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Descomplique ao fazer a estratégia de vendas

Muitos empreendedores acham difícil traçar uma estratégia de vendas eficaz porque não exercitam o raciocínio lógico e simples

A venda de refeições daria origem a um hotel; e o hotel, a um parque de diversões (sxc/SXC)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2011 às 20h31.

Outro dia, meu filho mais novo, de 5  anos, disse que quando ficarmos velhinhos, eu e minha mulher teremos um quarto só para nós no hotel dele.

Perguntei como faria para ter um hotel. Ele respondeu que seria com o dinheiro das vendas do restaurante que montaria antes disso. O plano não parava por aí. "Com as vendas do hotel, farei um parque de diversões", disse.

Na minha infância, sonhávamos em ser bombeiro, médico, engenhei­ro. Às vezes, eram profissões bem extravagantes, como astronauta ou espião. O que não era comum era criança que quisesse ter uma empresa quando crescesse.

Na sua imaginação infantil, os negócios que meu filho bolou têm bastante lógica — não seria impossível formatar uma equipe de vendas que oferecesse pacotes com os três itens, por exemplo.

Ele até já tinha pensado nisso. O hotel, explicou, seria construído bem perto do parque e do restaurante para que os clientes de um pudessem facilmente ir ao outro. Simples, claro, lógico assim — o que será que a minha mulher e as outras mães estão botando no leite das crianças hoje em dia?

Fiquei pensando nos pequenos e médios empresários que têm dificul­dade de, ao traçar a estratégia de vendas, pensar com naturalidade. Muitos creem na existência de uma fórmula, mantida em local ultrassecreto por empresas bem-sucedidas.


Acho que faltou, para nossa geração, estímulo para escolher de uma forma mais livre o jeito com que se vai ganhar a vida. Quando fiz administração de empresas, no meio dos anos 80, éramos praticamente doutrinados a construir carreira em empresas — de preferência multinacionais.

Havia apenas uma matéria, optativa, sobre empreendedorismo, um tema ainda novo na época. Ela me roubou os sábados por um semestre, em que tivemos de fazer um plano de negócios. Tudo muito sério, teórico e chato, contrastando em muito com o sorriso simples e despretensioso que vi no rosto do meu filho.

A leveza com a qual ele falou de seus planos me fez lembrar da lenda do pequeno Arthur, que, sem saber que nenhum cavaleiro havia conseguido, retirou facilmente a espada encravada na pedra e se tornou rei da Inglaterra. Pode ser que, mais tarde, meu caçula mude radicalmente de ideia.

Por enquanto, está empenhado nos negócios. Outro dia, ele até veio mostrar o cardápio do restaurante, que a irmã mais velha ajudou a fazer. A variação era grande: macarrão com queijo, com almôndegas, com queijo e almôndegas e macarrão com nada. Para a sobremesa, havia bolo grande, bolo pequeno, biscoito de tigre de chocolate e biscoito de homenzinho.

Depois de ver aquilo, entrei na internet e fiz um depósito extra na conta de poupança dele. Vai que o cara tira a espada da pedra.

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Outro dia, meu filho mais novo, de 5  anos, disse que quando ficarmos velhinhos, eu e minha mulher teremos um quarto só para nós no hotel dele.

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Na minha infância, sonhávamos em ser bombeiro, médico, engenhei­ro. Às vezes, eram profissões bem extravagantes, como astronauta ou espião. O que não era comum era criança que quisesse ter uma empresa quando crescesse.

Na sua imaginação infantil, os negócios que meu filho bolou têm bastante lógica — não seria impossível formatar uma equipe de vendas que oferecesse pacotes com os três itens, por exemplo.

Ele até já tinha pensado nisso. O hotel, explicou, seria construído bem perto do parque e do restaurante para que os clientes de um pudessem facilmente ir ao outro. Simples, claro, lógico assim — o que será que a minha mulher e as outras mães estão botando no leite das crianças hoje em dia?

Fiquei pensando nos pequenos e médios empresários que têm dificul­dade de, ao traçar a estratégia de vendas, pensar com naturalidade. Muitos creem na existência de uma fórmula, mantida em local ultrassecreto por empresas bem-sucedidas.


Acho que faltou, para nossa geração, estímulo para escolher de uma forma mais livre o jeito com que se vai ganhar a vida. Quando fiz administração de empresas, no meio dos anos 80, éramos praticamente doutrinados a construir carreira em empresas — de preferência multinacionais.

Havia apenas uma matéria, optativa, sobre empreendedorismo, um tema ainda novo na época. Ela me roubou os sábados por um semestre, em que tivemos de fazer um plano de negócios. Tudo muito sério, teórico e chato, contrastando em muito com o sorriso simples e despretensioso que vi no rosto do meu filho.

A leveza com a qual ele falou de seus planos me fez lembrar da lenda do pequeno Arthur, que, sem saber que nenhum cavaleiro havia conseguido, retirou facilmente a espada encravada na pedra e se tornou rei da Inglaterra. Pode ser que, mais tarde, meu caçula mude radicalmente de ideia.

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Depois de ver aquilo, entrei na internet e fiz um depósito extra na conta de poupança dele. Vai que o cara tira a espada da pedra.

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