José Santos, da Target Meio de Pagamentos: a empresa, fundada em 2014, nasceu para ser o banco dos caminhoneiros brasileiros (Target MP/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 09h15.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 11h47.
A fintech Target Meio de Pagamentos, em parceria com a startup Rebel, anuncia o lançamento da sua primeira linha de crédito voltada para os caminhoneiros brasileiros. Serão disponibilizados empréstimos entre 1.000 e 30.000 reais, com taxas de juros a partir de 1,9% e prazo para pagamento de até 36 meses. “Queremos deixar o caminhoneiro livre para usar o recurso onde mais precisar, seja no seu negócio ou na sua vida pessoal”, afirma José Santos, fundador e presidente da Target.
O crédito é uma das principais demandas da categoria, que é ainda pouco bancarizada e opera com instrumentos financeiros informais, como a carta-frete. Segundo Santos, os produtos disponíveis nas instituições financeiras hoje são voltados para a aquisição ou troca de caminhões. “Existe uma escassez de empréstimo pessoal para esse público”, diz o presidente da fintech.
Criada em 2014, a Target já nasceu com a missão de oferecer serviços financeiros aos motoristas de caminhão. Além do crédito, a "fintech dos caminhoneiros" oferece serviços como cartão de crédito e conta digital voltados para as especificidades da categoria. Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), são mais de 2 milhões de caminhoneiros trabalhando no Brasil, sendo 700.000 deles por conta própria.
O público da Target engloba tanto os motoristas autônomos quanto os que são funcionários de alguma transportadora. A fintech também tem um braço corporativo que atende companhias de logística e do agronegócio que precisam de ferramentas para pagar funcionários e fornecedores. Assim, a empresa movimenta mais de 2 bilhões de reais por ano.
Os produtos que são carro-chefe da operação são os que ajudam o motorista a controlar a vida financeira nas estradas e fora delas. O aplicativo da empresa reúne comprovantes de pagamento de contratos e certificações de que o caminhoneiro pagou impostos devidos na estrada. "Se ele pegar uma fiscalização na estrada, é só mostrar, está tudo reunido ali", diz Santos.
A plataforma faz ainda cálculo de quanto dinheiro será gasto em pedágio ou valor de fretes, estimativa de rotas para economizar combustível e rastreamento para que as empresas consigam saber onde estão as cargas.
No final de 2019, a fintech decidiu lançar uma série de novos produtos, entre eles uma conta digital própria. O ano de 2020 seria dedicado exclusivamente para popularizar as novas ferramentas no mercado, mas parte dos planos precisaram ser suspensos devido à pandemia. “Sem poder sair na rua para conversar com o caminhoneiro, fica difícil”, diz o fundador.
A conta digital, que tinha como meta terminar o ano com 30.000 clientes, chegou à marca de 10.000 somente em dezembro. Ainda assim, o negócio conseguiu se recuperar das quedas de faturamento no segundo trimestre e fechou 2020 com alta de 50% na receita na comparação com 2019. “Não podemos dizer que foi um ano ruim", afirma Santos.
Para 2021, a empresa espera que o crescimento acelerado que não veio em 2020 se concretize. A aposta é que os produtos de crédito, muito demandados pelos clientes, ajudem a impulsionar a conta digital, que tem como meta crescer sua base de usuários em 60% ao longo do ano.
Já na frente de empréstimos e antecipação de recebíveis, a projeção da fintech é terminar 2021 originando entre 50 e 100 milhões de reais para empresas e caminhoneiros. “Temos o desafio de continuar a criar produtos que tornem a vida dos caminhoneiros mais fácil”, afirma Santos.