Mãe tem ideia inovadora de negócio após filho sofrer com alergias
Foi um perrengue da própria maternidade que fez a publicitária Karen Kanaan criar a Baby&Me e ser selecionada para ser residente do campus do Google
Marília Almeida
Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 07h00.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 10h19.
São Paulo - Quem diria que uma alergia a medicamentos do filho de dois anos iria levar a publicitária Karen Sahade Kanaan, 38 anos, a ter um insight para um negócio inovador - uma linha de produtos práticos para ajudar pais e bebês.
Já grávida do segundo filho, Karen já vinha pensando em deixar a carreira corporativa. “Meu objetivo era ter maior flexibilidade de horário para passar mais tempo com as crianças”. A publicitária era diretora da Endeavor, organização que apoia o empreendedorismo, há seis anos. E foi aos nove meses de gravidez que teve uma ideia.
Como a alergia a medicamento do seu filho só seria curada quando não houvesse mais restos do remédio no corpo da criança, Karen logo viu que um protetor de colchão tradicional para berço não era bom o suficiente. “Ele vomitava o tempo todo durante a noite e ficava com a roupa toda suja. O colchão não absorvia o líquido”. Além disso, o produto tinha de ser lavado diversas vezes.
Tudo isso acontecia quando faltava menos de um mês para nascer a filha da empreendedora. “Eu não tinha babá e meu marido estava trabalhando no exterior. Apenas a minha diarista me dava apoio”, conta. “Passei madrugadas acordada”.
Desesperada e conversando com outras mães em fóruns, recebeu a sugestão de que comprasse um tapete para cachorros, que absorvia líquidos. Deu certo. “Mas logo algumas mães me alertaram que o tapete tinha um material muito químico, que não era adequado para a pele do bebê”.
Karen então vislumbrou uma oportunidade. Lembrou de uma empreendedora que trabalhava com produtos para o mercado pet, que conheceu durante um curso, e não pensou duas vezes. “Cheguei para ela e disse: você sabia que seu produto é utilizado para esse propósito? Ela disse que sabia, mas não tinha braço para criar uma marca que vendesse um produto adaptado para bebês, com materiais atóxicos. Fechamos a parceria ali mesmo”. A filha de Karen nasceu praticamente junto com o seu negócio.
Distribuição aconteceu de forma rápida
Com a estrutura da fábrica da sócia, Karen criou em junho de 2015 a Baby&Me, uma linha de produtos práticos para bebês. O primeiro produto lançado foi um tapete para bebê descartável que não serve apenas para problemas com doenças, mas principalmente para ajudar os pais durante o desfralde.
A partir do colchão surgiu outro item: o trocador descartável (para aquelas visitas nas quais os pais querem evitar acidentes na cama ou no sofá alheio e não precisar voltar com o trocador sujo na bolsa depois ou ter de colocar um cueiro em cima durante o uso). “O produto é maior do que o existente no mercado porque vimos que o padrão só serve para crianças de até um ano. Depois elas não cabem mais neles”, explica Karen.
A ideia chamou a atenção de sites de comércio eletrônico focados no público infantil. O primeiro foi a Baby Store. “Conhecia o diretor e fomos até a empresa mostrar os produtos. Ele gostou e logo fez um pedido de 1.500 peças. Ainda nem tínhamos logo e embalagens. Tivemos de criar tudo muito rápido, em três meses”.
Karen começou a vender o trocador e o colchão descartáveis. Depois surgiram outros produtos, como o porta caca (para quando os pais não encontrarem onde deixar a fralda ou roupinha sujas). Após um ano e meio, a linha já tem dez itens e é vendida nos principais sites especializado em produtos infantis, como o Tricae.
Depois de oito meses, também chegou no varejo, em supermercados como St Marche e redes de farmácia como a Panvel. Hoje a Baby&Me é distribuída em 150 pontos comerciais, já contabilizando os sites de comércio eletrônico. “Hoje no segmento no qual atuamos vemos de um lado multinacionais e do outro vemos marcas pequenas sem escala. Queremos ser um meio termo, ter uma certa projeção”.
No primeiro ano, o faturamento do negócio atingiu 250 mil reais. “Crescemos em média 20% ao mês”. Selecionada para trabalhar no campus do Google em São Paulo ( veja como ser selecionado para virar residente no Google Campus ), Karen e sua sócia buscam agora investidores para a marca. “Queremos ampliar a equipe e lançar uma linha de produtos biodegradáveis”.
Comunidade de mães foi essencial
O diferencial do negócio, conta Karen, foi formar uma comunidade de cerca de 50 mães para criar os produtos em conjunto com as empresárias. “Fomos aprimorando e testando cada protótipo junto com elas”.
Parte dessa comunidade de mães inclusive atua como distribuidoras dos produtos, por meio de venda direta. “Nada melhor do que comprar um produto de quem usa e sabe do que está falando”. Karen pede que as mães façam um pedido mínimo, pelo qual têm 30 dias para pagar.