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Cortar custos tem custo - prepara-se

Por que é tão importante planejar os gastos necessários para diminuir as grandes despesas de uma pequena ou média empresa — não é simples como pode parecer à primeira vista

Ricardo Uzal Garcia, da Abramundo: para diminuir 50% o custo dos imóveis foi necessário um empréstimo (Fabiano Accorsi / EXAME PME)
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Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2014 às 13h40.

São Paulo - Podem-se reunir os custos em dois grandes grupos. Um é dos custos que podem ser cortados já — como usar metrô em vez de táxi ou mudar o papel da impressora por um inferior. O segundo é dos custos que requerem gastos, às vezes altos, para ser reduzidos. É o caso dos abordados nesta reportagem.

Demitir, por exemplo, significa pagar indenizações previstas em lei. Trocar equipamento velho por novo para economizar em manutenção faz gastar mais durante um tempo — e, justamente, com manutenção.

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É perverso que o custo extra seja inevitável quando não se pode drenar o caixa, pois em boa parte dos casos são providências fundamentais para melhorar a saúde financeira da empresa quando as coisas vão mal. Se não houver dinheiro para promover os cortes, aí é que esses custos (que são os que farão grande diferença) não baixam mesmo. “Cortar custos tem custo”, diz o empreendedor Jimmy Cygler, de 65 anos, da Proxis. Veja a seguir como lidar com isso.

1Pessoas

Mudar o modelo do negócio pode resultar numa estrutura menor do que a anterior. Demissões , então, são inevitáveis. Dependendo da transformação, podem ser muitas. “Nesses casos, é frequente não haver caixa para demitir todos de uma vez”, diz o consultor Artur Brito, da Método Gestão Empresarial.

Uma opção é dar férias coletivas (se a convenção do sindicato permitir) por alguns meses enquanto se junta o dinheiro das indenizações. Uma fonte óbvia é pedir empréstimo.

Como os prazos de pagamento longos costumam encarecer o custo do dinheiro , o ideal é propor ao banco o menor prazo possível — mas que não seja tão curto a ponto de, mais tarde, ter de pedir uma renegociação. Para estimar o prazo ideal deve-se considerar a variação da receita no período e a economia gerada pelo fechamento das vagas.

2Mudança no imóvel

A Abramundo, fabricante de material para aulas de ciências, está passando por uma boa fase. Em 2013, o faturamento chegou a 20 milhões de reais — 35% mais do que no ano anterior. Mas 2011 foi um ano difícil. “O negócio estava tendo prejuízo”, diz Ricardo Uzal Garcia, de 40 anos, sócio da Abramundo.

Na reestruturação , Garcia fechou quatro de cinco fábricas. Essa e outras reformulações deixaram a empresa mais leve. A reorganização espacial de equipamentos e pessoas ajudou a cortar metade das despesas com aluguel e manutenção dos imóveis. As contas mostraram que o custo para cortar 50% do custo com imóveis seria de 2 milhões de reais.

O montante era necessário para pagar o transporte de materiais frágeis e desenvolver o novo layout. “Não havia esse dinheiro disponível, e resolvi pedir um empréstimo”, diz Garcia. “Pode parecer estranho se endividar para mudar de prédio, mas a economia com o aluguel cobriu os juros.”

3Troca de sistema

Em 2011, o empreendedor Jimmy Cygler, sócio da Proxis, empresa paulista de call center que faturou 25 milhões de reais em 2013, deu um passo importante para aumentar a produtividade do negócio. Cygler comprou um programa de computador para rodar em todos os departamentos de apoio ao negócio, como o financeiro e o RH.

Antes, cada setor tinha o próprio sistema. Como os programas não se interligavam, as tarefas tomavam mais tempo do que deveriam. “Havia retrabalho a ponto de precisar pagar hora extra”, diz Cygler. Como se sabe, ineficiência leva a custos extras, que devem ser combatidos.

Cortar esses custos na Proxis custou 250.000 reais. Além do novo sistema e do treinamento para utilizá-lo, o dinheiro foi usado para pagar a manutenção do sistema antigo, que precisou ser mantido durante alguns meses até que todas as informações fossem transferidas para a nova ferramenta.

4Substituição de maquinário

Em 2013, o empreendedor Adriano Verdade, de 37 anos, sócio da fabricante paulista de doces Pastoriza, viu o faturamento atingir 30 milhões de reais. “Foi o momento de comprar máquinas novas”, afirma Verdade. “Eficiência é fundamental.”

Agora a Pastoriza está custeando a manutenção das máquinas novas e das antigas — a ironia é a manutenção ser uma das despesas mensais que mais caem quando se troca equipamento ve­lho­­­­ por­ novo. No total, Verdade gastou 300.000 reais. A compensação virá no médio prazo, quando, ao fim da transição, os custos relacionados às máquinas caírem 8% ao mês.

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