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Franquias buscam cidades do interior para crescer

Potencial de consumo da nova classe média e territórios inexplorados são atrativos para as redes

Clima de interior: crescimento e renda atraem novos negócios para a região (SERGIO BEREZOVSKY)

Clima de interior: crescimento e renda atraem novos negócios para a região (SERGIO BEREZOVSKY)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2012 às 15h15.

São Paulo – As cidades interioranas do Brasil sempre viveram um pouco em função das capitais, enxergando os grandes centros como modelo de desenvolvimento e inovação. Esse cenário está mudando e o interior tem sido alvo de várias empresas que buscam as cidades menores para investir e crescer.

Com o aquecimento da economia, o aumento do salário mínimo e o desenvolvimento do Brasil, o mercado interiorano tem se mostrado sedento por novidades e ansioso para consumir. “Os pólos industriais fizeram com que essas cidades enriquecessem e agora elas estão prontas para receber novas marcas”, explica Marcos Nascimento, diretor da Cia de Franchising, que tem sede em São José do Rio Preto.

As cidades menores estão crescendo e formando grandes centros de desenvolvimento. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 40 anos, a região Sudeste ganhou quase 80 novas cidades com até 500 mil habitantes. Esse fenômeno pode ser constatado em todo o país.

Só São Paulo tem, de acordo com o Censo 2010, mais de 30 milhões de pessoas vivendo fora da capital. Além disso, as cidades médias foram as que mais cresceram em população. Todo esse potencial tem sido visto como oportunidade de crescimento, em especial para as redes de franquias. “Esse movimento tem se intensificado nos últimos dois anos porque o interior tem potencial de elevação de consumo com o aumento do salário mínimo e da renda”, diz Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira de Franquias (ABF).

Mais do que mercado consumidor, as marcas procuram novos territórios. Muitas empresas já esgotaram suas possibilidades de expansão em capitais e regiões metropolitanas e aproveitam o bom momento econômico para se arriscar em cidades menores. “Existe uma grande concentração de negócios nas capitais e grandes centros. Por isso, essa não é uma decisão estritamente estratégica: as franqueadoras estão precisando de novos territórios para crescer”, afirma o consultor de negócios, André Luis Soares Pereira.


Outro indicativo do potencial que o interior tem de receber novas franquias é o interesse das redes que administram shoppings em se instalar nessas cidades. Segundo um balanço feito pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) em parceria com o Ibope Inteligência, quase metade dos empreendimentos brasileiros já estão no interior. Até 2013 outros 124 shoppings devem ser inaugurados no país e abrir espaço para mais de 19 mil lojas.

Para Nascimento, todo esse movimento prova que o mercado deixou de lado o preconceito em relação às cidades menores e rompeu alguns paradigmas. “Não se acredita mais que a tecnologia nestes locais é precária, que não existe dinheiro, que o consumidor não está disposto a pagar mais por uma marca ou não aceita coisas diferentes”, diz. “Todos os estados podem agregar novos investimentos desde que a marca franqueadora faça uma pesquisa de mercado, que inclui saber quais as regiões primárias e secundárias de atuação, o número de habitantes, a renda per capita, o público-alvo, a concorrência e os hábitos de consumo da população”, define Pereira.

Além das grandes marcas, a oportunidade no interior é vislumbrada também pelas redes locais. De acordo com dados da ABF, existem cerca 230 franqueadores em cidades pequenas e médias, o que representa mais de 30% das redes associadas. Juntas, elas são responsáveis por 15 mil unidades espalhadas pelo país. Só a cidade de Campinas, por exemplo, a 100 quilômetros da capital paulista, tem quase cinco vezes mais redes do que Salvador. “Este ainda é um mercado mal explorado. Temos espaço para muito mais”, opina Nascimento.

Para a presidente da ABF-RJ, Fátima Rocha, os novos franqueados têm que ter muito cuidado com a demanda desses marcados. “De repente, ele gosta muito de uma coisa mas o público quer outra. Além disso, capacidade de logística e mão de obra são coisas importantes. Para uma rede de fast food, por exemplo, se for difícil levar o produto até o local isso vai tornar a operação mais cara”, ensina.

Crescem, em especial, as marcas de alimentação, produtos para mulheres, lazer e educação. “É natural que as franquias de serviços tomem a dianteira, assim como as redes de alimentação, de lanchonetes a restaurantes. As marcas de beleza e saúde, que já estavam presente com lojas de perfumes, agora começam a levar também os serviços estéticos. Além disso, vestuário, acessórios pessoais e educação devem chegar em todas essas cidades”, avalia o diretor da ABF.


É o caso da UNS Idiomas. A rede, criada em São Paulo, em 2003, está preparando um road show para Campinas em busca de novos franqueados. “Esperamos abrir quatro unidades neste mercado”, diz Carlos Coelho, gerente de expansão. Piracicaba e Ribeiro Preto também fazem parte do objetivo da rede, que já atua em outras cidades do interior paulista, como Sorocaba, São José do Rio Preto, Araraquara e São Carlos.

Apesar do foco estar em cidades com ao menos 100 mil habitantes, os especialistas dizem que em pouco tempo os municípios ainda menores devem se tornar mercados potenciais. “Em cidades intermediárias, temos também um movimento de franquias de turismo. Com 70 mil habitantes já dá para montar uma operação”, explica Camargo. “Instalamos uma unidade da Wizard em Valentim Gentil, uma cidadezinha com 10 mil habitantes em São Paulo”, conta Nascimento.

Para quem se interessa em montar um negócio no interior, a boa notícia é que as redes dão prioridade aos empreendedores locais em vez de investidores de outras cidades. “Nós preferimos pessoas que vão entrar no negócio, que vão arregaçar as mangas”, diz Coelho.

O resultado das franquias costumam demorar mais a acontecer. Segundo Camargo, em mercados mais novos o fluxo tende a ser menor. “Historicamente, o retorno é mais prolongado, ficando em 48 meses, contra a média de 36 meses das capitais”, diz. Em compensação, há quem defenda que o resultado é garantido. “As franquias no interior podem ter uma rentabilidade maior. Apesar do faturamento não ser tão expressivo, os investimentos também costumam ser baixos”, explica Nascimento, da Cia de Franchising.

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