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Lojas de chá gourmet começam a conquistar brasileiros

Novas empresas surgem na tentativa de disseminar a cultura do consumo de chás de luxo no país

Chá preto: as novas modalidades de sabores tentam agradar o paladar brasileiro (SHEILA OLIVEIRA)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de março de 2011 às 17h40.

São Paulo – “Aceita um chá?”  Se você já ouviu essa frase em alguma visita a amigos ou reunião de negócios, é sinal de que está antenado a uma nova tendência que começa a despontar no mercado brasileiro. O chá importado – também conhecido como "chá gourmet" – pode até não desbancar o famoso cafezinho no futuro próximo, mas começa a se apresentar como uma boa oportunidade de negócio, principalmente nos grandes centros.

O chá é a segunda bebida mais consumida no mundo, logo atrás da água. Parte desse consumo vem do Oriente e da Europa. Na Inglaterra, por exemplo, são consumidas 165 milhões de xícaras por dia, pelo menos três por cada habitante. No Brasil, com a disseminação das propriedades funcionais da bebida, o chá, aos poucos, começa a perder o estigma de remédio e faz o consumo crescer.

Apesar de não haver dados estatísticos oficiais, acredita-se que nos últimos cinco anos o consumo de chás de luxo tenha dobrado no país. Ainda bem atrás do café, mas em uma crescente que pode ter sido estimulada pela moda do café gourmet.

Pioneira no ramo, a empresária Carla Saueressig é máster-franqueada da marca alemã Tee Gschwendner na América do Sul e administra A Loja do Chá, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Carla entrou nesse negócio há 12 anos e, apesar das dificuldades com importação e a alta carga tributária, conta que nunca pensou em desistir. “Quando penso na loja, em como os clientes saem felizes daqui, não penso em largar isso”, diz.

Com mais uma loja em Brasília, Carla importa de duas a três toneladas anuais de chá, que são colhidos em países como Índia, China, Japão e Indonésia e embalados na Alemanha. “Uma loja na Europa vende isso por ano”, diz. A 5 reais a xícara, são consumidas em média 40 xícaras da bebida por dia. Os mais de 240 tipos de chá também são vendidos a granel, com preços que vão de R$ 19 a R$ 600. “Gosto de dizer que vendemos o prazer de tomar um bom chá. Mas, infelizmente, a bebida ainda não tem o valor agregado do vinho, por exemplo”, explica.


Para ela, os novos negócios que estão surgindo ajudam a desmistificar essa imagem de chá insosso e amargo. “Além do mais isso estimula o mercado e dá ao consumidor uma base de comparação. Quanto mais se falar de chá, melhor será”, opina.

Entre os fatores que estimulam o crescimento deste mercado, está o incontestável aumento de consumo e de poder aquisitivo no país. Mesmo que alguns tipos de chá cheguem a custar 600 reais, como é o caso do chá verde vendido na loja de Carla, já existem empresas se desenvolvendo para oferecer opções mais acessíveis.

É o caso da The Gourmet Tea, criada em 2009 pelos empresários Leandro Toledano e Daniel Neuman. A empresa comercializa chás orgânicos importados de mais de 30 países, como Índia, China e Vietnã. “Nós tivemos a preocupação de ter as certificações USDA Organic, Brasil Orgânico e KSA”, conta Neuman.

O que começou como um hobby – Neuman conta que trazia caixas e caixas de chás de viagens ao exterior – começou a ganhar força e exigir cada vez mais dedicação dos sócios. Dispostas em mais de 300 pontos de venda espalhados por 13 estados brasileiros, a empresa tem atuação em quase todo o país, de Rondônia ao Rio Grande do Sul. As latinhas, feitas exclusivamente para a marca, custam R$ 23,90 e rendem 20 xícaras da bebida. “A gente queria que o chá tivesse um preço acessível, então, resolvemos não importar todos os processos. Montamos e ensacamos aqui mesmo, para baratear”, explica.

A empresa também atua no e-commerce, que segundo o empresário, representa 10% das vendas. Em breve, os 35 blends da marca serão vendidos também em uma loja que deve ser inaugurada no próximo mês na Vila Madalena, em São Paulo. Neuman não se surpreende com o crescimento rápido da empresa. A loja própria estava prevista para 2012. Sem revelar o faturamento ou números de venda, ele garante que o Brasil está pronto para o consumo do chá gourmet. “A gente percebe que o mercado está aquecido mesmo nos meses mais quentes”, diz.


