Investir no comércio eletrônico ou em franquias?
José Luiz Cunha criou um negócio que fatura 2 milhões de reais ao ano ensinando os clientes a manter a casa organizada e vendendo produtos que ajudam a deixar tudo em ordem. Agora, ele está em dúvida entre ampliar a loja online e expandir por franquias
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2012 às 05h00.
São Paulo - Pessoas que não aguentam mais conviver com sapatos espalhados pelo chão, armários entulhados e mesas desarrumadas são o público-alvo do engenheiro José Luiz Cunha, de 56 anos, dono da OZ! Organize sua Vida.
Ele fundou a empresa em 2005, em São Paulo, para vender pela internet sapateiras, cabides, caixas e outros produtos que ajudam a colocar um fim na bagunça. Hoje, Cunha e seus 15 funcionários também dão cursos de organização aos que querem aprender a arrumar a casa ou o ambiente de trabalho — e também àqueles que pretendem fazer disso uma profissão. Cerca de 5.000 alunos já frequentaram as aulas.
Cunha sempre foi o tipo de pessoa que não gosta de ver nada fora do lugar. Nas empresas onde trabalhou antes de se tornar empreendedor, ele costumava ensinar os colegas a administrar melhor o tempo e a manter as mesas em ordem. "Não suportava ver as coisas funcionando mal por falta de organização", diz Cunha.
Mas ele só pensou em transformar sua mania de arrumação num negócio ao pesquisar o assunto e descobrir que, nos Estados Unidos, a organização doméstica é um mercado que movimenta bilhões de dólares. "Nos países em que as mulheres já estão há muito tempo no mercado de trabalho e não cuidam mais da casa, existe uma grande demanda por produtos e serviços que ajudem as pessoas a se organizar", afirma Cunha.
As vendas dos produtos da OZ! têm dobrado a cada ano. Os cursos, que atualmente respondem por 35% das receitas, têm cerca de 120 novos alunos por mês. No ano passado, o faturamento da empresa chegou a 2 milhões de reais, o dobro de 2010.
Hoje, os principais concorrentes da OZ! são grandes redes de varejo, como Tok&Stok, Camicado e Etna, que têm aberto espaço para produtos que ajudam a organizar ambientes. "Antes, essas redes reservavam no máximo duas prateleiras das lojas para produtos de organização", diz Cunha. "Agora, já existem seções inteiras dedicadas a esses itens."
Para continuar a crescer, Cunha faz planos para aumentar as vendas na internet. O site da OZ! põe à venda aproximadamente 800 itens diferentes. "Hoje, 200.000 visitantes passam pelo site todo mês, e uma boa parcela deles vai embora por não encontrar o produto que estava procurando", afirma ele. "Para não perder vendas, precisaria expor entre 8.000 e 40.000 produtos."
Além de aumentar a presença da marca na internet, Cunha planeja crescer por microfranquias — pequenos negócios que não precisam de ponto comercial para funcionar. A OZ! formaria uma rede de franqueados, que venderiam o serviço de organização doméstica e dariam cursos. "Para arrumar a casa das pessoas, os organizadores usariam os nossos produtos, o que ajudaria a aumentar as vendas", diz Cunha.
O problema é que a OZ! não tem recursos para colocar os dois planos de expansão em prática simultaneamente. Para ajudar Cunha a estabelecer uma prioridade para a empresa, Exame PME ouviu o mineiro Artur Hipólito, presidente do Grupo Zaiom, que administra sete redes de microfranquias.Também opinaram o paulista Marcelo Breda, sócio do escritório de projetos de engenharia e arquitetura Informov, e o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em e-commerce Alexandre Marquesi.
Aumentar a oferta no site
Alexandre Marquesi -ESPM (São Paulo, SP)
Faculdade de propaganda e marketing
• Perspectivas: Os negócios pela internet ainda podem crescer muito no Brasil. No ano passado, o comércio eletrônico no país movimentou 19 bilhões de reais, 26% mais do que em 2010. São números expressivos, mas ainda há muito a avançar. No mercado brasileiro, as vendas online ainda representam apenas 2% do faturamento do varejo, ante 5% nos Estados Unidos, por exemplo.
• Oportunidades: O perfil de quem compra produtos e serviços como os oferecidos pela OZ! é de gente atarefada. É um público muito parecido com o que compra pela internet. Esses clientes podem gastar alguns minutos comprando no site, mas dificilmente têm tempo de ir até uma loja.
• O que fazer: A OZ! deve diversificar a oferta de produtos no site e vender cursos online. Com mais opções de compra, o tíquete médio tende a aumentar. Um número maior de itens expostos na loja também ajudaria a atrair mais visitantes para o site. Para isso, não é preciso fazer investimentos muito altos, já que uma loja virtual não necessita manter um estoque elevado. Reforçar a comunicação nas mídias sociais também é um caminho para a empresa conquistar mais clientes.
