Raphael Levy, Erwin Tubandt Filho e Mathias Fischer: amigos usaram experiência no mercado financeiro para criar a plataforma Meu Câmbio (Meu Câmbio/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 1 de setembro de 2017 às 10h00.
São Paulo – Uma grande dúvida que surge na cabeça de boa parte dos viajantes internacionais é escolher o melhor lugar para trocar seus reais por moedas estrangeiras, com boas cotações e segurança garantida.
Erwin Tubandt Filho, Mathias Fischer e Raphael Levy passam por esse problema. “Nós viajávamos bastante e sempre tínhamos a dúvida de onde fazer o câmbio. Não sabíamos quais eram as melhores corretoras, que ofereciam os melhores serviços e só trabalhavam com notas verificadas”, explica Fischer.
Os três amigos tinham anos de experiência no mercado financeiro: enquanto Fischer desenhava produtos de investimento, Tubandt Filho e Levy possuem um background no setor de câmbio. “Queríamos descomplicar de forma inovadora esse processo de compra de moeda estrangeira.”
Assim nasceu a Meu Câmbio: uma plataforma que funciona como uma espécie de “Buscapé” das melhores alternativas para trocar reais, dependendo de variáveis como data e valor a ser trocado.
O negócio começou em 2015, fazendo operações por indicações. Após atender cerca de se 500 clientes e obter feedbacks para melhorar o produto dos empreendedores, a plataforma foi criada.
O site da Meu Câmbio opera há pouco mais de um ano de novo e atende mais de 130 cidades brasileiras. Ao todo, cerca de 500 mil reais já foram investidos. Neste mês, o negócio recebeu um investimento-anjo de outros 550 mil reais para alavancar o crescimento do negócio.
A Meu Câmbio opera como um marketplace de parceiros selecionados. “Temos preocupação em operar com bancos e corretoras seguros, entrando em contato diretamente com a instituição. Fazemos uma visita, verificamos os processos, damos sugestões de eficiência e as plugamos no site se elas passarem por nossos critérios. Não temos casas de câmbio ou correspondentes na plataforma, evitando o risco de reciclagem do papel-moeda”, explica Fischer.
Ao todo, a Meu Câmbio possui mais de dez parceiros e comercializa 17 moedas diferente, com valores atualizados em tempo real e que já incluem todas as taxas previstas, reduzindo a assimetria de informações e acabando com o problema de pagamentos maiores do que o previsto. O pagamento é feito por transferência bancária e o valor mínimo de compra é de 100 dólares.
O usuário entra no site e coloca sua cidade, a moeda desejada e a quantidade. Com isso, terá acesso a um menu com todas as combinações oferecidas dentro desses critérios, em termos de produtos (cartão pré-pago ou moeda em espécie, por exemplo) e serviços (como a compra de moedas será paga e se será retirada em lojas parceiras ou em aeroportos). Todo o processo é feito pela plataforma, exigindo um único cadastro.
“Com isso, damos todas as informações de forma fácil para que o usuário tome a melhor decisão para ele, com o menor esforço possível e sem riscos financeiros”, explica Fischer.
A plataforma oferece também duas maneiras de seguir ofertas ao longo do tempo: um boletim diário, com a cotação da moeda na quantidade pedida pelo cliente e na cidade em que ele está, ou um alerta apenas quando a cotação estiver no valor desejado – por exemplo, quando o dólar valer 3,20 reais.
Segundo o empreendedor, dados do Banco Central mostram que a variação de preços chega a 15% entre corretoras. Por isso, o usuário pode chegar a economizar 15% em seu pedido por conta da comparação entre bancos e corretoras presentes na Meu Câmbio.
Quem monetiza a plataforma são as empresas parceiras, que repassam um percentual não divulgado do lucro com as operações de troca de moeda. “Como benefício para eles, argumentamos que a integração com a Meu Câmbio reduz o trabalho de captação de clientes finais. As instituições ficam apenas com os procedimentos de compliance e de aceitação dos clientes. Reduzimos o risco operacional e impulsionamos a escala.”
A Meu Câmbio atende mais de 130 cidades brasileiras, sendo que 40 delas possuem a opção de delivery, pela qual o consumidor faz o pedido de compra totalmente online e recebe em casa a moeda desejada na quantidade certa.
“Nossa estratégia de crescimento está muito baseada em geração de conteúdo e na avaliação pelos próprios usuários”, afirma Fischer. Hoje, a Meu Câmbio tem oito mil usuários ativos. No último mês, 6,5 milhões de reais foram intermediados pela plataforma.
O dólar e o euro são os carros-chefes do empreendimento. “A moeda mais procurada é dólar, seguida pelo euro. Mas temos picos de demanda por moedas exóticas. No inverno, há um pico de demanda por pesos argentinos e chilenos, por exemplo.”
No ano de inauguração da Meu Câmbio, o negócio passou por uma aceleração no programa InovAtiva Brasil, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
“No primeiro semestre de 2016, nós fomos uma das 12 empresas consideradas mais promissoras do programa. Isso nos levou a outra aceleração, chama Accelerate Track, feita pelo Facebook for Developers.”
Neste ano, a plataforma resolveu chamar especialistas do mercado para formar um conselho consultivo, de empresas como B3 e TAM. “Isso nos dá ideias de produtos e nos ajuda a atingir resultados mais rapidamente. Para a gente, eles funcionam como uma aceleradora mesmo”, afirma Fischer.
A Meu Câmbio acabou de fechar também uma rodada de investimento-anjo, no valor de 550 mil reais. O aporte será usado para aumentar a equipe e investir mais em tecnologia.
Com tudo isso, no último mês do ano, a Meu Câmbio quer ter 10 milhões de reais transacionados. Apesar da crise que assolou o setor de câmbio e turismo nos últimos anos, os empreendedores estão otimistas.
“Esse mercado, em 2014, era de 70 bilhões de reais. Em 2016, foi de 47 bilhões de reais. Nós felizmente não fomos afetados por essa crise e conseguimos manter uma média de crescimento mensal acima de 10%”, afirma.