Na mesma linha, a empresária Monica Rennó investiu 500 mil reais na loja Talchá, inaugurada recentemente no shopping Pateo Higienópolis, em São Paulo. Ex-diretora de marketing da WWF, Monica mudou sua percepção da bebida quando conheceu a marca francesa Mariage Freres. “Costumava tomar chá quando estava doente, aqueles de saquinho, preparados da forma errada. Trouxe na bagagem desta viagem alguns quilos de chá e comecei a experimentar”, conta.

Depois de um estudo de mercado, ela conta que notou uma demanda reprimida e apostou na curiosidade do brasileiros por novidades. “Vimos isso acontecer há alguns anos com o vinho e mais recentemente com o café. Até outro dia tomávamos café de baixa qualidade”, exemplifica. Com preços que variam de R$ 15 a R$ 89 reais (por 50 gramas), as plantas são trazidas da China, Índia, Japão e África do Sul.

Com 12 funcionários, a Talchá comercializa 60 sabores de chás além de comidinhas e quitutes. “Sem dúvida é um desafio introduzir este conceito em um país que não tem o hábito de tomar chá. Mas temos sido surpreendidos pela receptividade”, explica. A loja virtual também é um canal de venda da Talchá, que entrega para todo o país. “Achamos que é um mercado promissor e já estamos pensando na próxima loja”, revela Monica.

Além da bebida, essa nova onda traz um outro mercado em potencial: o de acessórios. De infusores a bules, as lojas faturam também com a venda de produtos que complementam a “experiência do chá”. “Nossa linha de produtos inclui também bules, copos, jarras, infusores, colheres e outros acessórios. Esses produtos são naturalmente relacionados com o mundo dos chás e a ideia é desmistificar o conceito de que preparar a bebida a granel é uma coisa complicada”, explica Monica, da Talchá.

A The Gourmet Tea encomendou uma linha exclusiva de xícaras, bules, infusores e outros produtos que serão vendidos na loja e vão compor kits presenteáveis.

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São Paulo – “Aceita um chá?”  Se você já ouviu essa frase em alguma visita a amigos ou reunião de negócios, é sinal de que está antenado a uma nova tendência que começa a despontar no mercado brasileiro. O chá importado – também conhecido como "chá gourmet" – pode até não desbancar o famoso cafezinho no futuro próximo, mas começa a se apresentar como uma boa oportunidade de negócio, principalmente nos grandes centros.

O chá é a segunda bebida mais consumida no mundo, logo atrás da água. Parte desse consumo vem do Oriente e da Europa. Na Inglaterra, por exemplo, são consumidas 165 milhões de xícaras por dia, pelo menos três por cada habitante. No Brasil, com a disseminação das propriedades funcionais da bebida, o chá, aos poucos, começa a perder o estigma de remédio e faz o consumo crescer.

Apesar de não haver dados estatísticos oficiais, acredita-se que nos últimos cinco anos o consumo de chás de luxo tenha dobrado no país. Ainda bem atrás do café, mas em uma crescente que pode ter sido estimulada pela moda do café gourmet.

Pioneira no ramo, a empresária Carla Saueressig é máster-franqueada da marca alemã Tee Gschwendner na América do Sul e administra A Loja do Chá, no shopping Iguatemi, em São Paulo. Carla entrou nesse negócio há 12 anos e, apesar das dificuldades com importação e a alta carga tributária, conta que nunca pensou em desistir. “Quando penso na loja, em como os clientes saem felizes daqui, não penso em largar isso”, diz.

Com mais uma loja em Brasília, Carla importa de duas a três toneladas anuais de chá, que são colhidos em países como Índia, China, Japão e Indonésia e embalados na Alemanha. “Uma loja na Europa vende isso por ano”, diz. A 5 reais a xícara, são consumidas em média 40 xícaras da bebida por dia. Os mais de 240 tipos de chá também são vendidos a granel, com preços que vão de R$ 19 a R$ 600. “Gosto de dizer que vendemos o prazer de tomar um bom chá. Mas, infelizmente, a bebida ainda não tem o valor agregado do vinho, por exemplo”, explica.