Vender mais serviços
Marcelo Breda - Informov (São Paulo, SP)
Escritório de projetos de engenharia e arquitetura
Faturamento: 70 milhões de reais (em 2011)
• Perspectivas: O aumento do preço dos terrenos e dos custos de construção faz com que apartamentos, casas e escritórios fiquem cada vez menores. Alguns fabricantes de móveis e eletrodomésticos já começaram a desenvolver produtos mais compactos, e há mercado para uma empresa que ajude as pessoas a viver melhor em imóveis pequenos.
• Oportunidades: Uma empresa como a OZ! pode crescer vendendo para consumidores de maior poder aquisitivo. Até pouco tempo atrás, esse público geralmente contratava empregadas para ajudar a manter a casa em ordem. Hoje, esse tipo de trabalho ficou caro e escasso. Segundo dados do IBGE, o número de trabalhadoras domésticas vem diminuindo — são 6,2 milhões de empregadas em todo o país, ante 6,7 milhões há três anos. A OZ! pode aproveitar o espaço deixado por elas.
• O que fazer: Para crescer, Cunha poderia investir em aumentar as vendas de cursos e serviços de organização. A expansão seria mais veloz com a abertura de microfranquias. Os franqueados também podem ser um poderoso canal de divulgação para a empresa — durante as aulas ou enquanto organizam a casa de alguém, eles podem expor os produtos, o que pode resultar em mais vendas no site.
Crescer com microfranquias
Artur Hipólito - Grupo Zaiom (Campinas, SP)
Rede de microfranquias
Faturamento: 14 milhões de reais (em 2011)
• Perspectivas: Com mais mulheres no mercado de trabalho, cresce a procura por serviços que ajudem a substituir a presença feminina em casa — desde organização doméstica até cuidados com crianças e idosos. Hoje, as mulheres não apenas têm dinheiro e interesse em pagar por esses serviços como também exercem grande influência sobre a decisão de compra dos homens.
• Oportunidades: Ainda não existe uma empresa nacionalmente conhecida que preste serviço de organização doméstica. Hoje, esse trabalho é feito por profissionais autônomos, que não conseguem atender muitos clientes e enfrentam dificuldades para divulgar seu serviço. O terreno está livre para a OZ! crescer.
• O que fazer: Cunha deve expandir a OZ! por microfranquias. Assim, a empresa vai ocupar o mercado antes da concorrência, divulgar a marca pelo país e aumentar as vendas. É comum cobrar dos candidatos a franqueado uma taxa para entrar na rede e receber treinamento. Esses recursos podem ser investidos no site.
São Paulo - Pessoas que não aguentam mais conviver com sapatos espalhados pelo chão, armários entulhados e mesas desarrumadas são o público-alvo do engenheiro José Luiz Cunha, de 56 anos, dono da OZ! Organize sua Vida.
Ele fundou a empresa em 2005, em São Paulo, para vender pela internet sapateiras, cabides, caixas e outros produtos que ajudam a colocar um fim na bagunça. Hoje, Cunha e seus 15 funcionários também dão cursos de organização aos que querem aprender a arrumar a casa ou o ambiente de trabalho — e também àqueles que pretendem fazer disso uma profissão. Cerca de 5.000 alunos já frequentaram as aulas.
Cunha sempre foi o tipo de pessoa que não gosta de ver nada fora do lugar. Nas empresas onde trabalhou antes de se tornar empreendedor, ele costumava ensinar os colegas a administrar melhor o tempo e a manter as mesas em ordem. "Não suportava ver as coisas funcionando mal por falta de organização", diz Cunha.
Mas ele só pensou em transformar sua mania de arrumação num negócio ao pesquisar o assunto e descobrir que, nos Estados Unidos, a organização doméstica é um mercado que movimenta bilhões de dólares. "Nos países em que as mulheres já estão há muito tempo no mercado de trabalho e não cuidam mais da casa, existe uma grande demanda por produtos e serviços que ajudem as pessoas a se organizar", afirma Cunha.
As vendas dos produtos da OZ! têm dobrado a cada ano. Os cursos, que atualmente respondem por 35% das receitas, têm cerca de 120 novos alunos por mês. No ano passado, o faturamento da empresa chegou a 2 milhões de reais, o dobro de 2010.
Hoje, os principais concorrentes da OZ! são grandes redes de varejo, como Tok&Stok, Camicado e Etna, que têm aberto espaço para produtos que ajudam a organizar ambientes. "Antes, essas redes reservavam no máximo duas prateleiras das lojas para produtos de organização", diz Cunha. "Agora, já existem seções inteiras dedicadas a esses itens."
Para continuar a crescer, Cunha faz planos para aumentar as vendas na internet. O site da OZ! põe à venda aproximadamente 800 itens diferentes. "Hoje, 200.000 visitantes passam pelo site todo mês, e uma boa parcela deles vai embora por não encontrar o produto que estava procurando", afirma ele. "Para não perder vendas, precisaria expor entre 8.000 e 40.000 produtos."
