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Esta startup conquistou R$ 10 mi de Galló, da Renner, e Lambrecht, da 99

Os empreendedores Bruna Negrão e Fábio Blanco receberam um aporte em seu site de compras de supermercado automatizadas, a startup Shopper.com.br

Sócios da Shopper, Fábio Rodas Blanco e a Bruna Vaz Negrão: a Shopper.com.br projeta a expansão da equipe e de suas operações, mantendo um aumento mensal de 20 a 35% no número de clientes ativos (Germano Lüders/Exame)

Mariana Fonseca

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 06h00.

Última atualização em 2 de agosto de 2019 às 11h15.

Os então estudantes Bruna Negrão e Fábio Blanco se inspiraram na gigante do comércio eletrônico Amazon para montarem sua startup , há quatro anos. A ideia se tornou a Shopper.com.br, site de compras de supermercado automatizadas, e atraiu recentemente os olhos de empreendedores conhecidos no varejo e na tecnologia.

A startup anunciou a captação de uma rodada de 10 milhões de reais de nomes como José Galló, ex-presidente da varejista Renner, e Ariel Lambrecht, fundador das startups de mobilidade urbana 99 e Yellow.

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Com o aporte, a Shopper.com.br projeta a expansão da equipe e de suas operações, mantendo um aumento mensal de 20 a 35% no número de clientes ativos. A startup acumula 100 mil cadastros e atende “milhares” de clientes ativos hoje, por meio de 2.100 itens supermercadistas.

Oportunidade na economia

Bruna Negrão e Fábio Rodas se conheceram na faculdade -- ela estudava administração e ele estudava economia no Insper, em São Paulo. “Estávamos buscando uma solução melhor para o abastecimento doméstico de produtos. Ir ao supermercado diversas vezes nos parecia algo ineficiente”, diz Rodas.

Os estudantes tomaram como principal inspiração o modelo Subscribe & Save (“Assine e Poupe”), da gigante de comércio eletrônico Amazon. Segundo a empresa de 936 bilhões de dólares, o Subscribe & Save permite programar as entregas de seus produtos favoritos e pagar até 15% menos. É possível cancelar essa assinatura de entrega quando o cliente desejar.

Negrão e Rodas fundaram a startup Shopper.com.br em 2015. A plataforma tem como objetivo auxiliar consumidores e planejarem suas compras de supermercado e economizarem com isso.

O cliente escolhe dentre 2.100 produtos no site ou no aplicativo (produtos de limpeza, higiene pessoal, alimentos não perecíveis, bebidas ou frutas, por exemplo)e programa uma data de entrega, como em qualquer comércio eletrônico.

A partir da primeira compra, o usuário entrará em um modelo de recorrência mensal. Uma notificação será mandada ao seu smartphone alguns dias antes de a entrega inicial completar 30 dias. É possível cancelar o serviço de vez ou apenas mudar itens da cesta. Também dá para programar o melhor canal de lembrete mensal, desde notificação do celular e WhatsApp até ligação telefônica.

Além da comodidade, a Shopper.com.br defende que compras programadas barram impulsos e geram menos custos finais. “O cliente toma consciência dos seus gastos e do que sua casa realmente precisa, no lugar das viagens picadas ao supermercado. Somos uma ferramenta de economia e organização pela recorrência”, afirma Negrão.

A Shopper.com.br registrou 100 mil cadastros e atende “milhares” de clientes ativos. O pedido mínimo da plataforma é de 150 reais, com frete de 9,90 reais. Não há frete para compras acima de 250 reais, caso de 95% dos clientes ativos da Shopper.com.br. O tíquete médio fica entre 400 e 550 reais por compra. A grande maioria realiza apenas uma aquisição mensal.

A startup projeta ter gerado uma economia de 1,9 milhão de reais aos seus clientes. Uma parte dessa economia vêm dos novos hábitos e outra das margens da Shopper.com.br, que afirma ter cestas de compras em média 12% mais baratas do que as feitas em e-commerces de apenas um supermercado.

Tanto a Shopper.com.br quanto os supermercados compram direto das fabricantes dos itens. Mas menores estoques dão a possibilidade de a startup não embutir custos de armazenamento e tirar daí a margem que sustenta sua operação.“Só negociamos com a fabricante a partir do momento em que a pessoa confirmou a compra. Se estocássemos, nosso centro de distribuição precisaria ser de seis a dez vezes maior”, afirma Rodas. A Shopper.com.br ocupa um espaço de 2,3 mil metros quadrados em São Paulo.

Aporte e expansão

A Shopper.com.br já havia recebido alguns aportes de investidores-anjo, de valores não revelados. Esta é a primeira rodada institucional da startup. O investimento de 10 milhões de reais veio do fundo de José Gallo (Renner), de Juscelino Martins (do Grupo Martins, de vendas por atacado), de Ariel Lambrecht (99, Yellow) e do fundo de investimentos sementes Canary (investidor de negócios como Facily, Gupy, Loft e Volanty).

“O Galló tem uma obsessão constante em treinar funcionários para encantar o cliente. Acreditamos que ele pode agregar muito com a experiência de décadas no setor de comércio”, diz Negrão. “O Ariel [Lambrecht] sabe muito de tecnologia e da interação dela com o usuário, por meio da experiência do cliente”, completa Rodas.

A startup tem 120 funcionários e  atende 500 bairros da cidade de São Paulo e da próxima Alphaville. Com o aporte, projeta dobrar sua equipe e chegar a mais 300 bairros, incluindo a região do ABC, também próxima à cidade de São Paulo. As principais contratações serão em tecnologia e operação (do empacotamento à entrega).

“Queremos manter nosso padrão de serviço e, ao mesmo tempo, continuar com um crescimento mensal de 20 a 35%. O aumento da base de clientes ativos permitirá negociar preços melhores com a fabricante e proporcionar ainda mais economia”, afirma Rodas.

O modelo de assinatura

A previsibilidade de estoque é comum aos modelos de compra recorrente. Exemplos são os clubes de assinatura, como Leiturinha (livros infantis) e Wine (vinhos), que enviam caixas similares a todos os seus assinantes.

Na Shopper.com.br, porém, há um armazenamento semi-previsível: cada consumidor escolhe o que vai receber e pode mudar sua cesta todos os meses, com apenas alguns dias de antecedência. É um modelo de estoque que fica entre o clube de assinatura e o e-commerce.

A última capa de EXAME realiza uma análise sobre a expansão do modelo de recorrência nos últimos anos. No Brasil, um estudo da ABComm, associação das empresas de comércio eletrônico, identificou um crescimento de 167% no número de clubes de assinatura em quatro anos, de 300, em 2014 para mais de 800, em 2018, com faturamento somado de 1 bilhão de reais.

As startups oferecem de tudo por assinatura. O mais óbvio são os produtos de reposição, das fraldas às lâminas de barbear. É justamente nessa categoria a Shopper.com.br aposta.

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