Para ela, os novos negócios que estão surgindo ajudam a desmistificar essa imagem de chá insosso e amargo. “Além do mais isso estimula o mercado e dá ao consumidor uma base de comparação. Quanto mais se falar de chá, melhor será”, opina.

Entre os fatores que estimulam o crescimento deste mercado, está o incontestável aumento de consumo e de poder aquisitivo no país. Mesmo que alguns tipos de chá cheguem a custar 600 reais, como é o caso do chá verde vendido na loja de Carla, já existem empresas se desenvolvendo para oferecer opções mais acessíveis.

É o caso da The Gourmet Tea, criada em 2009 pelos empresários Leandro Toledano e Daniel Neuman. A empresa comercializa chás orgânicos importados de mais de 30 países, como Índia, China e Vietnã. “Nós tivemos a preocupação de ter as certificações USDA Organic, Brasil Orgânico e KSA”, conta Neuman.

O que começou como um hobby – Neuman conta que trazia caixas e caixas de chás de viagens ao exterior – começou a ganhar força e exigir cada vez mais dedicação dos sócios. Dispostas em mais de 300 pontos de venda espalhados por 13 estados brasileiros, a empresa tem atuação em quase todo o país, de Rondônia ao Rio Grande do Sul. As latinhas, feitas exclusivamente para a marca, custam R$ 23,90 e rendem 20 xícaras da bebida. “A gente queria que o chá tivesse um preço acessível, então, resolvemos não importar todos os processos. Montamos e ensacamos aqui mesmo, para baratear”, explica.

A empresa também atua no e-commerce, que segundo o empresário, representa 10% das vendas. Em breve, os 35 blends da marca serão vendidos também em uma loja que deve ser inaugurada no próximo mês na Vila Madalena, em São Paulo. Neuman não se surpreende com o crescimento rápido da empresa. A loja própria estava prevista para 2012. Sem revelar o faturamento ou números de venda, ele garante que o Brasil está pronto para o consumo do chá gourmet. “A gente percebe que o mercado está aquecido mesmo nos meses mais quentes”, diz.


Na mesma linha, a empresária Monica Rennó investiu 500 mil reais na loja Talchá, inaugurada recentemente no shopping Pateo Higienópolis, em São Paulo. Ex-diretora de marketing da WWF, Monica mudou sua percepção da bebida quando conheceu a marca francesa Mariage Freres. “Costumava tomar chá quando estava doente, aqueles de saquinho, preparados da forma errada. Trouxe na bagagem desta viagem alguns quilos de chá e comecei a experimentar”, conta.

Depois de um estudo de mercado, ela conta que notou uma demanda reprimida e apostou na curiosidade do brasileiros por novidades. “Vimos isso acontecer há alguns anos com o vinho e mais recentemente com o café. Até outro dia tomávamos café de baixa qualidade”, exemplifica. Com preços que variam de R$ 15 a R$ 89 reais (por 50 gramas), as plantas são trazidas da China, Índia, Japão e África do Sul.

Com 12 funcionários, a Talchá comercializa 60 sabores de chás além de comidinhas e quitutes. “Sem dúvida é um desafio introduzir este conceito em um país que não tem o hábito de tomar chá. Mas temos sido surpreendidos pela receptividade”, explica. A loja virtual também é um canal de venda da Talchá, que entrega para todo o país. “Achamos que é um mercado promissor e já estamos pensando na próxima loja”, revela Monica.

Além da bebida, essa nova onda traz um outro mercado em potencial: o de acessórios. De infusores a bules, as lojas faturam também com a venda de produtos que complementam a “experiência do chá”. “Nossa linha de produtos inclui também bules, copos, jarras, infusores, colheres e outros acessórios. Esses produtos são naturalmente relacionados com o mundo dos chás e a ideia é desmistificar o conceito de que preparar a bebida a granel é uma coisa complicada”, explica Monica, da Talchá.

A The Gourmet Tea encomendou uma linha exclusiva de xícaras, bules, infusores e outros produtos que serão vendidos na loja e vão compor kits presenteáveis.

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