Além de aumentar a presença da marca na internet, Cunha planeja crescer por microfranquias — pequenos negócios que não precisam de ponto comercial para funcionar. A OZ! formaria uma rede de franqueados, que venderiam o serviço de organização doméstica e dariam cursos. "Para arrumar a casa das pessoas, os organizadores usariam os nossos produtos, o que ajudaria a aumentar as vendas", diz Cunha.
O problema é que a OZ! não tem recursos para colocar os dois planos de expansão em prática simultaneamente. Para ajudar Cunha a estabelecer uma prioridade para a empresa, Exame PME ouviu o mineiro Artur Hipólito, presidente do Grupo Zaiom, que administra sete redes de microfranquias.Também opinaram o paulista Marcelo Breda, sócio do escritório de projetos de engenharia e arquitetura Informov, e o professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em e-commerce Alexandre Marquesi.
Aumentar a oferta no site
Alexandre Marquesi -ESPM (São Paulo, SP)
Faculdade de propaganda e marketing
• Perspectivas: Os negócios pela internet ainda podem crescer muito no Brasil. No ano passado, o comércio eletrônico no país movimentou 19 bilhões de reais, 26% mais do que em 2010. São números expressivos, mas ainda há muito a avançar. No mercado brasileiro, as vendas online ainda representam apenas 2% do faturamento do varejo, ante 5% nos Estados Unidos, por exemplo.
• Oportunidades: O perfil de quem compra produtos e serviços como os oferecidos pela OZ! é de gente atarefada. É um público muito parecido com o que compra pela internet. Esses clientes podem gastar alguns minutos comprando no site, mas dificilmente têm tempo de ir até uma loja.
• O que fazer: A OZ! deve diversificar a oferta de produtos no site e vender cursos online. Com mais opções de compra, o tíquete médio tende a aumentar. Um número maior de itens expostos na loja também ajudaria a atrair mais visitantes para o site. Para isso, não é preciso fazer investimentos muito altos, já que uma loja virtual não necessita manter um estoque elevado. Reforçar a comunicação nas mídias sociais também é um caminho para a empresa conquistar mais clientes.
Vender mais serviços
Marcelo Breda - Informov (São Paulo, SP)
Escritório de projetos de engenharia e arquitetura
Faturamento: 70 milhões de reais (em 2011)
• Perspectivas: O aumento do preço dos terrenos e dos custos de construção faz com que apartamentos, casas e escritórios fiquem cada vez menores. Alguns fabricantes de móveis e eletrodomésticos já começaram a desenvolver produtos mais compactos, e há mercado para uma empresa que ajude as pessoas a viver melhor em imóveis pequenos.
• Oportunidades: Uma empresa como a OZ! pode crescer vendendo para consumidores de maior poder aquisitivo. Até pouco tempo atrás, esse público geralmente contratava empregadas para ajudar a manter a casa em ordem. Hoje, esse tipo de trabalho ficou caro e escasso. Segundo dados do IBGE, o número de trabalhadoras domésticas vem diminuindo — são 6,2 milhões de empregadas em todo o país, ante 6,7 milhões há três anos. A OZ! pode aproveitar o espaço deixado por elas.
• O que fazer: Para crescer, Cunha poderia investir em aumentar as vendas de cursos e serviços de organização. A expansão seria mais veloz com a abertura de microfranquias. Os franqueados também podem ser um poderoso canal de divulgação para a empresa — durante as aulas ou enquanto organizam a casa de alguém, eles podem expor os produtos, o que pode resultar em mais vendas no site.
Crescer com microfranquias
Artur Hipólito - Grupo Zaiom (Campinas, SP)
Rede de microfranquias
Faturamento: 14 milhões de reais (em 2011)
• Perspectivas: Com mais mulheres no mercado de trabalho, cresce a procura por serviços que ajudem a substituir a presença feminina em casa — desde organização doméstica até cuidados com crianças e idosos. Hoje, as mulheres não apenas têm dinheiro e interesse em pagar por esses serviços como também exercem grande influência sobre a decisão de compra dos homens.
• Oportunidades: Ainda não existe uma empresa nacionalmente conhecida que preste serviço de organização doméstica. Hoje, esse trabalho é feito por profissionais autônomos, que não conseguem atender muitos clientes e enfrentam dificuldades para divulgar seu serviço. O terreno está livre para a OZ! crescer.
• O que fazer: Cunha deve expandir a OZ! por microfranquias. Assim, a empresa vai ocupar o mercado antes da concorrência, divulgar a marca pelo país e aumentar as vendas. É comum cobrar dos candidatos a franqueado uma taxa para entrar na rede e receber treinamento. Esses recursos podem ser investidos no site.