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De açaí em pó a parmesão vegetal: empresa cresce com apelo de ciência

A brasileira Puravida aposta em produtos orgânicos, matérias-primas exclusivas e estudos científicos para expandir em ritmo acelerado

Cúrcuma: 5.600 estudos científicos atestam os benefícios da raiz (Puravida/Divulgação)
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Juliana Estigarribia

Publicado em 17 de fevereiro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2020 às 11h28.

A primeira revolução da indústria de alimentos possibilitou, há apenas algumas décadas, volumes inimagináveis de oferta para as populações ao redor do mundo. Inovações tecnológicas no campo permitiram que a produtividade aumentasse exponencialmente, barateando os custos dos alimentos.

A partir de agora, o grande desafio dos fabricantes será desenvolver alternativas de alimentos verdadeiramente saudáveis. É o que propõe a brasileira Puravida, que tem nas pesquisas científicas de saúde e nutrição a sua base para criar produtos exclusivos e super premium.

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A empresa foi fundada pelo pesquisador em saúde e nutrição Flávio Passos em 2014, com capital próprio. Posteriormente, dois sócios entraram na Puravida que, atualmente, atua nas categorias de alimentos, complementos alimentares, bem-estar e cosméticos. A matéria-prima é premium, natural e, em boa parte, orgânica, e todas as embalagens serão biodegradáveis ou de bioplástico - que se decompõe, na pior das hipóteses, em 4 anos, - até o final de 2020. O plástico comum se dissolve, em média, em 400 anos.

“Somos muito fiéis à ciência. Tanto os clientes quanto os profissionais de saúde recomendam nossos produtos. Não vendemos mágica”, afirma Passos.

Um dos produtos mais procurados da marca é o extrato concentrado de cúrcuma em pó, cujos benefícios para a saúde estão documentados em mais de 5.600 estudos científicos. Mas para fazer o efeito desejado, o consumidor teria que ingerir 3 colheres de sopa diárias da cúrcuma convencional. "Nós desenvolvemos uma versão que facilita imensamente o uso prático no dia a dia e sem o gosto amargo característico da raiz.”

O empresário ganhou notoriedade principalmente em 2015, após apresentar um programa de alimentação saudável no canal Sony, na TV paga. No entanto, seu histórico é mais antigo. “Estudo sobre saúde e nutrição há mais de 21 anos e continuo pesquisando. Desde o cliente até o profissional de saúde recomendam nossos produtos”, garante.

Flávio Passos, pesquisador e empresário (Puravida)

As redes sociais de Passos e da Puravida somam mais de um milhão de seguidores e geram forte engajamento, que reverte em vendas de produtos. “Sem as redes sociais, não teríamos crescido tão rapidamente”, diz o empresário, que promove ainda seminários sobre saúde, presenciais e online, que já contam com mais de 15 mil alunos.

A empresa não abre números de faturamento, mas afirma ter reportado um crescimento de 72% no ano passado. Para 2020, a previsão é aumentar a receita em 70%.

Parte do crescimento deve vir do aumento da oferta de produtos: serão 32 lançamentos neste ano, com destaque para uma nova linha de cuidados com a pele. No portfólio da marca, há produtos conhecidos como chocolates, whey protein e óleo de coco, entre outras dezenas, mas sempre com o apelo da exclusividade das matérias-primas. Além de versões vegetais, os processos de fabricação, de alta tecnologia, prometem preservar 100% das propriedades dos alimentos.

Parmesão ralado de amêndoas: 44 reais (Puravida)

Adicionalmente, há inovações como a versão vegana do queijo parmesão ralado, feito à base de amêndoas, e frutas em pó, como açaí, framboesa e o baobá africano. “O futuro da alimentação traz o que a ciência tem de melhor”, diz.

Escala

Passos acredita que há desafios importantes para fabricar os produtos da marca em larga escala. Segundo ele, os insumos orgânicos no Brasil são limitados. Por esse motivo, quase 85% da sua matéria-prima é dolarizada. Ele cita, por exemplo, a dificuldade de garantir a compra de coco para sua produção. “Muitas vezes, quero comprar coco e não tem. Disputo com compradores de marcas premium dos Estados Unidos, Alemanha, entre outros" A Puravida importa o ingrediente do Vietnã.

Todos os produtores que fornecem insumos para a marca têm a certificação internacional Fairtrade, que assegura o respeito a normas sociais, econômicas e ambientais especiais.

Esse é um dos motivos dos preços salgados: 130 gramas do parmesão vegano custam 44 reais. Um dos itens mais caros, o polivitamínico premium, sai por cerca de 159 reais o frasco com 60 cápsulas. “É impossível entregar esse nível de qualidade por um preço baixo. Não há atalhos”, afirma Passos.

Preparado de café da marca: receita amplamente consumida no Vale do Silício (Puravida)

A Puravida já está em cerca de 900 pontos de vendas no país, incluindo grandes redes como Droga Raia, além do e-commerce.

O pesquisador reconhece as dificuldades de escalar a produção de orgânicos e alimentos super premium e deixá-los baratos. “O preço pode ficar mais acessível com a demanda crescente, mas a matéria-prima está cada vez mais disputada. Os melhores alimentos não são replicáveis como a soja”, pondera.

Renovação constante

Ele também afirma que, para trabalhar na área da saúde, é necessário flexibilidade. “As mudanças são constantes, é preciso capacidade de mudar de ideia, se não o progresso fica difícil.”

Passos destaca que fundos de investimentos estão interessados em comprar a Puravida. “Temos sido procurados por empresas de M&A [fusões e aquisições], estamos em conversas. Mas não criamos a empresa para ser gigante”.

Com os hábitos do consumidor mudando (para melhor) na velocidade da propagação das informações, as gigantes da indústria estariam atentas a essa dinâmica. Prova disso é o movimento de aquisições de empresas que oferecem produtos orgânicos e premium, como a Mãe Terra pela Unilever e a Verde Campo pela Coca-Cola.

“Eu tinha preconceito com grandes corporações comprando pequenas empresas que oferecem produtos artesanais, mas elas estão entendendo que é preciso conservar o que é bom.”

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