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Contra 99 e Uber: Cabify corta preços em até 25% para dobrar de tamanho

Aplicativo espanhol de mobilidade urbana pretende duplicar operação e faturamento em 2019, sob o lema “Escolhas Inteligentes”

Cabify: para bater suas metas, app divulgou um plano batizado de “Escolhas Inteligentes” (Germano Lüders/Exame)

Cabify: para bater suas metas, app divulgou um plano batizado de “Escolhas Inteligentes” (Germano Lüders/Exame)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 19 de junho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 19 de junho de 2019 às 11h03.

O aplicativo espanhol de mobilidade urbana Cabify possui metas ambiciosas para o mercado brasileiro -- que se traduzem em ações também ambiciosas. Depois do longo processo de integração com os funcionários do aplicativo Easy Taxi, a Cabify procura firmar sua proposta de custo benefício diante das rivais de transportes por motoristas autônomos e táxis 99 e Uber.

A startup projeta dobrar a operação e faturamento por aqui em 2019. Em 2017, o aplicativo cresceu 20 vezes no Brasil e projetava crescer quatro vezes em 2018. A taxa de crescimento vem diminuindo -- o que também pode ser sinal de consolidação. O Brasil é um dos três maiores mercados da Cabify, dividindo o pódio com Espanha e México.

Para bater suas metas, divulgou um plano batizado de “Escolhas Inteligentes”. A Cabify aumentará a remuneração aos motoristas, diminuirá os preços das corridas aos usuários e permitirá novas formas de pagamento. Tais mudanças irão diminuir as margens da espanhola, que espera compensar com um maior volume de viagens. Para implementá-las, a Cabify investirá 20 milhões de dólares na duplicação de sua equipe de tecnologia nos próximos cinco anos.

Fundada em 2011, a startup espanhola expandiu para a América Latina depois de poucos meses do início da operação. A Cabify está presente em quase 100 cidades na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México, Panamá, Peru, Uruguai, Portugal e República Dominicana. Nesses doze países, atende sete milhões de usuários e 50 mil empresas por 200 mil motoristas parceiros e mais de 1,5 mil funcionários.

Menos margem, mais volume: o 2019 da Cabify

O aplicativo da Cabify aceitará agora o pagamento por cartão de débito e dinheiro das viagens, desde que motoristas coloquem receber por tais meios de transação dentro do app. As concorrentes 99 e Uber já permitem débito e dinheiro. “Demoramos por uma questão de segurança, mas foi um pedido recorrente dos motoristas como forma de aumentarem suas viagens pela Cabify”, afirma Pedro Meduna, o novo diretor geral da Cabify no Brasil.

A startup espanhola reduzirá a taxa que recebe por cada corrida. Na cidade de São Paulo, o valor irá de 25% para 10%. No Rio de Janeiro, a tarifa será de 7% nos horários de pico e de 12% fora deles. Em Belo Horizonte, será de 10% e 15% nas mesmas condições. Em Porto Alegre, de 10% e 15%. Em Brasília, de 10% e 20%. Em Campinas, de 0% e 10%. Em Santos, sempre haverá a tarifa de 10,5%. Por fim, em Curitiba a taxa foi fixada em 7%. Ao mesmo tempo, as viagens para o usuário podem ficar até 25% mais baratas.

Pedro Meduna, gerente geral da Cabify no Brasil

Pedro Meduna, diretor geral da Cabify no Brasil (Cabify/Divulgação)

Mais uma frente de ganhos para a Cabify neste ano é a de clientes corporativos. A startup espanhola atende 50 mil empresas no mundo e afirma ser “a maior do mercado de mobilidade” no segmento. Por isso, pretende melhorar a operação aos clientes corporativos, incluindo o lançamento de uma plataforma de autoatendimento no segundo semestre do ano.

Outra injeção no faturamento da Cabify virá da entrada do serviço de patinetes elétricas Movo ao aplicativo espanhol. A Movo surgiu da própria Cabify, mas se tornou uma empresa independente. A empresa de micromobilidade deverá chegar ao Brasil no segundo semestre de 2019, trazendo uma nova base de usuários interessadas em micromobilidade para a Cabify.

Por fim, a Cabify pretende conquistar consumidores também por sua proposta de sustentabilidade. A startup espanhola compensa o carbono emitido em sua operação, incluindo a energia do escritório e o descolamento do escritório, ao comprar créditos de carbono para a manutenção de florestas. No seu escritório há tintas zero carbono e móveis de madeira reutilizada, por exemplo.

Escritório da Cabify, em São Paulo

Escritório da Cabify, em São Paulo (Cabify/Divulgação)

Lucro, expansão e competidores

As ações tomadas pela startup espanhola por aqui deverão fazê-la dobrar de tamanho e faturamento até o final deste ano. Essa projeção exclui a possível expansão para o Nordeste brasileiro, em cidades como Fortaleza, Recife e Salvador.

Segundo Meduna, a operação da Cabify no país cresceu em todos os meses até agora de 2019, inclusive com lucro operacional. “Somos o player de mobilidade urbana mais próximo de atingir rentabilidade global. É um indicador que a indústria e os investidores olharão cada vez mais”, afirma Meduna. Vale lembrar que a concorrente Uber afirmou em seu prospecto para a oferta pública inicial de ações (IPO) que poderia nunca atingir a lucratividade.

Um IPO é uma opção para a Cabify no futuro, segundo a própria empresa. Para a espanhola comer participação de mercado da 99 e da própria Uber em terras brasileiras, já moveu suas peças no tabuleiro -- ao menos para 2019.

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