Pratyko contam com todos os requisitos para cultivar uma imagem favorável entre esses investidores.
• O que fazer: Para atrair o interesse dos fundos de investimento, a Proeza precisa mostrar mais que uma boa ideia: a gestão tem de ser exemplar. Divulgar bem o produto na imprensa pode ajudar a chamar a atenção de fundos de capital semente. É interessante ainda que o site tenha informações claras e conte com recursos interativos.
Paraplégico desde a infância, quando teve poliomielite, o catarinense Márcio Davi, hoje com 38 anos, tinha dificuldades em sair da cadeira de rodas para entrar no carro. Em 2005, ele conheceu o técnico em eletrônica Gilberto Mesquita, de 41 anos, durante uma festa na cidade de Correia Pinto, no planalto catarinense.
Juntos, resolveram criar um veículo mais adequado aos deficientes físicos do que os modelos adaptados existentes no mercado. "Começamos o projeto na garagem de casa, com a ajuda de amigos que conheciam um pouco de mecânica", diz Mesquita.
A ideia inicial era construir um triciclo ou quadriciclo, mas eles perceberam em poucos meses que seria viável fazer um automóvel, do tamanho de um carro compacto, equipado com um elevador para embarcar o motorista cadeirante.
Mesquita passou a investir no projeto o que sobrava de seu salário de técnico em uma fábrica de papel, emprego que ainda mantém. "Era pouco, entre 1.000 e 2.000 reais por mês", diz ele.
Três anos depois, ele e Davi inscreveram o projeto em um programa de fomento à inovação do governo catarinense e ganharam 50.000 reais para desenvolver o carro. Com o dinheiro, conseguiram terminar um protótipo.
Dois colegas de Mesquita, os também técnicos eletrônicos João Francisco Gil, de 45 anos, e Sérgio Schutz, de 39 anos, empolgaram-se com a ideia, e os quatro fundaram a Proeza para patentear o carro, batizado de Pratyko.
Agora, a Proeza precisa buscar um investidor para levar o projeto adiante. "Precisamos de, no mínimo, 5 milhões de reais", diz Davi. Os sócios acreditam que o Pratyko pode chegar ao mercado a um preço próximo dos 30.000 reais. Pelos últimos dados demográficos disponíveis, do Censo de 2000, há no Brasil mais de 500.000 pessoas que usam cadeiras de rodas.
Para ajudar a Proeza a encontrar uma forma de tornar seu projeto viável, Exame PME ouviu André Bearzi, diretor da fabricante de autopeças Aesa, e Alex Todres, fundador da Viajanet.
Próximos Passos
1André Bearzi
AESA - Cambé, PR: Fabricante de autopeças
Faturamento: 65 milhões de reais(em 2010)
Criar uma rede de fornecedores
• Perspectivas: O aumento do poder de compra da população brasileira faz com que esse seja o momento certo para um produto de nicho como o Pratyko entrar no mercado.
• Oportunidades: O Pratyko possui diversas vantagens em relação ao carro adaptado. Para o veículo ter mais viabilidade comercial, no entanto, os sócios da Proeza deveriam repensar seu design, tornando-o mais parecido com os carros comuns.
• O que fazer: Pela minha experiência no setor automotivo, montar um carro, por menor que seja, exige muito capital. Para reduzir a necessidade de recursos, acredito que, no começo, a Proeza deveria terceirizar a produção das peças, para não ter de investir numa fábrica própria. De qualquer forma, para tirar o negócio do chão, será necessário contar com a ajuda de investidores. Uma instituição financeira com foco em responsabilidade social pode ser uma alternativa.
2Alex Todres
Viajanet - São Paulo, SP: Agência de viagens
Faturamento: 55 milhões de reais(em 2010)
Buscar investidores com foco social
• Perspectivas: O mercado está muito favorável para investimentos de fundos estrangeiros em empresas brasileiras. A Proeza pode aproveitar a oportunidade para conseguir aportes que tornem o negócio viável.
• Oportunidades: Produtos de cunho social e inclusivo, como o da Proeza, têm cada vez mais espaço no mercado. Além disso, muitos investidores, principalmente os internacionais, preferem pôr dinheiro em empresas preocupadas com responsabilidade social. Os criadores do Pratyko contam com todos os requisitos para cultivar uma imagem favorável entre esses investidores.
• O que fazer: Para atrair o interesse dos fundos de investimento, a Proeza precisa mostrar mais que uma boa ideia: a gestão tem de ser exemplar. Divulgar bem o produto na imprensa pode ajudar a chamar a atenção de fundos de capital semente. É interessante ainda que o site tenha informações claras e conte com recursos interativos.