Empreendedorismo feminino: pesquisa traz mapa do cenário brasileiro (monkeybusinessimages/Thinkstock)
A busca pela indepedência financeira leva, muitas vezes, ao empreendedorismo. No caso das mulheres, essa procura também serve de alavanca para que elas saiam de relacionamentos abusivos com seus companheiros e companheiras — essa é a opinião de quase metade das empreendedoras do país, segundo a edição mais recente da pesquisa anual do Instituto Rede Mulher Empreendedora, braço social da Rede Mulher Empreendedora (RME), núcleo de apoio ao empreendedorismo feminino no Brasil.
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De acordo com o levantamento, 34% das mulheres já sofreram algum tipo de agressão em relações conjugais. Ao empreender, porém, 48% delas conseguiram sair desses relacionamentos abusivos e até violentos. A pesquisa ouviu 2.376 pessoas, entre os meses de maio e junho de 2021.
Entre as mulheres que afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência, há a concordância de que empreender as tornaram mais independentes, confiantes, livres e seguras, além de aumentar também a auto-estima. Entre elas, há também a percepção de que empreender pode servir de porta de saída para que outras mulheres escapem de situações de violência doméstica: 86% das entrevistadas concordam com essa afirmação.
Além do perfil das empreendedoras do país, a pesquisa também busca fazer uma mapeamento sobre as principais dificuldade desse público no que diz respeito a acesso a crédito, motivações para abrir o próprio negócio, principais dificuldades na gestão das pequenas empresas, entre outros temas.
Segundo Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede e do Instituto Rede Mulher Empreendedora, a pesquisa confirma o sentimento evidente das mulheres que empreendem. “De forma geral, as mulheres se sentem mais independentes, confiantes e seguras quando têm uma geração de renda própria, permitindo que ela mude sua condição dentro de relacionamentos abusivos”, diz.
Outro dado destaca a busca recente por essa autonomia. Segundo a pesquisa, mais da metade (55%) das empreendedora brasileiras abriram o negócio nos últimos 3 anos. Destas, 26% abriram o negócio atual já durante a pandemia.
A pesquisa mostra que 73% dos empreendimentos liderados por mulheres são majoritariamente femininos, contra apenas 21% dos empreendimentos liderados por homens. Já em relação à sociedade, das mulheres donas de negócio próprio com sócios, 44% têm apenas mulheres como sócias.
Apesar de buscarem maior independência financeira, boa parte das empreendedoras ainda têm dificuldades de administrar as contas de suas empresas. A pesquisa revela um desafio de separar as finanças pessoas das contas empresa, mais da metade das empreendedoras não fazem essa separação, e metade não possui uma conta bancária exclusiva para o negócio.
Com a pandemia, a velocidade com que negócios comandados por mulheres migraram para o digital tambpem cresceu. A pesquisa indica que pelomenos metade das empreendedoras já usam algum tipo de plataforma online de e-commerce. Deste total, quase 90% delas usam aplicativos de mensagem, por exemplo. Depois dos aplicativos de mensagem, as redes sociais e sites e blogs aparecem como as ferramentas mais utilizadas por elas. Veja abaixo:
Para 62% das mulheres que empreendem o impacto dessa maior digitalização foi positivo para o negócio.
“A digitalização tem forte impacto na percepção sobre o futuro do negócio. As empreendedoras não digitalizadas têm menor expectativa de crescimento no faturamento e quanto maior a digitalização dos negócios, maior é a confiança e o otimismo das empreendedoras”, diz Ana Fontes.