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Empresária faz sucesso com sorvete de fruto da caatinga

Produto feito à base de fruta nativa do semiárido nordestino é o diferencial da sorveteria Sertão Gelado


	Frutas: Kaline de Castro apostou em sabores exóticos como diferencial do negócio
 (Dan Jaeger Vendruscolo/SXC)

Frutas: Kaline de Castro apostou em sabores exóticos como diferencial do negócio (Dan Jaeger Vendruscolo/SXC)

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Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2013 às 10h27.

Mossoró - Quem mora ou visita a cidade de Angicos, no Sertão Potiguar, localizada a 169 quilômetros da capital, se não provou, certamente já ouviu falar do pêlo, fruta nativa da caatinga comumente encontrada em toda a região do semiárido. Exótica, a fruta é proveniente da palma, uma espécie de cacto nativo, que tem se transformando em matéria-prima para a produção de sorvetes.

A ideia vem de Kaline Cristine de Castro Felipe, empresária do município de Angicos e dona da sorveteria Sertão Gelado. A fábrica é uma das novas incubadas pela Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi, na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) - Campus de Angicos, que faz parte do programa de Incubadoras do Sebrae no Rio Grande do Norte.

“Temos como diferencial a inovação de sabores aproveitando as frutas da região”, justifica a proprietária da sorveteria. Além das frutas mais típicas da região, como manga, caju, umbú e abacaxi, a novidade é o sorvete da fruta do pêlo.

“Iniciarmos por sugestão de um vizinho, aceitei o desafio e quem degustou aprovou a novidade”. A sorveteria também já testou outros sabores regionais com sucesso, como milho, tapioca e rapadura. Atualmente, a empresa tem uma produção mensal de 750 litros de sorvetes e 6,5 mil picolés de diversos sabores.

A utilização do pêlo remete a uma tradição antiga dos moradores da cidade que tinham o hábito de consumir a fruta in natura com açúcar. “Quem é de Angicos conhece o pêlo e as muitas histórias envolvendo a fruta. Para reconhecer um angicano, basta olhar embaixo da língua para vê se tem pêlo, se tiver, não resta dúvida, é de Angicos”, brinca a empresária.

De sabor azedo, a fruta possui uma polpa carnuda que também pode ser utilizada na produção de geleias, mousses e recheios em caldas. O quilo chega a custar R$ 10. O preço alto é devido à dificuldade no beneficiamento. O fruto deve ser manipulado com cuidado uma vez que a sua casca possui muitos pontinhos cheios de minúsculos espinhos, os pêlos, que penetram na pele.

Para retirá-los se faz necessário o uso de uma pinça. Em toda a região Nordeste, a planta – palmatória ou palma forrageira – é utilizada como alimentação para os animais no período de seca. Em alguns estados, essa fruta é conhecida como figo da índia.

O desejo de montar o próprio negócio motivou a empresária a entrar no ramo da produção de sorvetes. Como acontece com a maioria dos donos de micro e pequenas empresas, as dificuldades eram proporcionais à vontade de vencer. “Começamos produzindo picolés para vender na escola, para depois fabricar o sorvete. Nem liquidificador nós tínhamos e todos os primeiros equipamentos foram comprados de segunda mão”, conta Kaline de Castro.

A empreendedora teve a convicção de que estava no caminho certo ao participar, em 2010, do seminário Empretec. Posteriormente, a sorveteria passou a ser atendida pelo programa Agentes Locais de Inovação (ALI), desenvolvido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte para levar inovação tecnológica ao setor industrial.

A empresária também participou de cursos promovidos por fabricantes de maquinários para a produção de sorvete. Kaline de Castro procurou a Ineagro Cabugi para aprimorar o seu produto e conquistar o mercado regional. “O crescimento com qualidade é a minha meta”, afirma. Ela garante que os sorvetes do Sertão Gelado têm obtido boa aceitação e a fruta do pêlo veio para ser o grande diferencial, além de levar o nome de Angicos para outras localidades.

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