Fernando Nero, da Bluefit: rede possui 60 unidades e quer abrir outras 40 neste ano (Cláudio Gatti/Bluefit/Divulgação)
Mariana Fonseca
Publicado em 3 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 3 de janeiro de 2019 às 11h34.
São Paulo - O Brasil é o segundo maior mercado de academias do mundo — e sua fome por exercícios só cresce. Nos últimos anos, metrópoles têm visto a ascensão de um tipo específico de academia: as “fits”, que apostam no baixo custo aos matriculados, compensados pelo enxugamento de professores e pela alta captação de investimentos.
A mais conhecida é a Smart Fit, criada em 2009. Dois anos depois, um ex-executivo da marca criaria sua própria academia, a Just Fit. A mais nova integrante do grupo é a Bluefit, criada pelo empreendedor Fernando Nero em 2015, após 15 anos de experiência no mercado fitness. O negócio faturou 100 milhões de reais no último ano e pretende aumentar os ganhos para 150 milhões de reais em 2019. A estratégia? Explorar o calcanhar de Aquiles da maior concorrente.
O Brasil perde apenas para os Estados Unidos no investimento em academias. Das 201 mil academias espalhadas pelo mundo, cerca de 33 mil são brasileiras, movimentando aproximadamente 2,5 bilhões de dólares e com 8 milhões de alunos matriculados.
Os centros de exercícios começaram no Brasil com redes de alto padrão e com diversas unidades. Elas dividiram espaço com academias de bairro, focadas em conveniência geográfica e financeira. Agora, vemos a entrada de marcas que associam capilaridade e baixo custo - a moda das “fits” (Smart Fit, Just Fit e a própria Bluefit, por exemplo).
O que fez Nero investir em mais uma “fit” foi a baixa penetração dessas novas marcas em comparação com o maior mercado de academias do mundo. “As redes de academias low-cost possuem uma penetração de 36% nos Estados Unidos, contra 13% de penetração por aqui. Há espaço para mais negócios”, afirma.
Essa é uma batalha pelo mais capitalizado, porém. É preciso arrecadar fundos para rapidamente espalhar unidades e conquistar mais matrículas e mais poder de marca. A Smart Fit, mais conhecida da tendência das “fits”, possui 588 unidades e prepara sua oferta inicial de ações (IPO).
A Bluefit também possui dinheiro na mesa, ainda que não tenha hoje o porte da Smart Fit. O negócio realizou recentemente uma captação de 140 milhões de reais, por meio de private equity. Hoje, a marca possui 60 unidades em operação.
Para Nero, o maior diferencial da Bluefit é apostar em exercícios que a Smart Fit tenta até hoje emplacar em suas unidades: as aulas livres, de ginástica às lutas.
Cada unidade da Bluefit possui um investimento inicial de 3 milhões de reais, contra uma média de mercado de um a 2 milhões de reais, afirma o fundador. O dinheiro a mais é direcionado a amplos espaços para a prática dos exercícios funcionais, desafio para as compactas academias da Smart Fit. Cerca de 30% dos alunos da Bluefit são iniciantes, com um tempo médio de vida no negócio de 12 meses e uma taxa de evasão (churn) de 5%.
Para balancear os investimentos, a mensalidade da Bluefit é um pouco mais cara do que a da rival encorpada. Enquanto os preços da Smart Fit vão de 69,90 a 89,90 reais por mês, a Bluefit cobra de 89,90 a 99,90 reais. A marca possui 150 mil alunos matriculados.
A marca de Nero também aposta no modelo de franqueamento como forma de diminuir custos de abertura e ampliar a capilaridade em cidades de segunda importância. Das 60 unidades, 14 são franquias e responderam por um quarto do faturamento da Bluefit em 2018, que foi de 100 milhões de reais. A expectativa é que, até 2020, haja uma divisão igual de unidades próprias e franqueadas.
As cidades nacionais com maior preferência de expansão da Bluefit são Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. A Bluefit começa sua expansão internacional neste ano, com cinco unidades na Argentina e outras cinco na Colômbia por meio de um modelo de sociedade. “Além de ser uma estratégia para diversificar os investimentos e proteger o capital, também ganhamos poder de marca”, defende Nero. O movimento é similar ao visto na própria Smart Fit, que está em países como Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana.
Para 2019, a Bluefit deve investir 70 milhões de reais para abrir mais 40 academias, o que geraria um faturamento de 150 milhões de reais. Em 2020, mais 70 milhões devem ser aportados para outras 50 unidades. Em 2021, seriam mais 100 academias, totalizando 200 inaugurações.