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Empreendedor pode resolver a crise energética usando lixo

Menos água, mais açúcar: esse pode não ser o melhor conselho para uma dieta, mas pode ser a solução para a sustentabilidade do setor energético brasileiro

Lâmpadas e ideias (Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 10h36.

Um paranaense de 32 anos descobriu uma fonte de energia que pode gerar 80% da capacidade da Usina de Itaipu, e sem nenhum impacto negativo ao meio-ambiente. Com uma carreira que começou na área de finanças, isso poderia parecer improvável, mas Alessandro Gardemann nasceu e foi criado em uma família de espírito empreendedor .

A inspiração veio de seu pai, Alfons, um alemão que sempre foi fascinado pelas usinas de biogás, comuns em áreas rurais do seu país de origem, que convertiam resíduos agrícolas em energia.

Depois de estudarem o setor, ficaram convencidos de que era possível fazer dessa simples tecnologia um grande negócio no Brasil.

Alessandro e Alfons contrataram um bioquímico alemão para testar a viabilidade da produção de biogás, a partir de diversos materiais orgânicos.

A indústria da cana de açúcar logo se tornou alvo de interesse dos dois, a começar pela sua escala de produção e disponibilidade de material, já que somos o maior produtor da planta no mundo. Além disso, a cana tem um alto conteúdo energético, o que a torna um material bastante propício para a geração de eletricidade.

Depois de muita pesquisa, desenvolveram uma técnica que permite usar também os resíduos líquidos da usina, o que dobrava o potencial de produtividade, e assim criava uma enorme oportunidade de mercado.

Uma vez estabelecido o método, era hora de investir numa planta piloto. Impressionado com o potencial do negocio, Alessandro, que chegou a ter um outro negócio próprio antes, apostou todas as suas fichas na Geo Energética e iniciou a empresa ao lado de seu pai.

Maior eficiência, disponibilidade e sustentabilidade

A Geo Energética provê uma fonte de energia limpa e renovável que é capaz de funcionar o ano todo. Para garantir a oferta de material orgânico, realiza parcerias com agronegócios e co-investe na produção da usina, estocando matéria-prima.

Em um processo simples de biodigestão desenvolvido pela empresa, ela consegue transformar resíduos da cana de açúcar, que seriam descartados e causariam danos ambientais, em fonte de energia.

O biogás produzido pode ser convertido em eletricidade ou em biometano, que é uma alternativa mais economica e sustentável para o diesel utilizado nas usinas atualmente, e fertilizante, que volta para os campos de plantio de cana de açúcar e, assim, fecha seu ciclo de nutrientes.

Com o crescimento da empresa, Alfons virou membro do conselho e Alessandro se uniu a Evaldo Fabian, que investiu junto na fundação da Geo Energética e assume o posto de chefe de operações.

Hoje, eles traçam um caminho empreendedor de alto impacto, que os aproxima cada vez mais da missão de ser referência em economia verde. E afirmam: “Não queremos ser vistos como uma simples usina de energia, mas como uma empresa ‘do bem’ que produz energia sustentável”.

Luz no fim do túnel

Em tempos de escassez, cresce mais ainda a necessidade de se ter fontes de energia renovável. O Brasil passa por uma das piores crises hídricas de sua história e São Paulo sofre o terceiro racionamento de água dos últimos 15 anos.

Um dos resultados é o recorde mais baixo de volume nos reservatórios de abastecimento de água de diversas hidrelétricas. No fim de 2014, a geração de energia dessas usinas foi 16,4% menor que comparado ao mesmo período de 2013.

Segundo os cálculos de Alessandro, os resíduos de uma safra de cana-de-açúcar, cuja colheita chega a superar 530 mil toneladas, são suficientes para gerar 80% da energia elétrica produzida pela Usina de Itaipu, que tem capacidade instalada para 14 gigawatts.

Enquanto isso, o crescimento da população brasileira faz com que o consumo de energia cresça junto: a previsão é de 29 gigawatts até 2021.

Diferente de outras fontes de energia, como hídrica, solar e eólica, que são suscetíveis às oscilações climáticas, o biogás é previsível e confiável. A Geo Energética busca expandir sua produção de 4 megawatts (suficiente para abastecer 2.500 casas durante um ano) para 500 megawatts de capacidade instalada, até 2021.

Essa doce alternativa permite reduzir os resíduos gerados pela cana de açúcar e suprir a demanda do consumo de eletricidade no país, sem apresentar nenhum impacto negativo ao meio-ambiente.

Inovação para transformar desafios em oportunidades

Pode parecer óbvio que energia renovável provinda da cana de açúcar seja uma solução para um país tão dependente da fonte hídrica. Mesmo assim, a Geo Energética foi pioneira em implementar essa tecnologia no Brasil. Com sistemas patenteados, os fundadores são exemplos de inovação ao resolverem uma carência nacional e ainda obterem escala comercial.

Para desenvolver o potencial gigantesco reservado à Geo Energética e à melhoria do fornecimento de energia limpa no país, Alessandro foi selecionado como o mais novo Empreendedor Endeavor, no 57º Painel Internacional de Seleção (ISP), em Cingapura, no último dia 06 de fevereiro.

Durante o processo, são analisados critérios como: potencial de crescimento, tamanho do mercado, diferencial competitivo e a capacidade de execução dos empreendedores. Ele acontece continuamente e tem duração média de nove meses. Só em 2013, mais de três mil empresas foram avaliadas no Brasil, 300 foram entrevistadas e apenas 12 conseguiram a aprovação final.

O objetivo é selecionar os melhores empreendedores e negócios do país e apoiá-los com conexões transformadoras, para que eles cresçam em geração de emprego e renda, se tornando ainda exemplos inspiradores para a futura geração.

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Um paranaense de 32 anos descobriu uma fonte de energia que pode gerar 80% da capacidade da Usina de Itaipu, e sem nenhum impacto negativo ao meio-ambiente. Com uma carreira que começou na área de finanças, isso poderia parecer improvável, mas Alessandro Gardemann nasceu e foi criado em uma família de espírito empreendedor .

A inspiração veio de seu pai, Alfons, um alemão que sempre foi fascinado pelas usinas de biogás, comuns em áreas rurais do seu país de origem, que convertiam resíduos agrícolas em energia.

Depois de estudarem o setor, ficaram convencidos de que era possível fazer dessa simples tecnologia um grande negócio no Brasil.

Alessandro e Alfons contrataram um bioquímico alemão para testar a viabilidade da produção de biogás, a partir de diversos materiais orgânicos.

A indústria da cana de açúcar logo se tornou alvo de interesse dos dois, a começar pela sua escala de produção e disponibilidade de material, já que somos o maior produtor da planta no mundo. Além disso, a cana tem um alto conteúdo energético, o que a torna um material bastante propício para a geração de eletricidade.

Depois de muita pesquisa, desenvolveram uma técnica que permite usar também os resíduos líquidos da usina, o que dobrava o potencial de produtividade, e assim criava uma enorme oportunidade de mercado.

Uma vez estabelecido o método, era hora de investir numa planta piloto. Impressionado com o potencial do negocio, Alessandro, que chegou a ter um outro negócio próprio antes, apostou todas as suas fichas na Geo Energética e iniciou a empresa ao lado de seu pai.

Maior eficiência, disponibilidade e sustentabilidade

A Geo Energética provê uma fonte de energia limpa e renovável que é capaz de funcionar o ano todo. Para garantir a oferta de material orgânico, realiza parcerias com agronegócios e co-investe na produção da usina, estocando matéria-prima.

Em um processo simples de biodigestão desenvolvido pela empresa, ela consegue transformar resíduos da cana de açúcar, que seriam descartados e causariam danos ambientais, em fonte de energia.

O biogás produzido pode ser convertido em eletricidade ou em biometano, que é uma alternativa mais economica e sustentável para o diesel utilizado nas usinas atualmente, e fertilizante, que volta para os campos de plantio de cana de açúcar e, assim, fecha seu ciclo de nutrientes.

Com o crescimento da empresa, Alfons virou membro do conselho e Alessandro se uniu a Evaldo Fabian, que investiu junto na fundação da Geo Energética e assume o posto de chefe de operações.

Hoje, eles traçam um caminho empreendedor de alto impacto, que os aproxima cada vez mais da missão de ser referência em economia verde. E afirmam: “Não queremos ser vistos como uma simples usina de energia, mas como uma empresa ‘do bem’ que produz energia sustentável”.

Luz no fim do túnel

Em tempos de escassez, cresce mais ainda a necessidade de se ter fontes de energia renovável. O Brasil passa por uma das piores crises hídricas de sua história e São Paulo sofre o terceiro racionamento de água dos últimos 15 anos.

Um dos resultados é o recorde mais baixo de volume nos reservatórios de abastecimento de água de diversas hidrelétricas. No fim de 2014, a geração de energia dessas usinas foi 16,4% menor que comparado ao mesmo período de 2013.

Segundo os cálculos de Alessandro, os resíduos de uma safra de cana-de-açúcar, cuja colheita chega a superar 530 mil toneladas, são suficientes para gerar 80% da energia elétrica produzida pela Usina de Itaipu, que tem capacidade instalada para 14 gigawatts.

Enquanto isso, o crescimento da população brasileira faz com que o consumo de energia cresça junto: a previsão é de 29 gigawatts até 2021.

Diferente de outras fontes de energia, como hídrica, solar e eólica, que são suscetíveis às oscilações climáticas, o biogás é previsível e confiável. A Geo Energética busca expandir sua produção de 4 megawatts (suficiente para abastecer 2.500 casas durante um ano) para 500 megawatts de capacidade instalada, até 2021.

Essa doce alternativa permite reduzir os resíduos gerados pela cana de açúcar e suprir a demanda do consumo de eletricidade no país, sem apresentar nenhum impacto negativo ao meio-ambiente.

Inovação para transformar desafios em oportunidades

Pode parecer óbvio que energia renovável provinda da cana de açúcar seja uma solução para um país tão dependente da fonte hídrica. Mesmo assim, a Geo Energética foi pioneira em implementar essa tecnologia no Brasil. Com sistemas patenteados, os fundadores são exemplos de inovação ao resolverem uma carência nacional e ainda obterem escala comercial.

Para desenvolver o potencial gigantesco reservado à Geo Energética e à melhoria do fornecimento de energia limpa no país, Alessandro foi selecionado como o mais novo Empreendedor Endeavor, no 57º Painel Internacional de Seleção (ISP), em Cingapura, no último dia 06 de fevereiro.

Durante o processo, são analisados critérios como: potencial de crescimento, tamanho do mercado, diferencial competitivo e a capacidade de execução dos empreendedores. Ele acontece continuamente e tem duração média de nove meses. Só em 2013, mais de três mil empresas foram avaliadas no Brasil, 300 foram entrevistadas e apenas 12 conseguiram a aprovação final.

O objetivo é selecionar os melhores empreendedores e negócios do país e apoiá-los com conexões transformadoras, para que eles cresçam em geração de emprego e renda, se tornando ainda exemplos inspiradores para a futura geração.

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